18.10.06

Delegado fala sobre o dinheiro

Dinheiro deve ter saído do PT, diz relatório

Delegado diz que envolvidos são do partido, mas ainda não sabe a origem do dinheiro que seria usado para comprar dossiê

Curado disse que só hoje vai apresentar relatório com um pedido de prorrogação do prazo do inquérito e um balanço das investigações

O delegado da Polícia Federal Diógenes Curado, responsável pelas investigações sobre a tentativa de compra do dossiê antitucano por R$ 1,7 milhão, escreveu em relatório parcial que, "ao que tudo indica", o dinheiro tem origem no PT.
A informação foi dada ontem por um integrante da CPI dos Sanguessugas que leu os três volumes de papéis que formam o inquérito presidido por Curado. A documentação chegou anteontem à CPI e reúne depoimentos tomados pelo delegado, resultados de diligências e relatórios preliminares feitos no decorrer das investigações.
Segundo o integrante da CPI, que pediu para não ser identificado, o delegado usa como argumento no relatório a constatação de que "todos os envolvidos" no episódio eram do PT.
De acordo com Diógenes Curado, o integrante da CPI deve ter visto uma das representações feita por ele solicitando quebras do sigilo bancário e telefônico. Ele informou que nestas representações ele descreve que todos os envolvidos são do PT, mas não afirma qual seria o origem do dinheiro. "A origem do dinheiro é justamente o principal objeto das nossas investigações", disse ele ontem.
O delegado disse que só vai preparar e apresentar hoje o relatório preliminar à Justiça com o pedido de prorrogação do prazo do inquérito. Do relatório constará um balanço das investigações e a indicação das medidas a serem tomadas.
A Polícia Federal prendeu no dia 15 de setembro, em São Paulo, Gedimar Passos e Valdebran Padilha com R$ 1,7 milhão (R$ 1,2 milhão e US$ 249 mil) que seria usado para a compra de documentação que comprometeria candidatos tucanos.
Desde então, informações desencontradas e negativas marcam a investigação sobre a origem do dinheiro. Integrantes do PT e das coordenações de campanha de Lula e de Aloizio Mercadante, apontados como suspeitos de participação na trama, acabaram afastados. Cinco foram expulsos do PT.
Segundo o integrante da CPI, há no inquérito as fotocópias que mostrariam Hamilton Lacerda, ex-coordenador de imprensa da campanha de Mercadante, com uma grande mala no hotel onde a PF realizou as prisões. Curado teria calculado que a mala poderia levar cerca de R$ 1 milhão. Lacerda nega ter transportado dinheiro. Anteontem, o presidente da CPI, Antonio Carlos Biscaia, disse não haver dúvida de que a origem do dinheiro é criminosa.
Folha

Um comentário:

Anônimo disse...

CHUMBO GROSSO

do UCHO
O que a coluna antecipou deve se confirmar nos próximos dias. A nota oficial divulgada pela Polícia Federal, rotulando de “levianas e fantasiosas” as informações contidas na reportagem da revista Veja, é de fato um documento da instituição, e não da maioria de seus integrantes. Um manifesto contra o ministro Márcio Thomaz Bastos, condenando a operação abafa que foi imposta às investigações sobre o escândalo do dossiê, estaria em marcha dentro da organização. Até onde apurou a coluna, o documento, que começou a circular ontem, já teria as assinaturas de oitenta e seis delegados e mais de trezentos agentes.