A maioria da população brasileira acredita que há fraudes nas eleições e que os políticos não são punidos ao cometerem ilegalidades. De acordo com pesquisa do Instituto Vox Populi, sob encomenda da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), apenas 30% dos eleitores acreditam que as eleições são realizadas de maneira limpa, sem fraudes, e somente 20% acham que os políticos são, de fato, punidos quando cometem ilegalidades.
Outros dados da pesquisa também revelam um ceticismo do eleitor com a classe política. O Vox Populi apurou que 82% dos eleitores acham que os políticos não cumprem as suas promessas de campanha. O eleitor entende que o voto pode mudar a sua vida, tanto para pior, quanto para melhor - 67% responderam afirmativamente a essa questão. Por outro lado, apenas 12% acham que o povo é o principal beneficiado com as mudanças promovidas pelos políticos. Ao todo, 85% disseram que os políticos são os principais beneficiados com suas atividades.
Para o presidente da AMB, Mozart Valadares, o processo eleitoral brasileiro ainda sofre a ação de "interferências indevidas". São fraudes que vão desde a coação de candidatos até a compra explícita de votos. A pesquisa mostrou que a população sabe que é crime comprar o voto: 72% disseram conhecer a lei que proíbe a captação ilícita de sufrágio. Mas, 30% disseram conhecer casos de compra de votos - um percentual alto, pois indica que quase um terço dos eleitores já soube de episódios criminosos nas eleições em suas cidades.
O Vox Populi fez perguntas específicas sobre práticas de políticos para beneficiar eleitores em troca de votos. Ao todo, 69% reconheceram que os políticos não podem patrocinar viagens de passeio, nem festas de formatura. E 94% entenderam que são deveres da classe política a prestação de contas e o desenvolvimento de programas de geração de emprego para comunidades. Mas, houve uma divisão quando a pergunta foi se os políticos deveriam ajudar os eleitores a conseguir emprego: 36% disseram que é obrigação deles fazer isso; 38% entenderam que não é uma obrigação, mas que os políticos deveriam fazer assim mesmo; e 26% concluíram que eles não deveriam arrumar emprego aos eleitores em hipótese alguma.
Quase a metade dos eleitores acha que os políticos devem providenciar dinheiro para melhorias destinadas a pessoas necessitadas: 48% responderam afirmativamente a essa questão. Outros 35% acharam que essa não é uma obrigação, mas deve ser implementada pelos políticos, e apenas 16% disseram que os políticos não devem dar dinheiro aos eleitores.
É por causa de fraudes que a AMB está em campanha para alertar o eleitor sobre o perfil dos candidatos. Em julho, a entidade lançou a "lista suja" dos candidatos a prefeito, identificando todos aqueles que respondem ações penais ou de improbidade na Justiça e, neste mês, pretende lançar a mesma lista para os candidatos a vereador. "A fraude é tanto na questão da liberdade de escolha como fraudes que possam alterar resultado das eleições", afirmou o coordenador da campanha Eleições Limpas da AMB, Paulo Henrique Machado. "De uma maneira geral, o nosso processo eleitoral ainda é comprometido, maculado e contaminado por elementos estranhos", completou.
Outro dado grave da pesquisa: se o voto não fosse obrigatório, 30% dos eleitores não iriam às urnas e outros 8% responderam que "provavelmente, não votariam". Aqui, 51% responderiam que iriam "com certeza".
Na escolha do candidato, 76% votam "mais pela pessoa", 10% "mais pelo partido" e 12% afirmaram considerar os dois.
O Vox Populi ouviu 1.502 pessoas nas cinco regiões do Brasil.
Valor Econômico
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