4.10.07

Exaustão


Dora Kramer


A ameaça do senador Almeida Lima de distribuir "sapatadas" aos adversários, feita no Conselho de Ética, na terça-feira, e a intervenção do suplente Wellington Salgado ontem, na Comissão de Constituição e Justiça, acusando o senador Jarbas Vasconcelos de imprimir "mau cheiro" ao Senado, dão a medida da profundidade do poço que Renan Calheiros cava para enterrar a instituição.

O líder do PSDB, Arthur Virgílio, fez um desabafo eloqüente sobre a exaustão da Casa com o processo de desmoralização. Apontou a deformação de os senadores precisarem se afirmar éticos a cada instante - visto ser este um pressuposto básico na vida de qualquer cidadão, notadamente dos detentores de mandato público -, mas seu argumento foi atropelado por um sofisma da líder do PT, Ideli Salvatti, segundo o qual "a ética não pode ser o centro de tudo".

Não era sobre isso que falava Virgílio. Mas a petista, junto com Salgado e Almeida integrante da tropa de choque do presidente do Senado, aproveitou para patrocinar uma espécie de "Cansei" da ética.

O tema, de fato, não deveria tomar os espaços de debate e decisões do Senado.

Só tem tomado exatamente pela carência de ética na conduta do presidente da Casa. Sustentado por ela e tantos outros - inclusive oposicionistas hoje arrependidos - que não tiveram o tirocínio de perceber com quem lidavam e acreditaram que camaradagem substitui venalidade. Não substitui. Daí o Senado hoje pagar o preço de sua falta de percepção.

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