O procurador da República Mario Lucio Avelar pediu à Justiça Federal de Cuiabá a quebra do sigilo telefônico do gerente executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa, em 2006. Avelar quer investigar contratos da estatal com a NM Engenharia, para saber se há ligação entre a empresa e o chamado "dossiê dos aloprados". Petistas foram indiciados por terem tentado vender documentos, na campanha eleitoral de 2006, para tentar envolver tucanos com a fraude na venda de ambulâncias superfaturadas.
Avelar pede que a Polícia Federal quebre o sigilo dos telefones em nome de Santarosa, de 1º de agosto a 15 setembro de 2006, época da negociação do dossiê. Também requisitou a quebra do sigilo das linhas em nome de Paulo Eduardo Nave Maramaldo e de sua empresa, a NM Engenharia e Anticorrosão, que presta serviço à Petrobras. E sugere que a PF identifique todos os contratos entre a estatal e a empresa. Por Anselmo Carvalho Pinto e Tatiana Farah
Santarosa falou 16 vezes com Hamilton Lacerda
De 1º a 15 de setembro de 2006, Santarosa e Hamilton Lacerda, então assessor da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo do estado, trocaram 16 telefonemas. Lacerda foi considerado, pela PF, o articulador da compra do dossiê e indiciado no inquérito, assim como Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos num hotel de São Paulo com R$1,7 milhão. O dinheiro seria usado para comprar o dossiê de Luiz Antonio Vedoin, dono da Planan, principal empresa do esquema da máfia das ambulâncias.
Passos e Padilha foram presos em 15 de setembro de 2006, em São Paulo; Vedoin foi preso no mesmo dia, em Cuiabá, com os documentos montados para tentar comprometer políticos do PSDB. Nas investigações, a PF chegou a Lacerda, identificando-o como o homem que entrou no hotel carregando uma pasta com o dinheiro.
Contratos de R$45,9 milhões com MN Engenharia
Em sua defesa, Lacerda disse que intermediou a publicação de uma reportagem e não comercializou o dossiê. Com a quebra de sigilo telefônico de Lacerda, a PF chegou às ligações de Santarosa e de Maramaldo, cuja empresa tem contratos com a Petrobras. O GLOBO localizou nove contratos da Transpetro com a NM firmados de fevereiro de 2006 a 2008, somando R$45,9 milhões - sete por carta convite e dois, no total de R$50 mil, com dispensa de licitação.
Em 2006, a Polícia Federal chegou a pedir a quebra do sigilo telefônico de Santarosa e de Maramaldo, mas não informou se a Justiça Federal concedeu o pedido. O inquérito segue em segredo de Justiça. O caso está no Supremo Tribunal Federal porque envolveu o nome de Mercadante, depois excluído por falta de provas.
Segundo o relatório da CPI das Ambulâncias, entre os telefonemas trocados entre Lacerda e Santarosa quatro foram em 11 de setembro de 2006 e outro dia 14, véspera da prisão dos "aloprados". Naquele dia, segundo a PF, Lacerda fez uma ligação para o telefone em nome de Maramaldo. Instantes mais tarde, Santarosa ligou para o telefone de Lacerda. O Globo
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