Brasília - Lideranças governistas na Câmara manobram para reverter na Justiça a prorrogação da CPI dos Correios. Numa tática semelhante a adotada pelo petista José Dirceu (SP), pensam em obter na Justiça a diminuição do prazo da CPI, prorrogada na última sexta-feira por mais quatro meses.
O escalado para ser a infantaria dessa batalha é o deputado Carlos William (PMDB-MG). Relator da subcomissão que investiga denúncias contra o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), da própria CPI dos Correios, William informou que vai recorrer aos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PcdoB-AL) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para que seu nome entre na lista dos parlamentares que recuaram da decisão de prorrogar os trabalhos da comissão até o ano que vem. "Se eu não obtiver sucesso, vou recorrer até ao Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer valer a minha vontade", diz.
William, primeiro, assinou o pedido de prorrogação da CPI. Mas depois mudou de idéia. Sua desistência, então, foi apresentada, mas foi considerada sem efeito porque a oposição ainda não tinha entrado com o requerimento pedindo a continuidade das investigações.
Quando a oposição protocolou o pedido, o nome de William constava da lista e foi considerado válido. "Na oposição, a ordem é punir os infiéis. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), vai pedir à Executiva nacional que expulse do partido o deputado Átila Lins (PI), único parlamentar tucano que retirou a assinatura do requerimento para prorrogar a CPI dos Correios. O senador alega que a iniciativa "foi um gesto de traição, incompatível com a oposição que fazemos". O deputado não foi encontrado para comentar sua decisão.
O líder anunciou que, depois de amanhã, vai criticar da tribuna o empenho do governo em impedir que as investigações avancem até o ao que vem. "Tentativa fracassada, mas nem por isso menos indigna", defendeu. Virgílio disse que o governo "escancarou os cofres públicos, liberando emendas a parlamentares, mas ainda foi derrotado".
Da parte do PFL, o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC) disse que, como não houve fechamento de questão, não há como enquadrar os três deputados que saíram da lista de prorrogação da CPI. São eles: Edimar Moreira (MG), Lael Varella e Joaquim Francisco (PE). "Do ponto de vista estatutário, não podemos fazer nenhum tipo de enquadramento, mas ainda assim lamentamos que os parlamentares tenham adotados essa medida", afirmou.
Bornhausen disse que o partido não tomou nenhum tipo de precaução porque não poderia avaliar que o empenho do governo para brecar a CPI chegaria "perto do que chegou". Outro ponto, segundo ele, foi a crença de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria dizendo a verdade quando, no Programa Roda Viva, afirmou que tinha interesse em apurar todas as denúncias nas CPIs. "Deve ter feito isso num gesto desesperado, para esconder seu sentimento de culpa", defendeu.
O líder José Agripino (RN) disse que a atitude dos colegas repercutirá na redução do prestígio dentro do partido. "Não entendi e não concordo em nenhum momento com procedimentos dessa natureza", avisou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário