Segundo senador governista, presidente colombiano apresentou condição ontem; partidos aliados preparam convenções
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, disse ontem, em reunião com aliados, que buscará um terceiro mandato caso a coalizão conservadora que o apoia não consiga se unir em torno de um candidato para as eleições presidenciais de maio de 2010. Quem transmitiu o recado do presidente foi o senador Armando Benedetti, do uribista Partido Social da Unidade Nacional (Partido de la U), após se reunir com o presidente.
"O presidente disse que não tem ambição de reeleger-se, mas que ele não vai ser irresponsável com o país ante um pedido de 5 milhões de pessoas", disse Benedetti, em referência às assinaturas coletadas por seu partido para propor o referendo sobre o terceiro mandato como iniciativa popular. O tema está no Congresso.
Segundo o senador, o presidente disse, com "palavras a mais ou a menos", que "sem acordo, terá de tomar outras decisões". A Presidência não contestou as declarações.
Uribe jamais descartou buscar a mudança constitucional para voltar a concorrer. Já disse que disputaria em caso de "hecatombe". É a primeira vez que um aliado falando em seu nome condiciona sua desistência à incapacidade dos uribistas de chegar a um único candidato.
O popular Uribe mantém o tema na agenda quando os partidos que o apoiam organizam convenções sobre 2010.
A discussão esquenta porque se aproxima a data limite de descompatibilização dos cargos para se candidatar. Andrés Arias, do Partido Conservador, pouco conhecido do público mas próximo de Uribe, deixou no começo do mês o Ministério da Agricultura para disputar. Nesta semana, o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, homem-forte do governo, disse que considera concorrer.
O jogo de suspense de Uribe provoca críticas de aliados e analistas -os pró-governo o acusam de causar incerteza política em meio à crise.
O tempo para executar uma mudança na Carta também se encurta. O projeto de referendo sobre o terceiro mandato foi aprovado na Câmara em dezembro. O uribismo, porém, não se entendeu e aprovou a consulta para 2014. Agora a proposta está no Senado.
O governo pode ainda desistir do referendo e propor uma emenda constitucional, evitando tramitar o tema pela Corte Constitucional de Justiça.
Folha
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