Editorial da Folha
É OTIMISTA a conta segundo a qual 737 mil estudantes brasileiros frequentam faculdades ruins. O cálculo considera ruins apenas as que receberam nota 1 ou 2 no mais recente índice de avaliação do Ministério da Educação, que vai até 5. Mas a nota é comparativa, de modo que sempre haverá melhores e piores, mesmo se a qualidade geral for excelente -ou, o que é mais provável, má.
A proliferação de formandos com conhecimento insuficiente é notória. A forte ampliação na oferta de vagas em faculdades tem sido impulsionada por programas como o ProUni, que, apesar de bem-sucedido, pouco contempla a igualmente necessária qualificação das instituições.
É de esperar que, com mais alunos admitidos, o grau de conhecimento médio na porta de entrada seja mais baixo. Há inequívoco avanço quando toda uma geração de jovens tem a oportunidade, que seus pais não tiveram, de continuar os estudos além do nível secundário. Mas cabe ao governo evitar que tantas expectativas de ascensão profissional acabem prejudicadas por um ensino de má qualidade.
A avaliação do MEC prestaria um serviço público mais completo se divulgasse, ao lado da classificação, os dados do IDD -indicador que tenta medir o conhecimento que os alunos assimilaram ao longo dos anos. Também é preciso dar maior visibilidade a experiências positivas, as chamadas boas práticas, que possam ser adotadas para orientar a melhora das faculdades ruins.
Por fim, é preciso descredenciar as que sofrem reprovações seguidas. Dentre as nove instituições que obtiveram nota 1 no ano passado, oito permaneceram no mesmo patamar e a última impediu na Justiça a divulgação do índice. Pouco adianta concluir que os alunos são mal instruídos se alternativas para a correção do problema não forem oferecidas com rapidez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário