28.3.06

A nudez de Lula

A demissão de Antonio Palocci deixa o conjunto da obra mais ou menos assim:
1 - Todas as idéias que Luiz Inácio Lula da Silva tinha a respeito do Brasil eram apenas "bravatas", jogadas na lata do lixo de sua história como presidente da Repúblicas.
2 - Todos os seus dois, digamos, primeiro-ministros, José Dirceu e Antonio Palocci, não resistiram a um grito de Roberto Jefferson ("sai daí, Zé, rapidinho") e a uma frase de um modesto caseiro, respectivamente.
3 - O nível de solidariedade do presidente para com seus homens de confiança é assustador. Assustador, digo, para quem supostamente tem a solidariedade. Dura apenas enquanto dura o uso que Lula possa fazer deles. Quando passam a atrapalhar a única coisa que realmente interessa ao presidente (o poder e, naturalmente, a sua manutenção), são decapitados e humilhados.
Pior: aceitam a humilhação.
4 - Não dá para acreditar que Palocci saiu por ter perdido "condições políticas" de permanecer no cargo. Saiu porque Lula avaliou que a permanência do ministro prejudicava suas chances reeleitorais. Só.
5 - Ninguém, no governo ou no PT, nem sequer cochichou uma crítica à violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo e à transformação do acusado em perseguido. Ninguém. O que só prova, se ainda fosse necessário, a decomposição ética e moral do lulo-petismo.
6 - Para fechar a lista, o próprio presidente diz, em horário nobre dominical, que seu partido está "desmoralizado". Se o presidente de honra do PT, seu fundador e líder máximo, seu único candidato presidencial na história do partido, diz tal coisa, só uma anta seria capaz de dizer o contrário.
Em qualquer país do mundo em que se produzisse tal conjunção de fatos, todos diriam que o governo está desmoralizado.
Só no Brasil há o pudor ou o medo ao patrulhamento de dizer que o rei está nu. Obscenamente nu.
Clovis Rossi
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