24.1.09

Brasil transportará reféns que forem soltos pelas Farc

Ação foi acertada por Cruz Vermelha, com aval de Bogotá

Com o sinal verde do governo da Colômbia, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha anunciou que o Brasil será o único país que participará, com o envio de dois helicópteros e pilotos, da libertação unilateral de seis sequestrados anunciada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em dezembro. Não há data definida para a operação, por motivos de segurança.
"Vamos fornecer os meios logísticos, mas a operação se dará sob a responsabilidade da Cruz Vermelha Internacional", disse o embaixador do Brasil em Bogotá, Valdemar Carneiro, pouco antes de se reunir com o presidente colombiano Álvaro Uribe, e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que fazia visita a Bogotá.
Não haverá enviados políticos do Brasil. Por exigência das Farc, a senadora oposicionista colombiana Piedad Córdoba, que atuou em libertações unilaterais anteriores, voltará a fazê-lo. A guerrilha anunciou que serão soltos um soldado, três policiais, o ex-governador do departamento de Meta Alan Jara, capturado em 2001, e o ex-deputado Sigifredo López.
A participação de um "fiador" internacional era também uma exigência das Farc para a libertação. Bogotá vinha negando a possibilidade, sob críticas dos familiares dos reféns.
Enfraquecidas pela pressão militar, pelo desgaste político provocado pelos sequestros e pela exitosa e controvertida operação de resgate de Ingrid Betancourt e mais 14 reféns, em julho, as Farc anunciaram a libertação unilateral em 21 de dezembro na tentativa de relançar, com algum holofote internacional, a proposta de intercâmbio humanitário: troca de sequestrados "políticos" por 500 guerrilheiros presos.
Se concretizada a soltura dos seis reféns, as Farc terão em seu poder 22 militares "trocáveis" por rebeldes, e mais centenas de cativos comuns, pelos quais quer dinheiro. O grupo pede que o Congresso aprove um marco legal para as negociações com o governo, como fez no processo de desmobilização dos paramilitares, em 2005. O cenário é improvável.
Segundo o CICV, vários países foram consultados, e o Brasil foi escolhido "por sua proximidade geográfica e pelas facilidades logísticas que poderá oferecer". Contou para aprovação por Bogotá o perfil político discreto do governo Lula na questão, à diferença do governo Chávez -a Embaixada do Brasil na Colômbia afirmou que não haverá declarações sobre o tema até a ação para evitar suscetibilidades. As Farc ainda não disseram se estão de acordo com os planos.
Em 2008, as Farc libertaram seis reféns em "desagravo" ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, à época trocando ataques públicos com Uribe. De lá para cá, eles se reaproximaram, e Chávez tem marcado distância do grupo.
Folha

Nenhum comentário: