Raupp culpa secretária e poupa Renan no episódio
Na tentativa de aliviar a situação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responsabilizado pela decisão de tirar os senadores peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) da Comissão de Constituição e Justiça, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), investiu contra a secretária-geral da Mesa, Cláudia Lyra. Raupp acusa a servidora de agir indevidamente, não por ter concretizado a substituição dos senadores, mas por ter atuado antes de ele falar com Jarbas e Simon. "Infelizmente (ela) quebrou a confiança, não posso deixar mais nada para o dia seguinte." O líder nega que Renan tenha interferido. É desmentido pelos fatos.
Segundo testemunhas, minutos antes de os requerimentos terem sido lidos, Renan chamou Cláudia a seu gabinete. Heráclito Fortes (DEM-PI), que presidia a sessão, contou anteontem que estava para encerrar a sessão quando a secretária levou-lhe o documento, lido com o plenário vazio. "Lamento ter sido testemunha deste episódio", disse Heráclito.
Na terça-feira, em jantar na casa de Raupp, a idéia de retirá-los da CCJ tinha sido sugerida por Wellington Salgado (PMDB-MG), da tropa de choque de Renan. Na quarta, na reunião da CCJ, Salgado acusou Jarbas de promover "um golpe", ao relatar o projeto de resolução que determina o afastamento de senadores envolvidos em denúncias dos cargos da Casa. Ninguém no Senado duvida que Salgado, também desta vez, atuou por orientação de Renan.
Raupp tenta passar a idéia de que a servidora - à revelia de Renan - resolveu que Heráclito deveria atrasar o encerramento dos trabalhos até que os requerimentos fossem lidos. Cláudia tem quase 30 anos de Senado e o fato de sempre ter sido fiel a seus superiores desmonta a tese de que teria agido por conta própria.
Mas, para Raupp, a culpada foi mesmo a servidora. "Eu tinha de tomar a decisão mais cedo ou mais tarde porque os senadores não votam com a orientação do partido. Mas antes queria conversar com eles." O líder disse não entender a solidariedade recebida por Jarbas e Simon. "Só porque são da oposição não se pode mexer?" E comparou os dois a seus filhos. "Pesa, dói no coração, mas você tem de dar puxões de orelha nos seus filhos."
Rosa Costa para Estadão
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