Decisão do Ministério da Justiça leva em conta o fato de Medina ser considerado um perseguido político
Em meio à suspeita de envolvimento de integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o Palácio do Planalto anunciou ontem a renovação do pedido de refúgio político ao padre Olivério Medina.
Vivendo no Brasil há 11 anos, o embaixador da guerrilha no país teve o visto revalidado há dois meses. A decisão foi divulgada depois que uma reportagem da revista colombiana Cambio revelou o conteúdo de correspondência eletrônica entre Medina e o comando das Farc. As mensagens foram trocadas entre fevereiro de 1999 e fevereiro de 2008.
Em 2006, o padre havia assinado um termo de compromisso junto ao Ministério da Justiça, prometendo abandonar as atividades políticas.
Ontem, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, justificou a renovação do refúgio a Medina até 2010 e rebateu as denúncias em torno da suposta ligação de membros do Planalto com os guerrilheiros. Segundo Barreto, o fato de o padre manter conexões com as Farc não causa constrangimento ao governo:
– Não há nenhum problema em fazer contato com as Farc. Seria um problema se Medina estivesse agindo politicamente contra o governo colombiano.
Deputado quer aprovar convocação de Medina
Ainda segundo Barreto, que também acumula o posto de presidente do Comitê Nacional para Refugiados, a decisão de prorrogar o asilo foi técnica e levou em conta o fato de Medina ser considerado um perseguido político. Casado com a gaúcha Angela Maria Slongo, o colombiano quer se naturalizar brasileiro. O pedido está sendo analisado pela Polícia Federal e ainda não tem previsão de ser remetido ao Ministério da Justiça.
Além de desrespeitar o acordo que previa um afastamento de atividades políticas, pesam contra Medina a falta de um trabalho formal, que o impede de comprovar renda no país, e uma condenação de sete anos, nove meses e 15 dias na Colômbia pelo crime de “formação de quadrilha e rebelião”. De acordo com a legislação brasileira, o candidato à naturalização não pode ter condenação no Brasil ou no Exterior.
No sábado, ZH revelou detalhes da vida de Medina em Brasília. Ele só sai à rua para cumprir pequenos afazeres domésticos, como ir ao supermercado e levar a filha para passear. O sustento do apartamento fica por conta de Angela, funcionária da Secretaria de Aqüicultura e Pesca.
Com a visibilidade conquistada nos últimos dias, Medina será chamado a prestar esclarecimentos à Câmara. O presidente da Comissão de Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS-PE), anunciou ontem a apresentação de um requerimento de convocação.
– Não se está pretendendo fazer nenhum prejulgamento. Mas o assunto é sério demais para ficar sem nenhum tipo de esclarecimento – disse Jungmann.
Zero Hora
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