Ligado aos movimentos sociais - Arns é sobrinho do cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, e da coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns -, ele também rebateu as críticas de petistas de que ele deixará o partido porque necessita de votos para renovar o mandato ano que vem. E, em resposta ao presidente Lula, admitiu dificuldade de relacionamento com o governo nestes anos em questões administrativas. Mas diz que, agora, o problema é de princípios.
O presidente Lula disse que o senhor é um companheiro que tem seus valores, mas sempre foi muito encrencado com o PT. Esse é o motivo da sua saída do partido?
FLÁVIO ARNS: De fato houve muitas dificuldades no decorrer desses anos. Sempre fui muito crítico do relacionamento, não do partido, mas do Executivo, com a sociedade organizada. Sempre disse que havia uma falta de respeito, uma desqualificação, uma desvalorização com os movimentos sociais. Também não gosto de ficar devendo favores. Não tenho pessoa indicada em qualquer cargo do governo. Agora, o que a militância pensa de tudo isso é exatamente o que eu penso. O que existe é uma falta de sintonia entre as lideranças e a base.
Vários integrantes do PT dizem que o senhor estaria querendo faturar com críticas ao PT porque precisaria de votos para se reeleger.
FLÁVIO ARNS: É uma interpretação equivocada. Já esperava isso. Mas quando as pessoas de bem dizem isso, falo que o divisor de águas foi outro. Porque se não houvesse os votos dos senadores do PT, e particularmente a orientação do presidente do partido (Ricardo Berzoini), nós nem estaríamos discutindo o assunto. Houve ainda a supervisão do Palácio do Planalto para esse tipo de atitude. Dizer que estou saindo por causa de votos é absolutamente inverídico.
Mas não foi humilhante para a bancada votar obedecendo ao presidente Lula? Ou os petistas votaram por convicção pelo arquivamento das denúncias contra Sarney?
FLÁVIO ARNS: Eu penso que a bancada do PT foi desqualificada nesse episódio faz muito tempo. Quando fizemos a primeira reunião, decidindo pela investigação e pelo afastamento do presidente Sarney, a bancada foi chamada para um jantar no Palácio da Alvorada. O que saiu no dia seguinte foi que o presidente Lula havia enquadrado o presidente do PT. Na sequência, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) desautorizou a posição da bancada, dizendo que essa era a posição de um ou dois senadores do PT. Berzoini chamou a posição de Mercadante de infantil. A bancada está sendo humilhada. O Globo
Um comentário:
Não me iludo com políticos:
"Arns convive com o risco de ser preterido na candidatura ao Senado pela mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento), Gleisi Hoffmann e esta aproveitando a oportunidade pra trocar de partido, e ficar de bem com seus eleitores".
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