Saldo negativo decorre, principalmente, da diferença entre os preços no mercado interno e internacional
A auto-suficiência na produção interna de petróleo, anunciada pela Petrobrás, ainda não se materializou em termos financeiros, com o petróleo mantendo a posição de um dos maiores custos na balança comercial. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o déficit na conta petróleo atingiu US$ 3,210 bilhões até agosto. Nesse total estão incluídas as operações com petróleo bruto, derivados e o gás natural importado da Bolívia.
No início do ano, a Petrobrás previu que poderia encerrar o ano com balança comercial positiva, com saldo líquido de até US$ 3 bilhões. Mais recentemente, diretores da empresa reduziram as estimativas, mas acreditam que os números serão positivos, pela primeira vez na história. Os dados da Petrobrás são diferentes dos da ANP porque não incluem o movimento com o gás boliviano nem alguns derivados importados por outras empresas, como os pólos petroquímicos, que fazem grandes compras de nafta.
O grande déficit até agosto reflete, principalmente, o forte aumento dos preços internacionais do petróleo, que têm anulado os efeitos do aumento da produção interna. Em agosto, o Brasil importou o equivalente a US$ 1,272 bilhão de petróleo bruto, o mais elevado volume em apenas um mês no período de seis anos acompanhados pela ANP. Foi nesse mês que o petróleo atingiu o preço mais alto no mercado internacional.
Os dados da ANP mostram o peso crescente das compras de gás natural da Bolívia. Além disso, cresceu a diferença entre os preços do petróleo nacional e o importado. Enquanto o importado custou US$ 77,62 o barril em agosto, o exportado saiu por US$ 57,44.
A Petrobrás, que controla 98% do petróleo refinado no País, tem de importar óleo leve (mais caro) para processar nas suas refinarias. Outro fator relevante é que a empresa tem de exportar gasolina, que sobra no Brasil devido à adição de álcool anidro, e importar óleo diesel.
Os dados da ANP mostram que o País reduziu em 5,03% as compras de óleo bruto nos oito primeiros meses de 2006, mas o valor financeiro subiu para US$ 6,353 bilhões, um aumento de 28,98% em relação a igual período de 2005.
No caso das exportações, o volume cresceu 13,83% em relação a igual período de 2005, o que elevou a receita financeira em 56,62% ante o mesmo período de 2005, atingindo US$ 4,131 bilhões. O déficit, só de óleo bruto, atingiu US$ 2,22 bilhões, mas teria sido muito maior sem o acréscimo na produção interna.
No caso dos derivados, a ANP mostra que houve equilíbrio entre o montante importado e o exportado. Ao todo, as compras no exterior somaram US$ 2,915 bilhões, cerca de metade das compras de óleo bruto. Em relação a igual período de 2005, houve aumento de 27,27%.
ACORDO NA COLÔMBIA
A Petrobrás e a estatal colombiana Ecopetrol assinaram um acordo para estimular a produção de biocombustíveis naquele país. A informação foi divulgada ontem em comunicado oficial da presidência da Colômbia.
Segundo o comunicado, na área dos biocombustíveis “as duas empresas se comprometeram a estudar nos próximos 12 meses a possibilidade de estruturar novos negócios para sua produção, comercialização, transporte, pesquisa e assistência tecnológica”.
Estadão
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