O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi forçado na quarta-feira a utilizar um aeroporto em um município de Rondônia para fugir de grupos radicais opositores, em um novo episódio do conflito político boliviano, informaram fontes do governo nesta quinta-feira.
Grupos de choque ligados aos governadores que se opõem a Morales tomaram os aeroportos das cidades amazônicas de Riberalta e Guayaramerín, a cerca de mil quilômetros de La Paz, impedindo o reabastecimento do helicóptero que Morales usava para voltar a La Paz, segundo as fontes.
O presidente boliviano, que viajava à região, vizinha ao Brasil, para assinar um contrato de estudo de um grande projeto hidroelétrico, teve que ir por terra até a cidade de Guajará-Mirim, em Rondônia, onde entrou em um avião militar boliviano quase à meia-noite.
A prefeitura de Guajará-Mirim confirmou o vôo. A cidade fronteiriça, a 347 km de Porto Velho, tem um aeroporto com destacamento da Aeronáutica, pista asfaltada, mas sem torre de controle de vôo.
"Foi a melhor solução ir por terra até Guajará-Mirim, porque ali havia um aeroporto que dava todas as seguranças técnicas, com pista asfaltada e iluminação", disse na quinta-feira à rádio Erbol o ministro de Hidrocarbonetos e Energia, Carlos Villegas, que acompanhava Morales.
Os ativistas da região boliviana chegaram inclusive a apedrejar o helicóptero presidencial, mas Morales não estava a bordo no momento, segundo Villegas.
O incidente impediu que Morales assistisse a uma reunião com municípios rurais, programada para a noite de quarta-feira em La Paz. Na ocasião, o vice-presidente Alvaro García disse apenas que o presidente havia tido "problemas para a coordenação de horários".
Os grupos opositores já impediram Morales de chegar a outras três cidades.
No referendo revogatório de mandatos, feito no dia 10 de agosto, Morales manteve o cargo, com mais de 67 por cento dos votos.
Para viajar pelo território boliviano, o que Morales faz frequentemente, o presidente usa tanto pequenos aviões militares quanto helicópteros concedidos por Hugo Chávez, presidente da Venezuela.
Reuters
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