Réus no caso que está sendo julgado pelo Supremo, José Borba e Anderson Adauto tentam vagas de prefeito neste ano
Impedidos pela Justiça de concorrer, Dirceu, Roberto Jefferson e Pedro Corrêa vêem filhos consolidarem suas carreiras políticas
Três réus do caso mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, são candidatos neste ano, e pelo menos sete apadrinham outros políticos.
O ex-deputado José Borba, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, é candidato a prefeito de Jandaia do Sul (PR). Borba, que renunciou ao mandato para não ser cassado, migrou do PMDB para o PP. Sua candidatura foi impugnada em primeira instância, mas foi deferida após recurso.
À Justiça Eleitoral Borba declarou patrimônio de R$ 300 mil, que inclui uma caminhonete Hilux (R$ 153 mil) e aplicações em nome da esposa.
Outro que teve a candidatura contestada mas aprovada em segunda instância foi o ex-ministro Anderson Adauto (PMDB), que tenta se reeleger prefeito de Uberaba (MG).
Adauto, que confessou uso de caixa dois em disputas eleitorais, foi questionado pelo Ministério Público por seu envolvimento com o mensalão. Ele responde a crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e improbidade administrativa. Seu nome foi incluído na "lista suja" da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).
Adauto declarou patrimônio superior a R$ 987 mil, sendo R$ 519 mil referentes a uma mansão que tem em área nobre de Vila Santa Maria, em Uberaba. O prefeito também é sócio de uma empresa de consultoria na área de biocombustíveis.
Apoio de Lula
Outro mensaleiro em campanha neste ano é Professor Luizinho (PT), que perdeu a reeleição para a Câmara federal em 2006 e tenta agora uma vaga de vereador em Santo André -mesmo cargo em que iniciou sua carreira política há 20 anos.
O petista nega até hoje relação com o saque de R$ 20 mil feito por um assessor.
Luizinho foi elogiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na inauguração do campus da Universidade Federal do ABC, em Santo André, há uma semana. À Justiça Eleitoral o candidato petista declarou patrimônio de R$ 457 mil, em sua maior parte formado por imóveis e aplicações financeiras.
Pais e padrinhos
Com os mandatos cassados, os ex-deputados José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE) estão impedidos de concorrer a cargo eletivo até 2014.
Os filhos, no entanto, consolidam suas carreiras políticas. Aline Corrêa, filha de Pedro, é vice na chapa de Paulo Maluf (PP), e Roberto Jefferson tenta reeleger a filha vereadora Cristiane Brasil (PTB), no Rio.
Zeca Dirceu tenta novo mandato na Prefeitura de Cruzeiro d'Oeste (PR), onde venceu em 2004 com 72% dos votos válidos e apoio ostensivo do pai.
Dessa vez, o ex-ministro prometeu não interferir. "Não fui lá e só falo com meu filho uma vez por semana", disse à Folha. O prefeito declarou patrimônio de R$ 157 mil, inclusive uma Brasília velha, ano 78.
Zeca, José Dirceu e Waldomiro Diniz (ex-assessor da Casa Civil) foram acusados pelo Ministério Público, em 2005, de improbidade administrativa. Dirceu teria beneficiado seu filho com a liberação de recursos para Cruzeiro d'Oeste. O processo está em tramitação.
Brasil a fora, mensaleiros têm saído em campanha para apoiar candidatos do PT ou da base aliada do governo. O deputado João Paulo Cunha (PT) foi uma das principais lideranças na convenção de lançamento da campanha para reeleição de Emídio em Osasco (SP).
Na semana passada, o deputado José Genoino (PT) esteve em comício de Marta Suplicy. Paulo Rocha (PT-PA) apóia a eleição de Mario Cardoso em Belém. Delúbio Soares, ex-tesoureiro, já participou de ato da campanha de Iris Rezende (PMDB) em Goiânia.
Folha
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