Com Genoino, João Paulo Cunha e outros mensaleiros, ex-ministro foi indicado para Diretório Nacional petista
Prestes a retornar ao Diretório Nacional do PT, depois do caso do mensalão em 2005, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu já se depara até mesmo com colegas de partido dispostos a endossar sua volta à Executiva Nacional da sigla. Réu no processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o escândalo, Dirceu foi descrito pela Procuradoria-Geral da República como "chefe da quadrilha" que operava o esquema. Desde então, submergiu para os bastidores da articulação política da sigla e do governo.
Ao lado de nomes como os deputados João Paulo Cunha (SP) e José Genoino (SP), este último presidente do PT na época da crise de 2005, Dirceu foi confirmado no último fim de semana na lista de indicados da ala majoritária da sigla para compor o novo Diretório Nacional, que será instalado em fevereiro.
Nas próximas semanas, o presidente eleito do partido, o ex-senador José Eduardo Dutra (SE), vai se debruçar na montagem da Executiva Nacional, que reúne 18 postos estratégicos da hierarquia partidária, dá a linha de atuação da sigla e referenda decisões dos 81 membros do Diretório Nacional.
CAMPANHA DE DILMA
Apoiadores da volta de Dirceu afirmam que o PT não pode prescindir, em 2010, de quadros experientes e, principalmente, familiarizados com uma campanha presidencial. Esta é a primeira vez que a sigla se lança numa disputa pelo Palácio do Planalto sem ter o presidente Lula como candidato e encara o desafio de convencer o eleitorado a votar na chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ex-homem forte do governo Lula e ex-presidente do PT, Dirceu trabalha há meses nos bastidores angariando apoio para a campanha de Dilma.
"A minha opinião é a de que o Zé Dirceu tem lugar garantido em qualquer instância diretiva do PT", diz o secretário de Finanças, Paulo Ferreira. "Dirceu pagou o pato, pagou uma conta que não era dele. O mesmo vale para o Genoino", emendou o tesoureiro do PT.
No ano passado, quando a corrente Construindo um Novo Brasil procurava um candidato à presidência do partido, houve quem sugerisse o nome de Dirceu. Foi na mesma época que começou a tomar forma um movimento para que ele voltasse ao Diretório Nacional. Dirceu chegou a dizer ao Estado que recusaria qualquer proposta para retornar à direção petista. Meses depois, seu nome foi incluído na chapa da corrente para a eleição interna realizada em novembro passado. "Tenho orgulho de estar na mesma chapa que José Dirceu, Genoino e outros companheiros", disse Dutra, durante o seminário em São Roque (SP), no último fim de semana, onde foram confirmadas as indicações ao diretório.
A preocupação com a busca de quadros qualificados para a Executiva costuma ser justificada por uma regra estatutária do PT. Pela norma, estão proibidos de permanecer na instância os integrantes que ocuparam o mesmo posto por dois mandatos consecutivos, assim como os que estiveram por três mandatos seguidos em funções diferentes.
Estão livres, por exemplo, o secretário-geral, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), e o de Organização, Paulo Frateschi. Mas devem sair, obrigatoriamente, nomes como o presidente da sigla, deputado Ricardo Berzoini (SP) e o próprio Ferreira. As negociações prosseguem, mas a expectativa é de que Cardozo fique no posto. O deputado estadual Rui Falcão é cotado para a Secretaria de Comunicação. Já o favorito para o lugar de Ferreira é João Vaccari Neto, presidente da Bancoop. Estadão
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