A candidata do PSOL à Prefeitura de Porto Alegre, Luciana Genro, não vai devolver os R$ 100 mil recebidos como doação da Gerdau, a maior produtora de aços longos das Américas, para sua campanha política, contrariando a sugestão dada na quinta-feira pelo candidato do partido à Prefeitura do Rio, Chico Alencar, durante sabatina promovida pelo Grupo Estado."A empresa não pede nada em troca; se eu não aceitar, eu sou burra", explicou Luciana ontem. "Todas as doações que recebemos são legais e transparentes. Não há nada a ser cobrado do PSOL em relação a isso."Apesar das justificativas, Luciana viu-se envolvida em fogo amigo e inimigo, que pode durar até o final da campanha. Na sabatina, Chico Alencar disse que a PSOL de Porto Alegre não deveria receber a doação e, se já tivesse recebido, deveria devolvê-la. Na propaganda eleitoral de televisão, a candidata do PSTU, Vera Guasso, criticou Luciana por aceitar dinheiro de uma grande empresa.Em conversas reservadas, outros adversários já indicaram que podem explorar o mesmo flanco, tentando expor a captação de recursos feita pelo PSOL como uma contradição. O estatuto do partido proíbe que seus filiados recebam doações de multinacionais estrangeiras, de empresas do setor financeiro e de concessionárias de serviços públicos. Luciana alega que a vedação não atinge a Gerdau, que é uma empresa brasileira com atuação em diversos países.Procurando minimizar a polêmica, Luciana disse que já conversou com Chico Alencar e recebeu apoio do candidato, que, na mesma sabatina, qualificou-a de "combativa, autêntica, seriíssima e incorruptível". "Ele sabe que a disputa em Porto Alegre é séria e que estamos nela para ganhar e não apenas para marcar posição."A previsão de gastos com a campanha de Luciana, feita pelo PSOL, é de R$ 700 mil. Até a primeira prestação de contas, no início de agosto, o partido havia arrecadado R$ 47.630,00, dos quais apenas R$ 5 mil de pessoas jurídicas.A Gerdau confirmou que fez doações iguais, de R$ 100 mil, na forma da lei, a todos os candidatos que solicitaram contribuições da empresa para a campanha eleitoral de Porto Alegre. Os recursos devem aparecer na prestação de contas dos candidatos no início de setembro.
LIGHT
Além de aceitar recursos de uma grande empresa, Luciana mudou a imagem e o discurso para a campanha. Por sugestão de um fotógrafo, alisou o cabelo. E mesmo sem contar com um marqueteiro, contratou uma assessoria, da jornalista Mauren Motta, para produzir seus programas de televisão. Em alguns deles chegou a mostrar o convívio familiar harmônico com um adversário político, seu pai, o ministro da Justiça, Tarso Genro, que apóia a concorrente Maria do Rosário (PT).Tanto na propaganda quanto nos debates a candidata vem explicando que não é raivosa, como dizem seus adversários, mas firme em suas posições."Eu sou conhecida pelas brigas que compro, pelas denúncias e pelas exigências que faço de quem está no poder", admite Luciana. "Mas esse é um perfil específico de quem está no parlamento. Quero mostrar que sou capaz, à frente do Executivo, de fazer o que cobro dos outros, com muito diálogo, inclusive com quem pensa diferente de mim."
Estado de São Paulo
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