5.11.09

Aposentados: governo impede votação de reajuste

Sob vaias dos aposentados e críticas da oposição, o governo impediu ontem a votação, na Câmara, do projeto que prevê a extensão do reajuste dado ao salário mínimo a todas as faixas de benefícios do INSS. Como anunciado na véspera, o governo manobrou para manter a pauta trancada pela medida provisória 466, que trata do setor elétrico, evitando, assim, a votação da proposta. O clima foi de muita gritaria e vaia nas galerias, tomadas pelos aposentados ligados à Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), incentivados pela oposição.

A extensão do aumento do mínimo a todas as faixas de benefícios do INSS criaria impacto de pelo menos R$ 6,9 bilhões em 2009. Hoje, cerca de 8,2 milhões de aposentados ganham benefícios acima do mínimo.

Relator da MP 466, o governista João Carlos Bacelar (PRBA) executou a manobra e pediu prazo para entregar o parecer.

Assim, a pauta permaneceu trancada para votação de projetos de lei. Bacelar admitiu que até a sua avó lhe pedira para votar a favor dos aposentados.

Os aposentados, que lotaram as galerias da Casa, custaram a compreender a manobra.

— É evidente que o relator da MP estava a serviço do governo! — explicou o líder do PPS, Fernando Coruja (SC).

— Esse pedido de prazo foi orquestrado pelo governo, que não tem coragem, não tem compromisso com os aposentados de dizer o que é ou não possível — acrescentou o líder do PSDB, José Aníbal (SP).

Coube ao líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP), fazer a defesa do governo.

— Todos que ganham o valor do mínimo, sem exceção, tiveram a inflação mais a variação do PIB. Não houve perdas no governo Lula! Se for para todos, o salário mínimo não terá o reajuste (prometido). Não será com demagogia, com propostas fáceis que vamos construir esse país. Não vamos fazer demagogia e não vamos nos intimidar com vaias! — discursou Vaccarezza, irritando os aposentados, que aumentaram as vaias e ficaram de costas para o plenário.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), pediu calma às galerias e ameaçou limitar o acesso ao plenário. Temer disse que fez a sua parte ao colocar a proposta na pauta.

Com a manobra regimental, não há data para a votação da proposta. E o governo tentará oficializar o acordo com as principais centrais do país. O Globo

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