11.10.07

Defensores e adversários batem boca no plenário

A pressão provocada pelo caso do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), gerou ontem debates inusitados entre seus defensores e adversários. Depois que Gilvam Borges (PMDB-AP), aliado de Renan, avisou em discurso que não condenaria um senador sem provas, Mário Couto (PSDB-PA) o interrompeu para perguntar se ele não recebia mensagens pela internet o criticando. Segundo Gilvam, 90% dos e-mails que recebe são elogiosos.

Foi o suficiente para que Couto começasse a gritar: "Ai, meu Deus do céu! Ai, que eu estou maluco!", disse, agitando braços e pernas e arrancando risadas do plenário, incluindo Gilvam. "O senhor não deve estar lendo os e-mails que recebe. Mil por cento dos e-mails que eu recebo diz para tirar esse Renan daí. Eu estou maluco! Vou correndo agora me tratar no hospital!", gritou o senador.

"O senhor lembra que, quando o senador Renan fez seu primeiro discurso de defesa, formou-se uma fila para parabenizá-lo? Dessa vez ninguém foi lá cumprimentá-lo", criticou Couto. Gilvam reagiu. "Joana D’Arc foi queimada viva na fogueira. Jesus Cristo foi preterido em relação a Barrabás. Sou um homem do perdão e um homem justo. Se me convencerem, eu aceito. Só não aceito a intransigência brutal e violenta dizendo que ele tem que ser condenado sem provas. Quem tornou ele esse grande demônio? Onde estão as provas?" E acrescentou: "Eu ando tranqüilo nas ruas no meu Estado. As pessoas me abraçam. E sobre os e-mails, eu separo os que criticam e leio os que cumprimentam", disse, provocando outra reação instantânea de Couto: "Então não vai sobrar nada para o senhor ler."

Magno Malta (PR-ES) entrou no debate. "O clima está asfixiante. Parece que o Senado é um elevador que deu pane, cheio de pessoas com síndrome de pânico, e não dá para sair. E veja só. Tudo nesse caso faz sucesso. A Mônica Veloso está fazendo sucesso na Playboy. Daqui a pouco, o Francisco Escórcio posa para uma G Magazine e pode fazer sucesso. Com Photoshop, quem sabe?", disparou, referindo-se ao ex-senador e assessor de Renan suspeito de tentar espionar senadores da oposição.
Estadão

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