3.10.08

Minc critica modelo de assentamentos

Correio Brasiliense


Marcello Casal JR/ABr
O ministro Carlos Minc (ao microfone) durante assinatura de um convênio com a FAO e a União Européia para combater o desmatamento na região da BR-163: “A lista, no essencial, é boa. Eu já conferi?

RodrigoBaleia/Greenpeace/Divulgação
25/8/08

Queimada às margens da BR-163: ajuda de 5,8 milhões de euros
Antes do prazo de 20 dias estabelecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a lista com os 100 maiores desmatadores da Amazônia seja auditada, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, voltou, ontem, a atacar os projetos de reforma agrária e apontá-los como devastadores de florestas na Região Norte. Ele classificou o atual modelo de assentamento como “atrasado? e sem sustentabilidade ambiental. “Estou convencido de que o modelo tem que mudar. Quando a gente faz crítica e diz que a reforma agrária tem que ser mais sustentável, não é para jogar contra, é para jogar a favor de um modelo ecológico?, argumentou Minc.

Na segunda-feira, Minc provocou uma crise no governo ao divulgar uma lista com os 100 maiores destruidores de florestas da Amazônia, encabeçada por seis assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autor da lista, multou a outra autarquia estatal responsável juridicamente pelos assentamentos em R$ 265,5 milhões.

O anúncio provocou uma reação irritada do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que desacreditou a lista. O Incra está recorrendo das multas em nível administrativo e na Justiça. A direção do órgão fundiário nega que as queimadas em assentamentos tenham sido feitas este ano.

Minc garantiu ontem que conferiu com assessores a lista do Ibama e disse que 95% da relação está correta. “A lista, no essencial, é boa e está tudo georreferenciado. Eu já conferi?, anunciou. Ao contrário do que afirma o Incra, Minc garante que tem segurança sobre os dados obtidos por imagens de satélites feitas em 2006 e 2007. “É o ‘jus esperniandis’. A transparência é sempre boa?, disse, referindo-se às críticas feitas pelo Incra e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) nos dias anteriores.

As críticas de Minc foram feitas logo depois da assinatura de um convênio entre o ministério, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e a União Européia para a realização de um programa de controle do desmatamento e incentivo a atividades ecologicamente corretas ao longo da BR-163 (Cuiabá—Santarém). Para o projeto serão destinados 5,8 milhões de euros, doados por países europeus. As margens da rodovia, que está sendo asfaltada pelo governo federal, concentram os principais focos de queimadas da Amazônia Legal. O projeto de cooperação técnica com a FAO pretende incentivar o desenvolvimento agrário sustentável. O recurso da União Européia servirá para implantar, na região central do Pará, o Distrito Florestal, que funcionará como uma espécie de entreposto de fiscalização das atividades agropecuárias.

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