Hugo Marques
Assessor especial Sato participou de reuniões na Secretaria da Pesca quando foram discutidas as obras de Itajaí |
Após as enchentes que atingiram Santa Catarina no fim do ano passado, o governo federal liberou R$ 350 milhões para a recuperação do Porto de Itajaí. Até hoje, porém, a obra não saiu do papel. Enquanto o porto corre risco de sofrer novas erosões, uma auditoria da Casa Civil acusou 19 tipos de irregularidades na contratação das empreiteiras, desde sobrepreço até falhas no projeto. Diante disso, o Ministério Público Federal (MPF) decidiu abrir investigação que envolve o assessor parlamentar Marcelo Sato, casado com Lurian, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o procurador da República em Itajaí, Marcelo da Mota, Sato estaria envolvido nas negociações das obras.
"Há indícios para investigar a intervenção de Sato junto a órgãos do governo federal", diz o procurador, que pediu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região para investigar todas as pessoas citadas na Operação Influenza da Polícia Federal, que apurou um esquema de fraude no porto. Em entrevista à ISTOÉ, Sato negou o poder que lhe atribuem: "Eu até gostaria de ter, mas infelizmente, ou felizmente, nesse caso, não tenho esse tipo de influência."
Sato admite ter participado de reuniões em Brasília, incluindo encontros com o ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, para acelerar as obras do Porto de Itajaí. "Eu estive na secretaria em companhia do deputado Décio Lima", diz Sato. "Esse ano fui lá umas quatro ou cinco vezes. Sempre participo na condição de assessor, nem me sento à mesa, fico atrás do deputado." Procurado por ISTOÉ, o ministro Brito negou, enfaticamente, que Sato tenha participado das reuniões na secretaria. "Nunca houve agendamento desse senhor", informou a assessoria do ministro. ima (PT-SC) também nega os encontros. "O Marcelo Sato não participou das reuniões na SEP, não é tarefa dele", disse Lima, que foi superintendente do Porto de Itajaí. Sato é assessor da esposa de Lima, a deputada estadual Ana Paula (PT-SC).
Além do MPF, o Tribunal de Contas da União (TCU) também está investigando as obras no Porto de Itajaí. Em relatório enviado à SEP, o TCU aponta um conflito de interesses, já que parte da obra de aprofundamento do canal está a cargo da Construtora Triunfo, do mesmo consórcio que controla o Portonave, concorrente privado do Porto de Itajaí. "Tal fato pode, eventualmente, estar prejudicando o andamento regular da obra", diz o TCU, que detectou a ocorrência de "jogo de planilhas" nos contratos, ou seja, serviços iniciais com preços superiores aos de mercado e serviços finais com preços inferiores. "Essa Triunfo se une a todo mundo e eu não conheço a empresa e nem sei onde fica", defende-se Sato. O genro de Lula garante que é inocente e encerra o assunto com ironia: "Vou entrar com um processo por empobrecimento ilícito. De 2003 para cá, só empobreci."
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