Para Araújo, delegado Bruno mentiu ao depor sobre prisão de Gedimar e Valdebran e precisa de tratamento
O superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo José de Araújo, afirmou ontem que são falsas e fantasiosas as afirmações feitas pelo delegado Edmilson Pereira Bruno ao Ministério Público Federal sobre uma suposta 'operação abafa' após a prisão dos petistas envolvidos com a compra do dossiê Vedoin. Para ele, as acusações de Bruno têm 'conotação política'.
O delegado Bruno foi o responsável pela prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, no dia 15 de setembro, no Hotel Ibis Congonhas, em São Paulo, com R$ 1,75 milhão. No depoimento prestado em 23 de outubro, ele afirmou aos procuradores que o superintende da PF e o delegado Severino Alexandre teriam demonstrado preocupação quanto ao caso. Bruno acrescentou que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi avisado por São Paulo sobre a prisão e quis saber se o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido envolvido.
'Isso tudo é fantasia da cabeça desse rapaz', rebateu o superintendente da PF ontem. 'Eu não sei o que está acontecendo com o Bruno. Espero que ele se recupere logo e volte ao seu estado normal. Ele precisa se tratar.'
Araújo confirmou que recebeu um telefonema de Bastos - e não que teria ligado, como diz Bruno -, mas negou que tenham falado sobre o presidente. 'É a coisa mais normal quando tem alguma operação de repercussão o ministro querer tomar conhecimento. O ministro ligou para mim, mas não foi conversado nada demais. Nunca houve nada sobre o presidente da República.'
Araújo negou ainda que Bastos tivesse feito qualquer pedido para que os envolvidos não ficassem detidos. 'Nunca houve isso. Ele está interpretando uma conversa sem saber o que foi falado. Como ele pode saber o que meu interlocutor falava do outro lado da linha?'
Para Araújo, 'salta aos olhos a conotação política' das afirmações do delegado. 'Não dá mais para confiar no Bruno. Cada hora ele apresenta uma versão diferente. Nem a imprensa está mais dando crédito para ele.'
PROCESSO
Além disso, Araújo negou que Bruno esteja sendo perseguido dentro da PF e não tenha direito à defesa. É que o delegado é alvo de um processo administrativo interno por causa do vazamento das fotos do dinheiro apreendido com os petistas.
'É mentira que ele está sendo perseguido e não tem direito de defesa. É exatamente o contrário, ele se recusa a receber a intimação para apresentar sua defesa no processo administrativo', explicou Araújo.
O superintendente da PF também desqualificou as afirmações feitas pelo delegado Bruno de que tenha sido afastado do caso da compra do dossiê. 'Isso não é verdade, ele não poderia ter sido afastado do caso porque o caso nunca foi de São Paulo. Essa é uma investigação de Cuiabá', afirmou. 'Ele era um mero plantonista que atendeu a uma ocorrência e, justiça seja feita, trabalhou muito bem naquele dia.'
Estadão
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