Para sair da Penitenciária de Tremembé com vida, o empresário recorreu ao PCC; ele diz que foi espancado pelos presos
Marcos Valério ficou preso 98 dias
No período em que esteve encarcerado na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo, o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, disse que foi espancado e que precisou recorrer ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para sair da cadeia com vida.
Nos 98 dias em que esteve preso, Valério passou dez dias num regime especial de reclusão, numa cela que foi aberta quatro vezes por detentos que o agrediram em busca de informações sobre o paradeiro de um DVD, "supostamente contendo revelações capazes de derrubar a República".
Marcelo Leonardo, advogado de Valério, disse que não poderia nem confirmar nem desmentir as informações, pois não havia conversado com seu cliente sobre esse assunto. A matéria cita como fonte uma pessoa com a qual Valério esteve preso.
Réu no processo do mensalão e apontado como o principal operador do esquema, Valério foi preso em outubro do ano passado, durante a Operação Avalanche, da Polícia Federal - que investigou uma suposta trama para desmoralização de dois fiscais de tributos estaduais de São Paulo que autuaram em R$ 105 milhões uma cervejaria, cujo presidente é amigo do lobista mineiro.
Valério é acusado de intermediar uma negociação para corromper policiais federais e favorecer a cervejaria.
Ele ficou preso até 14 de janeiro, quando foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Na penitenciária, teria sofrido cortes profundos à altura das costelas, provocados por estiletes, afundamento próximo à coluna e perdido parte dos dentes da frente, devido aos supostos espancamentos.
Valério admitiu que se reuniu com o advogado Jeronymo Ruiz Andrade, tido como defensor dos presos do PCC, e teria pago para sair com vida do presídio de Tremembé. Ele não confirma a existência do suposto DVD, segundo o jornal.
Aparentando cerca de 20 quilos mais magro e debilitado, Valério tem frequentado regularmente uma clínica psiquiátrica na zona sul da capital mineira.
Depoimentos
No processo do mensalão, a Justiça Federal em Belo Horizonte começou a ouvir esta semana testemunhas arroladas pelos réus que residem na cidade. Nos últimos dois dias foram ouvidas testemunhas de defesa da ex-diretora administrativa e financeira da SMPB Comunicação, Simone Vasconcellos.
Está marcado para quinta-feira, 12, o depoimento do ex-ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, arrolado como testemunha por Valério e Emerson Palmieri, ex-tesoureiro informal do PTB. Mares Guia também foi arrolado como testemunha pelo deputado cassado Roberto Jefferson, cujo depoimento está marcado para o próximo dia 27.
O advogado de Valério reclamou nesta terça-feira, 10, que os depoimentos estão ocorrendo sem que todos os réus e advogados dos acusados que não residem na capital mineira fossem intimados para acompanhamento das audiências.
"Entendemos que houve uma falha processual, porque era indispensável intimar os defensores de todos", afirmou Leonardo. Novo Jornal
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