Em Pacaraima (Roraima)
"A nossa vida estará sendo julgada amanhã, em Brasília", diz Paulo César Quartiero à reportagem do UOL minutos antes de embarcar para a capital do país a fim de acompanhar de perto o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode decidir pela demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e pela conseqüente retirada dos não-indígenas daqueles terras.Infográfico: entenda o conflito na Raposa/Serra do Sol e saiba quem são os envolvidos
Das 33 ações que serão julgadas amanhã pelo STF, "muitas" são da parte de Quartiero. Sem especificar quantas são, o empresário diz que são todas procedentes e que tem confiança na Justiça. "O laudo que determinou a demarcação da Raposa é uma fraude e eu confio no patriotismo dos nossos representantes em Brasília pra que o Brasil não seja entregue nas mãos de ONGs estrageiras."
O fazendeiro defende que os índios organizados no Conselho Indígena de Roraima (CIR) estão "a serviço" e são "instrumentos" de organizações não-governamentais estrangeiras que querem facilitar o acesso ao país pela fronteira com a Venezuela e com a Guiana. Segundo ele, a demarcação de toda aquela área como Terra Indígena dificulta a fiscalização do Exército Brasileiro.
"Eu não tenho problema nenhum com os índios. Eles são meus eleitores, me elegeram prefeito e trabalham para mim", diz Quartiero. "Os que conflitam comigo são uns poucos representados pela CIR."
"Conseqüências imprevisíveis"
Paulo César Quartiero diz que vai acatar e cumprir a decisão do STF, mas alerta que as conseqüências de uma possível decisão pela demarcação contínua serão "imprevisíveis". "Para começar, isso acaba com toda a esperança de um povo", diz ele. "O nosso Estado já é pobre e tem o pior índice de segurança alimentar do Brasil. A produção de arroz está diretamente relacionada com o desenvolvimento de Roraima."
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Paulo César Quartiero, prefeito de Pacaraima, diz que município desaparecerá com área demarcada
"As hastes do tridente do diabo"
Quem está "criando problema" na região, de acordo com Quartiero, é o governo federal, por meio principalmente do Ministério da justiça. "O senhor Tarso Genro mandou a sua polícia aqui para nos expulsar e criou essa confusão toda. Quem está criando problema em Roraima é essa haste do tridente do diabo, formado por Ibama, Incra e Funai", diz ele.
Até por isso que o empresário não esconde de ninguém que desaprova a permanência da Polícia Federal e de guardas da Força Nacional na região de Pacaraima. E ele manifestou isso com uma faixa afixada bem diante dos agentes federais que fazem plantão na entrada da reserva, no Distrito de Surumu. "Não à Polícia Federal. Sim ao Exército Brasileiro".
Paulo César Quartiero viajou para Brasília nesta terça-feira e deve voltar ao Estado de Roraima somente na sexta-feira, "depois que pensarmos como contornar as possíveis conseqüências do julgamento do STF", diz. "Na sexta-feira eu terei motivos para comemorar ou uma grande dor de cabeça."
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