15.12.07

Colômbia responde a declaração de Ortega sobre chefes das Farc

da Efe, em Bogotá

O Governo colombiano enviou nesta sexta-feira (14) uma nota de protesto à Administração da Nicarágua depois que o presidente do país centro-americano, Daniel Ortega, chamou de "irmãos" os chefes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A Chancelaria colombiana disse à Agência Efe que o protesto foi enviado pelo ministro das Relações Exteriores, Fernando Araújo, ao seu colega nicaragüense, Samuel Santos López, em resposta às declarações feitas por Ortega na semana passada.

No último dia 7, o presidente da Nicarágua se referiu aos "irmãos" das Farc ao falar das 45 pessoas que a guerrilha mantém em cativeiro. Além disso, chamou o fundador e principal líder do grupo guerrilheiro, conhecido como "Manuel Marulanda" ou "Tirofijo", de "querido irmão".

"O Governo da Colômbia expressa o seu mais enérgico protesto contra as declarações do senhor presidente Daniel Ortega, relacionadas com assuntos internos que são de exclusiva competência da República da Colômbia", disse Araújo na nota.

O chefe da diplomacia cobrou explicações do Governo da Nicarágua, ao qual pediu para "não intervir" nos assuntos internos de seu país.

Além disso, rejeitou as expressões de Ortega sobre "processos internos do Governo colombiano" e criticou a "linguagem familiar para se referir ao principal líder da organização narcoterrorista das Farc e seus seguidores, sem consideração pelas milhares de vítimas de seus crimes atrozes".

"Quero fazer um apelo a nosso querido irmão, o comandante Manuel Marulanda, em nome dos revolucionários latino-americanos", disse Ortega no dia 7 de dezembro. Na ocasião, ele pediu ao líder das Farc a libertação da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, seqüestrada em 2002.

Ortega também criticou esta semana ao Governo da Colômbia por ter cancelado a mediação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na busca de um acordo com as Farc que permitisse a troca de 45 reféns da guerrilha por 500 presos rebeldes.

O presidente da Nicarágua disse na quinta-feira que existe o "risco de assassinarem Ingrid para culpar a guerrilha".

Araújo afirmou hoje que "agradece a todo tipo de solidariedade e apoio na luta que o povo da Colômbia trava contra o flagelo do terrorismo". No entanto, ressaltou ser "obrigado a repudiar frases de irmanação com terroristas".

"Elas vêm do chefe de Estado de uma nação democrática que tanto sofreu em seu passado por causa da violência", comentou, em alusão à Nicarágua.

O chanceler também lembrou a Ortega "a obrigação de todos os Estados de não intervir nos assuntos de outra nação, com ações que não correspondem ao espírito de entendimento dos países latino-americanos".

Ele acrescentou que a Colômbia espera "o esclarecimento destas expressões, a fim de evitar que elas afetem negativamente as relações" com a Nicarágua.

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