Ribas não aceitou acordo, que tem como vantagem a diminuição da pena; prazo da PF está acabando
Correndo contra o tempo, a Polícia Federal decidiu apostar na delação premiada para fazer prova contra quem encomendou os dólares que o PT reuniu para adquirir o dossiê Vedoin.
Os benefícios da delação foram oferecidos a Fernando Ribas, sócio-proprietário da Vicatur, casa de câmbio da Baixada Fluminense que mobilizou família de laranjas para repassar US$ 109,8 mil aos quadros do PT envolvidos na trama. Essa quantia representa menos da metade do total em dólares - US$ 248,8 mil - apreendidos em 15 de setembro com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, negociadores do dossiê.
Punição mais branda e outras vantagens é o que a PF oferece a Ribas. Mas o doleiro resiste, em nome do pacto de silêncio que marca as atividades do mercado negro da moeda americana.
A delação é legal, recentemente adotada pelo Brasil no combate a organizações criminosas. A polícia pode acenar com esse recurso em favor do investigado, mas cabe ao juiz a eventual homologação do acordo. A proposta foi feita na semana passada, em conversa com policiais que antecedeu o seu indiciamento. A PF o acusa de crime contra o sistema financeiro - operações fraudulentas de câmbio. A colaboração pode ser negociada em qualquer fase da apuração.
A polícia já dispõe de dados sobre quem fez a encomenda dessa parte da bolada de R$ 1,75 milhão que o PT juntou para adquirir o material contra tucanos. A suspeita cai sobre um petista histórico, que trabalha em Brasília. Sem provas, propôs a delação premiada e, simultaneamente, formalizou pedido à Justiça para quebra do sigilo telefônico da Vicatur e de seus controladores. Por esse caminho espera confirmar a identidade do personagem que teve a incumbência de arrecadar os dólares.
A delação será oferecida a outros doleiros. O prazo da PF para desvendar o escândalo é exíguo - tem pouco mais de três semanas para encerrar a investigação.
CASAS DE CÂMBIO
Os federais miram mais quatro casas de câmbio como possíveis fornecedoras do segundo lote de dólares (US$ 139 mil). A PF obteve na Justiça autorização para abrir o sigilo de operações de câmbio dessas instituições. Os documentos estão sendo analisados pelos investigadores.
'Parte dos dólares americanos estava com numeração seqüencial', anotou o delegado que preside o inquérito, Diógenes Curado, em relatório enviado ao juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá. Segundo os EUA, as séries de notas entraram no Brasil através do Banco Sofisa. 'Até aquele momento, havia um controle sobre a numeração das cédulas', destacou o delegado.
O banco vendeu a corretoras, que passaram o dinheiro às casas de câmbio, que fizeram a venda a particulares. 'Em todo esse caminho não existiu mais controle das notas e, pior, começaram a surgir fraudes para esconder a real operação', disse.
Estadão
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