24.11.09

FAB dá carona a filho de Lula e mais 15

Avião estava chegando a Brasília e voltou a SP para pegar o presidente do BC, que não sabia que levaria também Lulinha e convidados

Assessoria da Presidência afirma que "é normal o presidente convidar pessoas para se encontrar com ele e oferecer transporte"


Faltando dez minutos para pousar no aeroporto internacional de Brasília no dia 9 de outubro, uma sexta-feira, o Boeing 737 de prefixo 2116, da FAB (Força Aérea Brasileira), teve de mudar de itinerário e retornar a São Paulo para buscar novos passageiros: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o empresário Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, com 15 acompanhantes.
Meirelles afirma, por meio de sua assessoria, que solicitou o avião para transportá-lo de São Paulo para Brasília e que apenas no momento do embarque soube que, "por solicitação da Presidência", o filho de Lula e mais 15 pessoas "aproveitariam o voo da aeronave colocada à disposição do BC".
A viagem do Boeing começou em Gavião Peixoto (SP), levando a Brasília militares a serviço da Aeronáutica. Eram 17h, já perto da capital federal, quando o comandante recebeu ordem de voltar a São Paulo.
O Boeing voltou e pousou às 19h em Guarulhos, onde foi abastecido. O comandante recebeu nova ordem: os passageiros embarcariam em Congonhas, não em Guarulhos.
O Sucatinha partiu de Guarulhos às 20h30. Como já havia sido abastecida, a aeronave teve que ficar voando por uma hora para gastar combustível e ingressar nas condições de pouso em Congonhas, onde aterrissou às 21h30.
Os militares foram deslocados para a parte traseira, para que os novos passageiros embarcassem. A decolagem foi às 23h. O avião chegou a Brasília uma hora e 40 minutos depois.
O presidente do BC diz que não sabia o itinerário anterior do avião, deslocado para atender a sua chamada quando estava para pousar em Brasília.
O Boeing, conhecido como Sucatinha, faz o transporte aéreo do vice-presidente da República, dos presidentes do Senado, da Câmara ou do STF, de ministros ou ocupantes de cargo com status de ministro (como Meirelles) e de comandantes das Forças Armadas.
Segundo a regra que regulamenta o uso da aeronave, as autoridades que solicitarem o uso do avião devem informar à Aeronáutica "a quantidade de pessoas que eventualmente as acompanharão".
O decreto diz ainda que "o transporte de autoridades civis em desrespeito ao estabelecido" no texto "configura infração administrativa grave".

Outro lado
A assessoria do Banco Central diz que Meirelles solicitou a aeronave da FAB apenas para ele e um assessor.
A assessoria de imprensa da Presidência da República afirma que os passageiros, incluindo Lulinha, eram convidados do presidente Lula:
"É normal o presidente da República convidar pessoas para se encontrar com ele em Brasília e oferecer transporte pelas aeronaves que servem a Presidência da República".
Lulinha não foi localizado para comentar o caso. A assessoria da Presidência afirma que não fornece informações sobre familiares de Lula.
A Presidência, o BC e a FAB não forneceram a lista de passageiros solicitada pela Folha.
O tenente-coronel Henry Wender, assessor da FAB, afirma que, como o Boeing estava à disposição da Presidência, a FAB não tem controle de lista de passageiros e de itinerário. Folha

Um comentário:

Airton Leitão disse...

Antigamente, o slogan das Casas da Banha era "Uma família a serviço do povo".
Agora, os tempos são outros e o slogan é: "O povo a serviço de uma família".
Charles de Gaulle continua vivo: "O Brasil não é um país sério!"