28.5.09

Lula tenta blindar Dilma na CPI da Petrobras

Governo escolhe a dedo os 8 titulares da comissão para controlar todos os trabalhos; oposição teme investigação sobre era FHC

Para aprovar requerimentos é preciso ter 6 votos, mas a oposição só tem 3 cadeiras; Romero Jucá é o favorito do Planalto para ser o relator



O governo escolheu a dedo os integrantes da CPI da Petrobras para ter controle total do trabalho da comissão, que começa oficialmente na próxima terça-feira. A principal missão dos oito titulares e cinco suplentes governistas será proteger dos ataques da oposição a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), escolhida de Lula como pré-candidata à Presidência.
Além de blindar Dilma, que é presidente do Conselho da Petrobras e mentora do atual modelo energético do país, os governistas querem dominar desde a análise de requerimentos até vazamento de documentos.
Por isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de contar com os líderes do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), entre os titulares. Os dois são cotados para presidir e relatar a CPI, respectivamente. Também são opções João Pedro (PT-AM), como presidente, e Paulo Duque (PMDB-RJ), como relator.
Pelo regimento, o presidente é eleito pelos membros da CPI. A seguir, ele nomeia o relator.
Para relator, Jucá é o favorito do Planalto, que deseja diminuir o poder de influência de Renan Calheiros (AL), líder do PMDB, na comissão. Jucá não se submeteria às ordens de Renan, acreditam os governistas.

"Sou Lula"
No fim da semana passada, Renan ficou irritado com Jucá por ele ter negociado sua presença na CPI com Aloizio Mercadante, líder do PT no Senado. "Não sou Mercadante, não sou Renan. Sou Lula", disse Jucá.
Até a semana que vem, Mercadante tenta definir a situação do senador Inácio Arruda (PC do B-CE). Inicialmente escalado como titular, Arruda precisou ser anunciado como suplente para não abrir mão da relatoria da CPI das ONGs.
Apesar de ter sido nomeado para defender os interesses da Agência Nacional do Petróleo, comandada hoje pelo PC do B, Arruda terá um importante papel na CPI das ONGs.
A oposição se prepara para usar a CPI das ONGs para tentar aprovar eventuais requerimentos de convocação e quebra de sigilo rejeitados na comissão da Petrobras. A estratégia funcionou no passado, quando a CPI dos Bingos conseguiu emplacar pedidos vetados nas comissões dos Correios e do Mensalão.
Para aprovar requerimentos é preciso seis votos. Com três senadores, a oposição sabe que dificilmente conseguirá avançar nas investigações.
Por isso, o PSDB escalou Alvaro Dias (PSDB-PR), que ontem já partiu para o ataque dizendo que pretende compartilhar com o Ministério Público todos os documentos e informações que receber.
O outro tucano titular é o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que vai tentar evitar que se vasculhem contratos da época do governo FHC.
Renan também escolheu homens de sua confiança para compor a comissão, como Paulo Duque (RJ), que deve defender os interesses do governo do Rio de Janeiro, e Almeida Lima (SE). Entre os titulares do PMDB, o mais fiel a Renan é Leomar Quintanilha (TO).
Para não depender apenas do PMDB, a oposição definiu ontem que é preciso fazer uma ofensiva nos Estados. Deputados e senadores do DEM e do PSDB vão aos eleitores para contra-atacar o discurso do governo federal de que eles querem acabar com a Petrobras. Folha

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