Dantas acusa Protógenes de forjar prova e fazer escuta ilegal
Dono do banco Opportunity afirma à CPI dos Grampos que a Satiagraha foi "operação de espionagem" e tinha interesse em influenciar a criação de supertele
O empresário Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity, afirmou ontem à CPI dos Grampos que houve escuta ilegal (sem autorização da Justiça) e montagem de gravações na Operação Satiagraha da Polícia Federal, de julho do ano passado, quando ele foi preso sob a acusação de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa. Dantas acusou o delegado Protógenes Queiroz "pela armação".
O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, disse que não comentaria as declarações de Dantas. A reportagem não localizou Protógenes, que sempre negou escuta ilegal.
Durante seis horas e meia, Dantas usou a maior parte do tempo para se defender e atacar a investigação da PF.
"Foram escutas ilegais praticadas pelo Protógenes e sua equipe. Não sei se [usando a estrutura] da PF ou da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]", disse. "Essas gravações estão mutiladas, têm enxertos, têm subtrações. Não existem os originais. Os originais desapareceram."
O banqueiro apresentou um laudo assinado pelo perito Ricardo Molina que comprovaria montagem na gravação do vídeo em que seu ex-executivo Humberto Braz teria oferecido propina de US$ 1 milhão para um delegado federal abafar a investigação da Satiagraha.
"Tem o vídeo [do encontro de Braz com o delegado] e tem o áudio e foi apresentado, em rede nacional, o vídeo com o áudio. Depois foi descoberto que o vídeo é feito por um equipamento e o áudio por outro. E o vídeo não corresponde ao áudio. O áudio é separado do vídeo. Há montagem", afirmou.
Laudo de outros peritos, disse Dantas, atesta a escuta ilegal.
No total, foram mais de nove horas de gravação ambiental de conversas em restaurantes, com autorização da Justiça. No processo em que Dantas acabou condenado por corrupção ativa, o procurador da República Rodrigo de Grandis transcreveu os diálogos considerados mais importantes, que fundamentam a acusação.
O relatório final do corregedor da PF Amaro Vieira Ferreira sobre os supostos abusos cometidos por Protógenes durante as investigações diz que foi achado em um hotel em São Paulo, no qual o delegado se hospedava, vídeo que seria a prova de que jornalistas da Globo foram os autores da filmagem da tentativa de suborno. Os jornalistas, diz Ferreira, se deixaram filmar num espelho.
Devido à tentativa de suborno, Dantas foi condenado pela Justiça Federal a dez anos de prisão em regime fechado. Ele recorre em liberdade. O material é tido como a maior prova da Satiagraha contra Dantas.
Ainda na CPI, Dantas levantou a suspeita de que Protógenes fez espionagem empresarial passando dados a concorrentes do Opportunity. "As conversas entre diretores jurídicos de nossas empresas foram encontradas na casa de Protógenes. Na casa."
Ele também acusou a PF de ter passado dados à Telecom Itália na Operação Chacal de 2004, que investigou a empresa Kroll por suposta espionagem.
Dantas disse ainda que sua proposta para deixar a BrT (Brasil Telecom), empresa da qual era acionista, foi levada pelo ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh a uma lista de autoridades do governo. Essa relação, afirmou, incluía a ministra Dilma Rousseff.
Segundo o banqueiro, o governo queria sua saída da BrT para a empresa ser comprada pela OI (Telemar), levando à criação de uma supertele. "A operação [da PF] teve múltiplos objetivos. Foi uma operação de espionagem. Os dados colhidos por essa ampla estrutura eram para ser usados na briga societária da BrT."
A Satiagraha, com base nas escutas telefônicas, levantou a suspeita de que Greenhalgh teria sido lobista de Dantas no governo para a criação da supertele, um negócio de R$ 5,3 bilhões concluído neste ano.
"A grande virtude, no nosso entender, é que nós enxergamos como uma operação de desejo de governo. E já estávamos cansados de trabalhar com o governo contra", disse Dantas.
Greenhalgh afirmou que só levou a proposta de Dantas para os fundos de pensão, que então controlavam a BrT. Nega lobby. A Casa Civil disse que Dilma não tratou da BrT com Greenhalgh, pois o assunto não dizia respeito ao governo.
A reportagem não conseguiu falar com a Kroll nem com a Telecom Itália. Folha
Um comentário:
Esse bandidão Daniel tem os 4 poderes na mão e no bolso e tá por trás de um escândalo TÃO GRANDE que o cartão de crédito corporativo que o fernando henrique usa até hoje gastando o dinheiro do povo e o mensalão, vão parecer traquinagem de criancinha.
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