7.3.09

Dilma vai a evento de obra do PAC

Dilma vai a evento de obra do PAC que tem valor superestimado

Segundo relatório da CGU, projeto básico da rodovia de acesso ao porto de Salvador tem problema de sobrepreço de R$ 21 milhões

Ao lado de Jaques Wagner (PT), ministra participou da assinatura da ordem de serviço da obra, feita em parceria com o Estado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Empenhada em viajar pelo país e divulgar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) participou ontem da assinatura da ordem de serviço de uma obra cujo projeto básico, segundo auditoria realizada pelo próprio governo federal, está superestimado em R$ 21 milhões.
A Via Expressa Baía de Todos os Santos, rodovia de acesso ao porto de Salvador, tem problemas de sobrepreço nos serviços de terraplenagem (R$ 10,426 milhões), pavimentação (R$ 349,047 mil), construção de viadutos (R$ 10,017 milhões) e drenagem (R$ 402,335 mil), segundo relatório de fiscalização da CGU (Controladoria Geral da União), obtido pela Folha.
A obra está sendo feita em parceira da União, por meio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), com o governo estadual.
Para marcar o início efetivo da construção -que será executada pela construtora OAS, vencedora da licitação-, o governo da Bahia organizou um ato que contou com a presença dos ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Geddel Vieira Lima (Integração), além das de Dilma e do governador Jaques Wagner (PT).
O documento da CGU, com 68 páginas e elaborado no final de dezembro, aponta ainda problemas em outros oito convênios do governo com a Bahia.
Os fiscais constataram: "Orçamento da obra superestimado em R$ 21.195.040,67 em razão de diferenças nos quantitativos dos serviços". Entre os exemplos destacados na parte sobre pavimentação estão: 1) "foram considerados 637 metros lineares de pavimentação que não são objeto da licitação"; 2) "a Conder utilizou larguras acima das definidas em projeto".
Sobre a construção de viadutos, os fiscais apontaram alterações "nas memórias de cálculo das vigas pré-moldadas", o que, dizem, têm consequência no valor orçado.
O projeto tem um custo de R$ 381,1 milhões, incluindo R$ 273 milhões para obras civis, desapropriações e construção de passarelas. No Orçamento deste ano, há previsão de desembolso de R$ 68 milhões. A maior parte sairá da conta do governo (R$ 339,378 milhões), outros R$ 41,760 milhões são a contrapartida do Estado.

Ameaça
Ovacionada na noite de ontem, durante um seminário em comemoração ao Dia da Mulher, Dilma reagiu às críticas anunciando que vai continuar viajando para fiscalizar o PAC.
"Agora dizem que eu viajo muito, mas não diziam em 2007 e 2008. Agora inventaram que eu viajo muito. Eu inclusive viajei mais naquela época do que viajo hoje", afirmou.
O presidente Lula disse ontem, em Vitória (ES), que "ninguém ameaça o PAC". Ele comentava a vitória de Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para presidir a Comissão de Infraestrutura do Senado, responsável por acompanhar obras do programa. "O que ameaça o PAC é o governo não conseguir gerenciá-lo. O Collor é senador e tem todo o direito de disputar comissões", afirmou. Folha

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