18.9.08

Tarso reclama de prisão de diretor da PF

Em reunião, ministro diz a procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, que pedido de afastamento foi exagero

Número dois da PF, Romero Menezes, foi preso suspeito de favorecer um irmão no Amapá; ele nega privilégios e afirma que é perseguido


A prisão do número dois da Polícia Federal, delegado Romero Menezes, anteontem, provocou um desgaste na relação da corporação com o Ministério Público Federal. Anteontem à noite, o ministro Tarso Genro (Justiça), a quem a PF está subordinada, reclamou diretamente com o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.
Menezes foi preso a pedido do Ministério Público Federal do Amapá, suspeito de ter agido em benefício de um irmão e de ter vazado informações privilegiadas da Operação Toque de Midas, que investiga supostas irregularidades em licitações que teriam sido cometidas pelo grupo EBX, de Eike Batista.
Na avaliação de Tarso e da cúpula da PF, o Ministério Público extrapolou ao pedir a prisão de Menezes, afastado da função de diretor-executivo da corporação após o episódio.
Tarso levou sua reclamação a Antonio Fernando num jantar na casa do advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, anteontem à noite, dia da prisão de Menezes. "A determinação [da prisão] era desnecessária, porque não era pelo perigo que ele eventualmente representava, mas por poder interferir", disse Tarso.
Apesar de o pedido ter sido aceito pela Justiça Federal do Amapá, Menezes não chegou efetivamente a ser preso. Ele recebeu, pela manhã, voz de prisão do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, mas no final da noite de terça obteve um habeas corpus do Tribunal Regional Federal da 1ª Região suspendendo a prisão.
Ao longo do dia, prestou depoimento à Corregedoria Geral da PF e, depois, aguardou no próprio edifício-sede da corporação o alvará de soltura.
"A operação do Ministério Público foi altamente respeitável. Nós consideramos esse controle externo [do Ministério Público sobre a PF] uma necessidade. Mas não tinha nenhum fundamento, nenhuma necessidade o pedido de prisão do doutor Romero", disse o ministro da Justiça.
Segundo ele, Antonio Fernando reagiu com naturalidade a seus comentários e ficou de analisar o caso.
Apesar da indignação causada pela prisão de Menezes, o ministro avaliou que o episódio é benéfico para a imagem da PF. "Se houve contaminação [se ficar provada a culpa de Menezes], a Polícia Federal demonstrou que não vacila em tomar providências contra o número quatro, o número três, o número dois, o número um ou o número zero, que sou eu."
Folha

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