8.10.08

Lula aconselha população a manter consumo

Mesmo diante do agravamento da crise econômica mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem que a população não reduza seu consumo.

Lula também disse que, “se a crise chegar ao Brasil?, não será tão grave. Apesar de, nos últimos dias, a Bolsa brasileira ter registrado fortes quedas, o dólar ter subido e o governo tem adotado medidas para dar liquidez ao mercado, em um cenário de redução da oferta de crédito.

— Companheiros, continuem fazendo as mesmas coisas que vocês faziam, porque nós vamos cuidar. Se algum dia eu tiver que ir para a televisão e dizer: “Companheiros, a porca entortou o rabo?, podem ficar certos de que vou para a televisão — afirmou Lula. — Graças a Deus nosso país está bem.

E se Deus quiser, ele vai continuar melhorando. Pode ter um ou outro problema, mas é importante que tenha problema para a gente poder resolver.

E emendou: — Muita gente acha ruim quando eu digo que, se a crise chegar ao Brasil, chegará mais leve. Tem muita gente que acha que é prepotência minha, acha que é arrogância. Até porque algumas pessoas estão torcendo para que a crise chegue rápido ao Brasil e que cause estragos — afirmou Lula, no lançamento da plataforma P-51, da Petrobras, no estaleiro BrasFELS, em Angra dos Reis.

O presidente admitiu, porém, que a crise americana é profunda e igualável apenas à de 1929, da Bolsa de Nova York.

— Não estou dizendo que a gente não pode ter dificuldades, mas até agora o Brasil está de pé. Isso porque fizemos as coisas que tínhamos que fazer. Lula também fez alusão à fábula da cigarra e da formiga: — Enquanto a cigarra estava cantando, a gente trabalhava.

Muito agitado em cima do palanque, o presidente discursou por 20 minutos para três mil trabalhadores do estaleiro que, mesmo debaixo de chuva, aplaudiam a cada pausa.

‘Cadê o FMI? Por que ele não dá palpite?’, indaga Lula Lula repetiu que o governo continuará adotando medidas específicas e não lançará um pacote para enfrentar a crise, como fizeram os Estados Unidos.

Segundo ele, os pacotes econômicos do passado foram prejudiciais para os trabalhadores do país.

Depois de chamar as agências internacionais de classificação de risco de palpiteiras, Lula atacou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o presidente, a instituição estaria sendo omissa na atual crise financeira.

O Fundo divulgou ontem, porém, relatório com um cenário sombrio para a crise e cobrou ação dos governos.

— Toda semana descia uma equipe do FMI. Faz isso, faz aquilo. E o coitado do Brasil quebrava. Cadê o palpite que eles estão dando agora na crise americana? Cadê o FMI? Por que o FMI não está lá para dar palpite? Por que não estão na Europa dando palpite? Para Lula, os americanos e europeus devem tomar juízo e cuidado para “resolver os problemas deles?. Segundo o presidente, os brasileiros passaram muito tempo “comendo o pão que o diabo amassou?, e agora, que comem “pãozinho com mortadela?, não querem voltar ao passado.

— Vocês lembram que na época das vacas magras ninguém vinha aqui ajudar. Agora, quando tem prejuízo, eles querem socializar com a gente. Esse tipo de socialismo nós não queremos — disse Lula.

Na contramão de Lula, PT diz que não há ’marolinha’ Após uma longa reunião da Executiva Nacional do PT, em que se discutiu a gravidade da crise financeira, o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), afirmou que a crise não é “uma marolinha? no Brasil.

No sábado, o presidente Lula dissera que, se a crise chegasse ao Brasil, seria uma marolinha.

Segundo Berzoini, o partido avaliou que a crise é grave e vai ter conseqüências para a economia real.

— A crise é de grandes proporções. A dificuldade no sistema financeiro atinge o Brasil. Ela é grave e terá conseqüências para o futuro. Não dá para dizer que é uma marolinha, porque ninguém sabe quanto tempo vai durar. A turbulência no mercado financeiro tem impacto imediato nas exportações e nos investimentos — disse Berzoini.
O Globo

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