Objetivos diferentes ameaçam resultados de cúpula
DIEGO TOLEDO
da BBC Brasil, em São Paulo
Um dos principais obstáculos para o sucesso da quarta edição da Cúpula das Américas, que será realizada a partir de sexta-feira em Mar del Plata, na Argentina, é a distância que separa os interesses dos 34 líderes que participam do encontro.
Essa é a avaliação de especialistas entrevistados pela BBC Brasil. Na opinião deles, apesar de servir como canal de diálogo e diplomacia, a cúpula desta semana não desperta praticamente nenhuma expectativa de grandes avanços nos temas que serão discutidos.
"Embora toda reunião de cúpula possa significar alguma pequena coisa, os interesses são muito diferentes, e não vejo, em princípio, que resultados excepcionais ela possa produzir", afirma o economista Gilberto Dupas, presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI).
"Uma cúpula como essa, muito ampla, envolvendo tantos países assim, projeta todos os tipos de conflito: assimetrias dos mais variados tamanhos, as tensões americanas, a visão que a gente tem de Bush sobre a ação no Iraque. Tudo isso se mistura em uma temática que costuma não ser muito fácil de ser bem-sucedida", acrescenta Dupas.
Clima desfavorável
As recentes divergências dentro do continente também são apontadas como um empecilho para que os países da região consigam elaborar uma "agenda positiva" comum de cooperação.
Além das diferenças ideológicas que opõem Venezuela e Estados Unidos, que têm em Hugo Chávez o seu maior desafeto na América Latina, outros países do continente manifestaram críticas a vizinhos nos últimos meses.
As relações entre Brasil e Paraguai, por exemplo, foram estremecidas nas últimas semanas, com as trocas de acusações sobre a origem do foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul.
O governo paraguaio, assim como os da Argentina e do Uruguai, também já havia manifestado restrições quanto aos atuais rumos do Mercosul. Os três sócios do Brasil no bloco também têm demonstrado pouco entusiasmo com a Comunidade Sul-Americana de Nações, criada a partir de uma proposta brasileira.
"Certamente, essa cúpula se encontra em um momento particularmente difícil", afirma o embaixador José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). "Não é um quadro que favorece soluções muito ambiciosas."
"Não creio que haverá nenhuma crise insuperável", avalia o diplomata. "As coisas vão continuar sendo administradas, mas é bom ficar prevenido para ter soluções pequenas ou simplesmente postergatórias para poder continuar discutindo no ano que vem."
Excesso de cúpulas
Botafogo Gonçalves concorda que há um excesso de reuniões internacionais como a Cúpula das Américas, mas rejeita a tese de que essa seja uma característica mais marcante na América Latina.
"No mundo inteiro, isso é um problema. Há muita discussão se isso é controlável", diz o embaixador. "É um problema quase inevitável que tem que ir progredindo à medida que você consiga ver com mais clareza o custo-benefício desses mecanismos."
"Naturalmente tem o seu aspecto ruim do ponto de vista de despesas", acrescenta. "Mas, por outro lado, há uma certa vantagem em que os líderes se vejam com freqüência em um mundo cada vez mais globalizado."
Já o economista Gilberto Dupas avalia que uma reunião de cúpula de sucesso normalmente tem o seu texto final aprovado antes mesmo de começar, com uma definição antecipada da pauta, das prioridades e dos acordos que serão assinados no encontro. "O que se faz é a formalização das aprovações e os anúncios", afirma.
"Normalmente, uma cúpula que vai dar certo você sabe por antecipação a agenda positiva dela", comenta Dupas. "Não consigo encontrar com muita clareza nesse momento a agenda positiva (da reunião na Argentina). E não vejo hoje propostas realmente concretas que pudessem criar lógica para uma cúpula continental."
"Existem também as cúpulas que são só para bater papo. Essas tanto podem agravar tensões como podem eventualmente criar uma ou outra aproximação pessoal que leve a um desmonte de um desentendimento", conclui o economista.
Agenda
A cientista política Maria Regina Soares de Lima, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), também aponta a necessidade de que os países do continente busquem uma "agenda positiva" comum.
"Esses encontros tinham uma agenda muito grande no início. Depois, a agenda se estreitou. E, agora, a agenda se ampliou. De novo, se criou um 'guarda-chuva' muito amplo", afirma a professora.
Para Maria Regina, o aspecto positivo das mudanças na agenda do encontro foi a ampliação do espaço dedicado a temas sociais. Na opinião dela, isso ocorreu principalmente graças ao aumento da preocupação dos Estados Unidos com problemas como a imigração ilegal, o terrorismo e o tráfico de drogas.
"Não é apenas uma questão de livre comércio, mas é muito mais ampla, é uma questão que envolve inclusão social, envolve condições de vida da população", avalia a cientista política. "Senão, os problemas vão persistir."
A Cúpula das Américas foi lançada em Miami, em 1994, como uma iniciativa do então presidente americano, Bill Clinton. Na época, o objetivo era promover uma abrangente agenda de reformas como forma de estimular a consolidação da democracia, o desenvolvimento social e o livre comércio na região.
O encontro reúne os líderes de 34 dos 35 países do continente. A exceção é Cuba, cujo governo está suspenso da OEA (Organização dos Estados Americanos) desde 1962 e não participa de reuniões realizadas com o apoio da entidade.
A Alca (Área de Livre Comércio das Américas) foi lançada como um dos objetivos da primeira Cúpula das Américas. De lá para cá, o encontro teve outras duas edições oficiais e duas reuniões extraordinárias – a última delas no ano passado, em Monterrey, no México.
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