5.11.06

Planalto já afaga tucanos!

Lula precisa negociar e começa a sondar governadores

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete receber com “tapete vermelho” os seis governadores tucanos que serão empossados em 1º de janeiro. Mas não é só. De acordo com um assessor do Palácio do Planalto, os seis serão tratados a “pão de ló”, expressão do velho jargão político que significa receber com mimos, cuidando para que não falte alguma coisa ao convidado.

Lula tem dito a assessores que goza da amizade dos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e que tem conversado rotineiramente com ambos por telefone. Serra e Aécio estarão, nos próximos quatro anos, à frente dos dois maiores colégios eleitorais do País. O presidente tem dito que essa proximidade o ajudará a desanuviar as negociações com o PSDB, o principal partido de oposição, e com os outros governadores tucanos -Yeda Crusius (RS), Cássio Cunha Lima (PB), Teotônio Vilela Filho (AL) e Ottomar Pinto (RR).

Yeda era motivo da maior preocupação de Lula, não só porque a campanha eleitoral de segundo turno no Rio Grande do Sul, contra Olívio Dutra (PT), foi muito tensa, mas porque Yeda foi uma liderança tucana que, no Congresso, não deu tréguas ao PT. É dela, por exemplo, a ação na Justiça que tenta proibir a cobrança, nas folhas de pagamento do Estado, das contribuições de servidores públicos ao PT.

Mas a gaúcha se mostrou disposta ao diálogo. Ela já conversou por telefone com Lula, falou de suas preocupações com a situação do Estado, que, entre os 27 da União, é o que compromete a maior fatia da receita para pagar a dívida com a União e o que tem menor disponibilidade de recursos para investimentos. A governadora eleita não se dá bem com Olívio Dutra, mas tem um bom relacionamento com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, o que facilitou o diálogo.

Lula quer também ter uma relação próxima com o único governador eleito pelo PFL, o atual deputado José Roberto Arruda, que assumirá o governo do Distrito Federal em 1º de janeiro. Na segunda ou terça-feira o presidente receberá Arruda para uma primeira conversa sobre a situação de Brasília.

Quase toda a arrecadação do DF tem origem nos repasses do governo federal, como o Fundo de Participação dos Estados (FPE), o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), dinheiro para o custeio do Judiciário e do Ministério Público e o Fundo Constitucional do Centro-Oeste, que repassa R$ 4 bilhões anuais para Brasília.
Estadão

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