Petista diz que ex-assessor foi "tranqüilizado"
Encarregado no comitê da campanha à reeleição de Lula em São Paulo de organizar a agenda do candidato, José Carlos Espinoza, 52, disse ontem que Paulo Ferreira, tesoureiro nacional do PT, "tranqüilizou" Freud Godoy, ex-assessor da Presidência, implicado por integrante do comitê de Lula no escândalo do dossiê. Leia os principais trechos da entrevista.
FOLHA - O sr. participou de uma reunião com Freud Godoy e Gedimar Passos na sede da PF?
JOSÉ CARLOS ESPINOZA - Não participei de nenhuma reunião e não teria porque participar. Por que eu estaria numa reunião dessas?
FOLHA - Como foi a reunião na sua casa com Freud e o tesoureiro Paulo Ferreira?
ESPINOZA - Nós tivemos uma primeira reunião com o doutor Augusto [Botelho], advogado do Freud, onde a gente foi conversar um pouco do que estava acontecendo e da possível prisão preventiva dele que havia sido pedida. O doutor Augusto foi embora, veio o Paulo Ferreira e nós fomos conversar mais a situação do Freud, interna. Como é que ficava a situação dele? Ele estava se exonerando da Presidência, como é que ficava a situação dele dentro do partido, o que seria exigido dele, ou ser pedido. O Paulo Ferreira nos tranqüilizou. Ele falou: "Olha, por enquanto não muda absolutamente nada. Não muda absolutamente nada. Vamos esperar os fatos irem se desenrolando e a gente vê o que é necessário". Agora, nada mais além disso, nada mais.
FOLHA - Freud solicitou alguma ajuda financeira?
ESPINOZA - Nenhuma.
FOLHA - Foi oferecida a ele alguma coisa?
ESPINOZA - Olha, eu diria, nesse caso, não foi. Mas acho que, dependendo das condições, acho que até isso é possível. Mas não foi, pelo menos naquele momento, não foi conversado nem cogitado nada disso.
FOLHA - Por que foi procurado o tesoureiro e não alguém da presidência ou da secretaria-geral do partido?
ESPINOZA - Olha, porque o tesoureiro também é um membro do partido. Poderia ter sido outro, mas o Ferreira é que tinha participado da reunião em Brasília e ele então é que tinha o resultado das conversas em Brasília. Foi por esse motivo.
FOLHA - Que reunião em Brasília?
ESPINOZA - Eles tiveram uma reunião em Brasília para discutir o episódio, a compra do dossiê, como é que ia encaminhar, como é que estava, sobre o Gedimar, o Valdebran. Porque até então essas pessoas estão sendo ditas como [integrantes] do PT. Então tem toda uma preocupação, uma movimentação. E o Paulo Ferreira foi a pessoa que acompanhou essa reunião lá. Foi ele que veio trazer o relato dessa reunião para nós e tranqüilizar a gente, dizer: "Olha, tranqüilo, vamos ver, vamos investigar, vai dar problema. "Nêgo" vai virar sua vida de cabeça pra baixo, mas por enquanto está tudo tranqüilo". Paulo Ferreira não foi (...). Você que falou agora nessa questão de tesoureiro. Eu nem (...). É um membro do partido, está na coordenação da campanha também e é o cara que participou da reunião lá em Brasília. (...) O que ele falou pra mim foi o seguinte, o que foi conversado com ele foi o seguinte: "Olha, nós fizemos uma reunião lá e tomamos essas decisões, nós vamos fazer essas coisas".
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