Advogado classifica pressão de "descabida, desmedida e desproporcional" e a considera "um desrespeito" às autoridades brasileiras
Advogado pediu ontem ao ministro Cezar Peluso que liberte Battisti depois que procurador opinou pelo fim do processo de extradição
O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que defende o escritor e ex-militante de extrema esquerda Cesare Battisti, criticou a reação do governo italiano à concessão de refúgio ao italiano. A pressão foi tamanha que o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, chegou a enviar uma carta ao presidente Lula pedindo a reconsideração da concessão do refúgio.
"O que eu não entendo é a pressão descabida, desmedida, desproporcional e ofensiva do governo italiano sobre as autoridades brasileiras", afirmou. "É um desrespeito com as autoridades brasileiras. Uma vergonha, uma vergonha."
Greenhalgh esteve ontem no STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir ao ministro Cezar Peluso, relator do caso, que decida "imediatamente" sobre o pedido de libertação.
Battisti está preso em Brasília desde 2007 e recebeu o status de refugiado político do ministro da Justiça, Tarso Genro, no último dia 13 de janeiro.
Teoricamente, o processo de extradição que corre contra ele, a pedido do governo da Itália, deveria ser suspenso, e o italiano, libertado. O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, no entanto, entendeu que o caso precisaria de uma "análise mais aprofundada" e adiou qualquer decisão, requisitando parecer da Procuradoria Geral da República.
Anteontem, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, enviou parecer ao Supremo defendendo a extinção do processo de Battisti. O documento fez com que Greenhalgh retomasse o lobby pela liberação do italiano.
Ontem, ele disse que irá entrar com outra ação no tribunal pedindo a "urgente" liberdade a Battisti. O documento não havia sido enviado ao STF até o fechamento desta edição.
Para o advogado, o seu cliente deveria ter sido solto desde a decisão de Tarso. "O normal no Brasil é que as pessoas respondam processo em liberdade. Meu cliente está preso há 12 dias, sob constrangimento."
Greenhalgh contou a jornalistas que esteve ontem com Battisti na penitenciária da Papuda, em Brasília, e o caracterizou como "ansioso" e "doente": "Ele está com dieta alimentar dentro da Papuda. Imaginem o estado de saúde dele para uma penitenciária brasileira estar preocupada com a sua alimentação", afirmou. Folha
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