Luz para Todos não cumpre a meta de 2 milhões de famílias
O governo Lula não conseguirá cumprir a meta de 2 milhões de famílias atendidas pelo Luz para Todos até o final do ano. O atendimento de ao menos 200 mil dessas famílias será empurrado para o primeiro quadrimestre de 2009, disse o Ministério de Minas e Energia.
Lançado em 2003 pela então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, hoje na Casa Civil e principal presidenciável petista para 2010, o programa tinha como meta inicial 2 milhões de ligações até 2008.
Esse número, baseado no Censo 2000, foi ampliado no ano passado, saltando para quase 3,2 milhões de ligações. A meta inicial permaneceu para 2008, e o restante 1,17 milhão ficou para o final de 2010.
Para atingir a meta de 2 milhões neste ano de eleições, a idéia do governo era atender ao menos 585 mil famílias. O plano fracassou. Até a semana passada, apenas 308,2 mil haviam deixado a exclusão elétrica, totalizando a marca de 1,74 milhão desde a sua implantação.
Tratado como uma "revolução" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Luz para Todos tem um forte apelo eleitoral, pois mexe com a estrutura e os costumes das comunidades beneficiadas pela energia elétrica. Muitos políticos aproveitam essas inaugurações para autopromoção.
O programa, por exemplo, ao levar postes, tomadas e lâmpadas a municípios e comunidades isolados, impulsiona a economia local, com a possibilidade de agricultores triturarem em máquinas a ração dos animais e conservarem resfriado o leite retirado do gado, sem a necessidade do uso de geradores, o que é bem mais oneroso.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a escassez de mão-de-obra especializada e problemas com a entrega de equipamentos, como fios e postes, contribuíram para atrasar o programa neste ano eleitoral.
Um dos principais fatores, diz, foi o aumento do preço do aço no mercado, o que fez muitas empresas atrasarem ou não entregarem os cabos usados para segurar os postes de energia (leia texto nesta página).
Em Minas Gerais, por exemplo, onde há uma forte demanda no norte e noroeste do Estado, a meta neste ano era atender 110 mil famílias neste ano, mas apenas 30 mil serão beneficiadas. "Um problema sério é a falta de empresas especializadas para atender a demanda", afirmou Marcílio Magalhães, coordenador do programa em Minas Gerais.
As famílias que, dentro da meta de 2 milhões, não forem contempladas neste ano -cerca de 200 mil, segundo o governo federal-, serão empurradas para 2009, somando-se às 550 mil já previstas para o período.
Para o ano eleitoral de 2010 restariam cerca de 620 mil famílias a serem atendidas.
Até agora, o pico do programa ocorreu em 2006, ano da campanha de reeleição do presidente, quando foram beneficiadas 590 mil famílias.
O aumento da demanda e a marcha lenta do programa neste ano forçaram o governo a modificar o discurso da universalização de atendimento. Lula falava em levar luz à casa de todas as pessoas ainda em seu governo, mas atualmente o Ministério de Minas e Energia já fala em deixar ao próximo presidente o atendimento do restante das famílias sem luz.
O ministério aguarda dados atualizados do Censo Agropecuário para cruzá-los com a demanda já registrada na pasta.
O programa tem cerca de R$ 13 bilhões em contratos fechados, sendo R$ 9,4 bilhões do governo federal (R$ 6,2 bilhões liberados), R$ 1,6 bilhão dos governos estaduais e R$ 1,9 bilhão das concessionárias de energia. A fatia federal vem basicamente de fundos do setor elétrico, abastecidos pela população que paga suas tarifas de luz. Folha
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