15.10.09

Dilma monta núcleo político da candidatura

Palocci, Gilberto Carvalho e Franklin Martins integram grupo, que já vem se reunindo com Lula e a ministra

Sob a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, montou um núcleo político para coordenar sua campanha ao Palácio do Planalto. Integrado pelo deputado Antonio Palocci (PT-SP), que chefiou a equipe do programa de governo de Lula, em 2002, o grupo já se reuniu três vezes com o presidente e com Dilma, nos últimos dois meses, com o objetivo de traçar estratégias para a corrida de 2010.

Além de Palocci, fazem parte do time o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, o ministro Franklin Martins (Comunicação Social), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e o marqueteiro João Santana.

No último jantar, há cerca de um mês, Lula falou sobre dificuldades enfrentadas em suas campanhas para atrair apoios além das fronteiras da esquerda. Foi dessas conversas reservadas que saiu a ideia de Dilma comandar reuniões com os partidos aliados e apresentar-se como candidata disposta a fazer acordos políticos, e não apenas como gerentona do governo.

Santana, por sua vez, tem orientado a ministra a vestir o figurino da simpatia. Dona de temperamento explosivo, Dilma ficou conhecida na Casa Civil por distribuir broncas. Sou uma mulher dura, cercada por homens meigos, diz ela, toda vez que é lembrada de sua fama. O marqueteiro deixou Dilma sorridente e pediu a ela que usasse cores mais vivas.

Nos bastidores, porém, é Palocci que ocupa papel de destaque nessa fase de aquecimento da maratona eleitoral, por vezes trocando figurinha com o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Não foi à toa que Palocci compareceu ao jantar na casa de Dilma com dirigentes e parlamentares do PDT, no último dia 6, e com os aliados do PR, na noite de terça-feira. Visto com uma espécie de curinga por Lula, o ex-ministro da Fazenda tanto pode ser candidato do PT ao governo paulista como coordenador da campanha de Dilma.

Na prática, o destino de Palocci está atrelado ao do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), ex-ministro da Integração. O Planalto quer desidratar a candidatura de Ciro à Presidência - tanto que deflagrou ofensiva a fim de garantir o apoio de vários partidos a Dilma - e tenta empurrá-lo para a sucessão do governador José Serra (PSDB).

O cenário dos sonhos de Lula é uma disputa plebiscitária entre Dilma e Serra, para comparar os oito anos de governo do PT com o mesmo período da gestão do PSDB de Fernando Henrique. No xadrez montado pelo presidente, Ciro concorre a governador de São Paulo, com o apoio do PT, e sai do caminho de Dilma. Se esse jogo for confirmado, Palocci não entrará na corrida ao Bandeirantes e poderá coordenar a campanha de Dilma.

Absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da acusação de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, em 2006, o deputado também tem o nome citado para ocupar a Casa Civil, quando Dilma deixar o governo para assumir a candidatura. Lula, porém, tem dúvidas sobre quem deve ser o substituto da ministra.Estadão

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