5.1.08

Exame indica que Farc não têm um refém que prometiam libertar


Teste de DNA aponta que menino nascido em cativeiro há 3 anos é o mesmo entregue a orfanato em Guaviare

Efe e Reuters

Juan David Gómez Tapiero é Emmanuel Rojas, o filho da refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Clara Rojas nascido em cativeiro, segundo teste de comparação de DNA do menino e da mãe da seqüestrada, Clara González de Rojas. O resultado positivo, anunciado ontem pelo governo da Colômbia, confirma a versão do presidente colombiano, Álvaro Uribe - de que o fracasso da operação de resgate de três reféns que as Farc prometeram entregar se deveu ao fato de que Emmanuel não estava em poder da guerrilha. Além do menino e da mãe dele, as Farc entregariam também a deputada Consuelo González de Perdomo a uma comitiva formada por militares venezuelanos, membros do Comitê INternacional da Cruz Vermelha e representantes de governos latino-americanos e europeus.

Após anunciar o resultado do exame, o procurador-geral da Colômbia, Mario Iguarán, afirmou que o estudo confirma apenas de maneira preliminar a identidade do menino de 3 anos e, por isso, será complementado com outro exame a ser realizado num laboratório espanhol. “Cientificamente, (o resultado) não é 100%, mas se observa que o DNA mitocondrial de Juan David tem total coincidência com o DNA de dona Clara”, disse o procurador. Segundo o promotor, as análises devem prosseguir, uma vez que os testes foram realizados sem amostras do pai ou da mãe do menino. Ivan Rojas, irmão de Clara, afirmou ter total segurança de que Juan David é seu sobrinho. “Se há alguma dúvida por parte de alguém, que libertem minha irmã para fazermos um exame diretamente entre mãe e filho”, disse.

Emmanuel nasceu no cativeiro após Clara - assessora da ex-candidata presidencial colombiana Ingrid Betancourt, ambas seqüestradas em 2002 - ter um relacionamento com um guerrilheiro.

Segundo fontes da inteligência colombiana, as Farc teriam deixado Emmanuel aos cuidados do pedreiro José Gómez na cidade de El Retorno, no Departamento de Guaviare, em 2005. O menino teria sido entregue aos cuidados de Gómez pela guerrilha. Em julho de 2005, o pedreiro levou o garoto, que estava doente, ao serviço de saúde um orfanato ligado ao Instituto Colombiano de Bem-estar da Família (ICBF) em San José de Guaviare, onde a presença de rebeldes das Farc é intensa. Desconfiado de que o menino tivesse sido vítima maus-tratos, o serviço social manteve sua custódia. Segundo o governo colombiano, o menino, registrado como Juan David, está hoje em Bogotá.

A revelação foi feita no dia 31 por Uribe em Villavicencio, na selva colombiana, onde estava em marcha a operação liderada pelo governo venezuelano para buscar os reféns que as Farc prometiam libertar. Segundo a inteligência colombiana, as suspeitas de que Emmanuel e Juan David eram a mesma criança vieram à tona no começo do mês, depois que Gómez tentou desesperadamente recuperá-lo. Uribe afirma que só decidiu divulgar a informação quando ficou claro que as Farc não entregariam os seqüestrados.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, porém, pôs em dúvida a versão de Uribe e afirmou que a intenção do presidente colombiano era “dinamitar” o acordo para a entrega dos reféns.

O governo colombiano pediu ontem às Farc que libertem imediatamente Clara e Consuelo. O pedido foi feito pelo alto comissário para a paz, Luis Carlos Restrepo, após a entrevista coletiva na qual foram revelados os resultados dos testes de DNA. “Esperamos que efetuem (a libertação) com rapidez. Fica absolutamente claro que o compromisso das Farc deve ser cumprido imediatamente”, afirmou Restrepo. “Esperamos que não haja mais demoras, que não haja mais desculpas por parte das Farc e (Clara e Consuelo) retornem imediatamente para casa.”

Restrepo disse que o governo de Uribe continua dando “todas as garantias” para a libertação dos reféns da guerrilha e “ratifica sua confiança” no Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

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