Mais uma criança indígena morre de desnutrição em MS
Um bebê indígena com um mês e 11 dias de idade morreu de desnutrição grave anteontem no hospital da Missão Evangélica Caiuá em Dourados (MS), informou o médico legista do IML (Instituto Médico Legal) Raul Grigoletti, que assinou o atestado de óbito.
Ao menos oito crianças indígenas das etnias guarani e caiuá morreram devido à desnutrição neste ano, segundo levantamento da Folha. No ano passado, foram 14 mortes; em 2005, 27.
No fim de julho deste ano, durante visita a Campo Grande, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que montou "um pelotão de choque com companheiros de vários ministérios" e resolveu o problema da morte de crianças por desnutrição nas aldeias.
Lideranças indígenas guaranis e caiuás afirmam que crianças passam fome devido ao atraso na entrega de cestas de alimentos do governo federal, distribuídas pela Funasa.
Procuradas pela reportagem, a direção nacional da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e a coordenação em Mato Grosso do Sul não se manifestaram sobre os casos de desnutrição e a morte do bebê. A Funasa é responsável pela saúde indígena nas aldeias.
O bebê indígena Elvis Charles Lopes havia sido levado a Dourados para tratamento médico pela mãe, uma adolescente de 14 anos, da aldeia de Porto Lindo, no município de Japorã (MS), situado na fronteira com o Paraguai.
A criança estava internada desde o início do mês no hospital da Missão Evangélica Caiuá, que mantém um centro para tratamento de crianças indígenas desnutridas, conhecido como Centrinho.
Uma média de 30 crianças ficam internadas no Centrinho para se recuperar da desnutrição e, então, voltar para casa. O hospital é localizado ao lado da aldeia em Dourados.
Grigoletti, o médico legista, disse que houve suspeita de que a criança estivesse com marcas de espancamento pelo corpo. Por essa razão, a Polícia Civil pediu a necropsia, que descartou a possibilidade.
"O bebê era prematuro, mas a desnutrição grave foi causa da morte. Não houve agressão à criança", afirmou o médico.
Em alguns casos, a Funasa atribuiu mortes de crianças, relacionadas à desnutrição, à falta de cuidados dos pais indígenas. Os principais problemas nas famílias indígenas é o alcoolismo e a violência, principalmente nas aldeias do sul do Estado, onde vivem cerca de 27 mil índios guaranis e caiuás.
Folha
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