19.1.09

Governo não consegue disciplinar uso de cartão

Um ano após crise, meio de pagamento ainda é usado em compras não-emergenciais

Portal da Transparência aponta gastos com aluguéis em sequência de carros, restaurantes de alto padrão e loja de time de futebol

Um ano depois, a história se repete. Mesmo depois de uma CPI no Congresso e de o governo baixar normas disciplinando o uso do cartão corporativo, servidores continuam a usar o meio de pagamento para compras que não são emergenciais ou que desobedecem o princípio da busca pela economia com o dinheiro público.
Dados do Portal da Transparência revelam que os cartões bancaram aluguéis em sequência de carros, refeições em restaurantes de alto padrão, despesas em delicatessen e até gastos em uma loja do Grêmio.
Também registram uma compra na Dufry Brasil Duty Free -da mesma rede de free shop em que a ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) usou o seu cartão corporativo, no episódio que desencadeou o processo de sua demissão.
A despesa foi feita pelo oficial da Aeronáutica Marcelo José Perez Monteiro. Em outubro, ele gastou R$ 647 na loja Duty Free do aeroporto de Brasília. Segundo a corporação, foram compradas três mochilas para notebook e uma pasta protetora para computador portátil.
Na filial da Grêmio Mania em Santa Maria (a 301 km de Porto Alegre), três funcionários da universidade federal gastaram R$ 2.827 de abril a outubro de 2008 -segundo a instituição, para comprar 26 bolas de futebol. Por telefone, a loja informou que não vende produto que não tenha as cores ou a marca do tricolor gaúcho.
Servidores do IBGE no Mato Grosso gastaram R$ 72,9 mil com o aluguel de carros num único lugar: a Localiza Rent a Car. Foram 94 despesas.
Ano passado, a ex-ministra Matilde gastou R$ 110 mil da mesma forma. À época, seu comportamento foi censurado com o argumento de que, para compras em sequência, é obrigatória a realização de licitação.
No mercado La Palma, uma das mercearias mais caras de Brasília, funcionários do Comando da Aeronáutica compraram R$ 5.056,80 em itens para "alimentação diária do efetivo de militares".
No Ministério da Defesa, um servidor gastou R$ 2.000 na churrascaria Porcão (rodízio a R$ 72 por pessoa), em Brasília. Segundo a pasta, foram pagas refeições a 17 integrantes de comitiva do governo americano.
Aeronáutica e Exército também alegaram a necessidade de receber delegações internacionais para justificar cinco despesas na Potência Grill, em Brasília (R$ 49,90 por pessoa o almoço e R$ 39,90 o jantar).Folha

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