O primeiro grande desafio do novo diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, será o inquérito aberto no Rio de Janeiro para investigar o suposto tráfico de influência na transação de R$ 5 milhões entre a Telemar e a Gamecorp, empresa de propriedade do filho do presidente Lula, Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha. O inquérito foi pedido pelo Ministério Público Federal há cerca de sete meses, mas só foi aberto há 30 dias. A polícia requisitou cópias do contrato para apurar detalhes da operação.
A investigação teve uma motivação no mínimo curiosa. O pedido partiu de um vereador de Belém (PA), Iran Moraes (PSB), depois que ele teve negada pela Telemar a construção de um posto telefônico na periferia da cidade. A operadora alegou que não tinha recursos para investir. Mas o prefeito não deu-se por vencido. Intrigado, Moraes fez as contas e concluiu que os cerca de R$ 5 milhões investidos na transação eram mais do que suficientes para instalar um posto telefônico em cada um dos 143 municípios do Pará. Resolveu, então, pedir a investigação que, acatada pelo Ministério Público Federal do Rio, já causou uma grande dor de cabeça para o governo.
Na única vez em que falou sobre o assunto, Luiz Fernando Corrêa disse que a investigação segue o curso normal e garantiu que a polícia tem liberdade total para, se for o caso, apontar irregularidades e responsabilizar eventuais culpados. O caso preocupa o Planalto porque a própria Polícia Federal - como acontece durante as trocas de comando - vive um momento de expectativa sobre como o novo dirigente da instituição irá se comportar durante as investigações que envolvam pessoas ligadas ao governo.
Na gestão do delegado Paulo Lacerda, que assumirá a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o governo amargou momentos de turbulência. Primeiro com a reviravolta no caso dossiê contra os tucanos, ao revelar que os responsáveis eram amigos do presidente. Depois, com a Operação Navalha, que levou à renúncia do ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau e, por pouco, não alcançou outros pesos pesados do PMDB e da base aliada. Por fim, a PF chegou ao irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, na Operação Xeque-Mate.
Luiz Fernando Corrêa promete fazer uma única mudança na área operacional da PF: pôr fim à exagerada exposição de suspeitos. De resto, garante, a polícia não irá "fulanizar", e seguirá impessoal e sem controle político.
Jornal do Brasil
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