Doações de empresários ao PT em 2007 destoam do padrão dos anos sem eleições
O valor de R$ 6,22 milhões que o PT declara ter arrecadado de empresários entre fevereiro e setembro deste ano está acima do padrão de doações ao partido em anos não-eleitorais e já é o terceiro maior da história petista -só fica atrás dos anos eleitorais de 2004 e 2006. Pelas projeções do partido, as doações para o total de 2007 podem chegar a R$ 10 milhões.
O partido vem sendo extremamente bem-sucedido em comparação com os últimos anos sem eleições: o PT arrecadou de pessoas jurídicas R$ 2,65 milhões em 2005, R$ 1,33 milhão em 2003 e apenas R$ 990 mil em 2001 (os valores estão corrigidos pelo IPCA). Mais impressionante, a arrecadação em oito meses de 2007 já supera em muito o total obtido em 2002, ano da primeira eleição de Lula, em que entraram nos cofres petistas R$ 4,52 milhões oriundos de pessoas jurídicas.
O ritmo de arrecadação dos partidos obedece a um ciclo: em anos com eleições, os cofres partidários são abastecidos por grandes contribuições. Em teoria, esse dinheiro financiaria atividades cotidianas da legenda (viagens, eventos e pagamento de funcionários), mas na prática as empresas doadoras usam brecha da Lei Eleitoral para fazer uma "doação oculta", na qual os recursos acabam financiando as campanhas. Já nos anos sem eleição, a maré de doações baixa drasticamente. Por isso a gorda arrecadação do PT neste ano é atípica.
O tesoureiro do partido, Paulo Ferreira, afirma que grande parte do dinheiro obtido no "esforço de arrecadação" de 2007 se refere a doações que estavam prometidas desde a eleição do ano passado, mas que só agora foram concretizadas: "Obtivemos doações expressivas, todas dentro da lei e declaradas. Quero que esse ritmo seja cada vez maior".
Segundo Ferreira, o esforço empreendido pelo partido teve dois objetivos: financiar o 3º Congresso do PT, realizado em agosto, em São Paulo, e ajudar a saldar as dívidas do partido. O partido diz que 16 empresas doaram os R$ 6,22 milhões arrecadados neste ano, entre elas a ABC Industrial e a Nacional Distribuidora de Eletrônicos Ltda, suspeitas de serem "laranjas" da Cisco. O orçamento do congresso ficou em R$ 2,2 milhões, e o restante obtido será destinado a pagar credores.
"Eu saí da campanha do Lula, no ano passado, com R$ 10,5 milhões em dívidas, sem falar o que devo a credores já de anos passados", disse Ferreira. Em dezembro de 2006, o buraco do partido era de R$ 48 milhões, ainda um resquício da gestão do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que foi expulso do partido no escândalo do "mensalão".
Folha
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