O ex-tesoureiro petista Delúbio Soares saiu de vez da clausura. Retraído desde o escândalo do mensalão, ele voltou a circular com desenvoltura pela política e já pôs na rua sua mais nova bandeira: quer voltar para o PT. Delúbio tem conversado com lideranças do partido em busca de apoio para retornar às hostes petistas – e já avisou que vai apresentar seu pedido de refiliação no próximo ano. O plano é parte de outro projeto que segue firme e forte. Delúbio quer ser candidato a deputado federal por Goiás em 2010 e tem dito que não admite disputar a eleição por um partido que não seja o PT. Nos últimos dias, ÉPOCA acompanhou os passos do ex-tesoureiro petista em Goiânia. Sua rotina é a de um político em franca atividade. Ele tem participado de encontros políticos e passado horas despachando no comitê de campanha do irmão, Carlos Soares, vereador de Goiânia e candidato à reeleição.
O presidente do diretório municipal de Goiânia, Luiz Alberto de Oliveira, é um desses dirigentes petistas que já foram procurados por Delúbio. Mas diz que, se o pedido de refiliação for apresentado em Goiânia, Delúbio certamente enfrentará oposição das correntes contrárias a seu grupo político. “Eu respondi que, como ele foi expulso pela direção nacional, considero que o pedido de refiliação teria que ser apresentado diretamente à cúpula do partido”, disse Luiz Alberto a ÉPOCA. Mas o próprio Delúbio diz possuir um “plano B”: apresentar o pedido no diretório petista de Buriti Alegre, sua cidade-natal, onde não teria de enfrentar nenhuma resistência. Nesse caso, ele garantiria a filiação e deixaria para depois o debate na direção nacional do partido. Os movimentos do ex-tesoureiro não se limitam a Goiás. Há duas semanas, ele reuniu sindicalistas e petistas no auditório da CUT em Belo Horizonte para pedir apoio.
Mesmo fora do partido, Delúbio Soares mantém o bom trânsito no PT. Foi ele, por exemplo, o artífice da articulação que levou o PT a apoiar a reeleição de Íris Rezende em Goiânia. A aprovação da aliança, pela diferença de um voto, deixou o partido em crise. Há mais de 20 anos, PT e PMDB eram adversários ferrenhos na política local. Correntes contrárias ao grupo de Delúbio o acusam de, mesmo expulso, ter transformado o partido num balcão de negócios. A desenvoltura se estende ao cenário nacional. Apadrinhados de Delúbio, aos poucos, retomam posições em Brasília. O ex-tesoureiro alimenta a fama de que segue com prestígio e poder, e dá de ombros para as críticas dos ex-companheiros que o acusam de ter enriquecido no PT. Mesmo com os planos de voltar ao partido, não está nem aí para mudanças de hábito. O professor de matemática mantém o alto padrão de vida que passou a ter depois de ascender na hierarquia petista. Veste roupas de grife, continua fumando charutos caros, come em bons restaurantes e anda em carros de luxo.Época
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