Além de Valério, Pizzolato, Guimarães e Duda, compadre de Lula e amigo de Dirceu também são contatos de Humberto Braz
Maior parte dos eventos em diário de acusado de tentar subornar delegado da PF ocorreu em 2004, na época de repasses do mensalão
A agenda do ex-diretor da Brasil Telecom Humberto Braz, acusado de tentar subornar um delegado da Polícia Federal em nome do banqueiro Daniel Dantas, revela uma série de encontros com pessoas direta e indiretamente envolvidas no escândalo do mensalão. Chamado pela PF de lobista de Dantas, Braz se entregou à polícia no domingo, depois de passar cinco dias foragido.
Na agenda, há nomes como Marcos Valério, Henrique Pizzolato, Ivan Guimarães, Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes. Fora do capítulo mensalão, Braz mantinha contato também com os advogados Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, amigo do ex-ministro José Dirceu.
Muitos dos eventos registrados na agenda, à qual a Folha teve acesso, ocorreram em 2004. O escândalo do mensalão ainda não tinha vindo a público, mas os pagamentos a deputados federais governistas eram efetuados, muitos deles, no guichê do Banco Rural, segundo conclusão da própria CPI dos Correios, que investigou o caso. O caso mensalão, que veio à tona em 2005, foi um dos maiores escândalos do governo Lula.
Relações
Duda Mendonça e sua sócia, assim como Kakay e Teixeira, têm como justificativa para os encontros com Braz relações comerciais com a BrT, apesar de o ex-diretor da empresa e homem de confiança de Daniel Dantas não ter cuidado nem da área jurídica nem de publicidade da empresa.
Já no caso de Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, não havia razões comerciais que fossem públicas para manter contato com Braz.
Pizzolato foi apontado como um dos recebedores de dinheiro do mensalão. Guimarães trabalhou junto com ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares na arrecadação de recursos da campanha petista em 2002.
As companhias de telefonia controladas pelo Opportunity, Telemig Celular e Amazônia Celular, foram apontadas pela CPI dos Correios como duas das principais fontes que alimentaram o "valerioduto".
Ao todo, as duas telefônicas transferiram R$ 152,5 milhões, entre 2000 e 2005, à agência de propaganda DNA, usada por Valério para repassar a propina aos deputados da base aliada ao governo Lula.
Apesar do repasse de verbas, a CPI constatou que parte dos serviços nunca foi realizada pelas agências de publicidade em favor das duas telefônicas.
A BrT chegou a assinar dois contratos de publicidade (R$ 50 milhões ao todo) em 2005 com as agências de publicidade de Marcos Valério.
Apesar de os dois contratos terem sido suspensos após a divulgação do escândalo naquele ano, a BrT depositou R$ 3,9 milhões para a SMPB Comunicação, uma das agências de publicidade das quais Valério era sócio, e R$ 823,5 mil para a DNA. Até então, a principal agência da BrT era a de Duda Mendonça, com um orçamento de cerca de R$ 40 milhões.
Kakay e Teixeira receberam da BrT, respectivamente, R$ 8,6 milhões e R$ 1,2 milhão durante a gestão do Opportunity. Auditoria contratada após a saída do banco de Dantas do comando da empresa não detectou contratos ou efetiva prestação de serviços pelos dois advogados, como revelou reportagem da Folha de ontem.
Folha
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