17.2.09

Lula manda BB financiar habitação popular

Mesmo sem experiência no setor, Lula ordena banco a financiar imóveis à baixa renda para atingir metas de pacote habitacional

Ordem é dada após Caixa dizer que não atingirá metas do plano lulista, que prevê financiar 500 mil casas neste ano e 500 mil em 2010

O Banco do Brasil irá atuar no financiamento de imóveis para baixa renda. Apesar de esse segmento não ser o foco do banco, que entrou no segmento habitacional recentemente, o presidente Lula deu ordem à instituição para participar como financiador do pacote de habitação popular que deverá ser anunciado após o Carnaval.
A decisão foi tomada depois de Lula ouvir da Caixa Econômica Federal que ela teria dificuldade para, sozinha, levar o mercado a atingir a meta de financiamentos do plano: 500 mil unidades neste ano e 500 mil até o final do ano que vem.
A Folha apurou que a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, disse a Lula que seria possível financiar algo entre 300 mil e 350 mil unidades. Mas, para chegar aos 500 mil, seria necessário reforço do BB, que começou a financiar imóveis em julho, mas não atua com dinheiro do FGTS, principal fonte de recursos nas operações para a baixa renda.
Isso porque não há garantia do interesse dos bancos privados no início do processo. A ideia do governo é fazer com que pessoas que hoje não têm acesso a financiamentos habitacionais sejam incluídas no sistema bancário. Eles são o pilar do pacote do governo. Os maiores benefícios estão sendo direcionados para trabalhadores com renda até dez salários mínimos (R$ 4.650), que terá parte do custo subsidiada.
É nessa camada da população que estará a maior parte da demanda por imóveis nos próximos 15 anos -mais de 70%, segundo estimativas do governo- e onde Lula quer reforçar sua base eleitoral para fazer seu sucessor no ano que vem.
O problema é que os bancos não têm tradição de operar com esse público, e, como a rentabilidade do investimento é menor, preferem focar nas classes mais ricas usando principalmente recursos da caderneta de poupança.
O próprio BB tem, desde o final de 2008, aprovado limite de R$ 1 bilhão no FGTS para fazer financiamentos direcionados ao público do fundo. A previsão é que o dinheiro seja usado neste ano, e o BB já mostrou interesse em utilizar ao menos R$ 300 milhões.
Apesar da falta de experiência do BB na habitação, o banco vê o setor como oportunidade de expansão na crise.
Auxiliar direto de Lula disse à Folha que, após ouvir Maria Fernanda, o presidente conversou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do BB, Antonio Lima Neto, para que o BB fosse parceiro da Caixa no pacote.
O BB confirma só que usará os recursos aprovados pelo FGTS e diz que está em fase de "operacionalização", adaptando os sistemas para o setor.
O pacote habitacional é visto por Lula como uma das medidas mais importantes contra a crise. Como a construção emprega mão-de-obra intensivamente, o pacote pode reduzir o impacto do desemprego maior.
O interesse do BB em expandir sua atuação à habitação é antigo. Mas o banco pretendia, ao menos no início, atuar com famílias de maior renda como seus concorrentes privados.
Hoje o crédito habitacional médio do BB é de R$ 124 mil, e o pacote do governo quer financiar imóveis entre R$ 50 mil e R$ 60 mil.
Desde o início das conversas no governo para começar uma carteira imobiliária, o BB sempre deixou claro que não pretendia ocupar o espaço da Caixa, líder no setor e com larga experiência com a baixa renda.
A experiência do BB com o público de menor renda no governo Lula foi desastrosa. O Banco Popular, criado no início do primeiro mandato lulista para promover inclusão bancária de trabalhadores informais sem renda comprovada, teve que ser absorvido pelo BB depois de sucessivos prejuízos.Folha

Um comentário:

Anônimo disse...

PERGUNTO SE POSSO COM RENDA DE 720,00 COMPRAR UMA CASA NO BB, MORO EM OLINDA