31.3.06

Discurso Almeida Lima

A história da filosofia tem registrado que a ascensão de grandes movimentos políticos da humanidade, embora tivessem como causa a conjuntura política, econômica e social da época, eles foram precedidos de reflexões, de teorias e de doutrinas formuladas com muita antecedência, até secular. Assim aconteceu com a revolução francesa, com o comunismo na União Soviética, com o nazi-fascismo e tantos outros. Não obstante viessem a ser, posteriormente, suplantados, derrotados e sucedidos, as doutrinas que deram fundamento a esses movimentos continuaram latentes, e a sua recorrência pode se dar a qualquer momento da história, desde quando outras circunstâncias surjam para lhes requisitar.

Assim já acontece, por exemplo, com o fascismo que, na Alemanha recebeu o nome de nazismo – palavra originada da sigla NAZI que é a abreviatura do primeiro nome, em alemão, do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistiche Deutsche Arbeiterpartei) e doutrina política e social adotada por Adolf Hitler. Essa doutrina concebida no início do século XIX e que teve como precursores Fichte, Mazzini, Carlyle e Nietzsche, aplicada por Hitler pouco antes da segunda guerra mundial e derrotada por ela, está muito viva em toda a Europa e aqui mesmo no Brasil, com as variações pertinentes à conjuntura local de cada país. O que eu não imaginei, em princípio, é que ela se fizesse presente em nosso meio de forma dissimulada, não rotulada, embora evidente e visível em todas as ações do PT - Partido dos Trabalhadores e do governo do Presidente Lula da Silva.

Assim como o NAZI - Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, o PT - Partido dos Trabalhadores não formulou um projeto de governo para um mandato de quatro anos. O objetivo foi um projeto de poder para transformar o Brasil num Estado totalitário, fascista intolerante e antidemocrático. Os maiores líderes, a exemplo de Lula, José Dirceu e José Genuíno, enganaram àqueles segmentos da igreja católica, dos intelectuais, dos trabalhadores, dos artistas e até mesmo políticos que imaginaram estivessem a construir um projeto socialista para uma sociedade igualitária, fraterna e democrática. Enganaram e abandonaram a todos.

Estou advertindo: o projeto fascista está em curso. O Presidente Lula da Silva é o seu comandante, e nem mesmo os escândalos que afogam o seu governo tem arrefecido esses ânimos. O processo de aniquilamento das instituições democráticas é patente. A ascendência que o governo exerce sobre os poderes Judiciário e Legislativo não visa o exercício da busca de apoio para as suas ações de governo, mas, tão somente, a desmoralização dessas instituições pelas decisões que impõe e sempre na contra mão dos anseios da população brasileira que clama pela cassação dos corruptos que o legislativo não cassa e pela sua prisão que o Judiciário não decreta. A marcha que o PT põe em curso é a prática da doutrina do niilismo, da descrença absoluta para a destruição das instituições existentes e a construção de uma nova sociedade sob a égide do totalitarismo.

O aparelhamento do Estado é uma realidade. O PT e o Presidente Lula da Silva transformaram a administração federal numa máquina ineficiente. Empregaram a militância partidária que não tem preparo e é incompetente, visando o controle político da máquina para efetivarem a vigilância dos cidadãos através da bisbilhotice indecente e criminosa. O aparelhamento atende, ainda, ao objetivo da corrupção, não apenas para a locupletação pessoal, mas, também, para financiar o projeto de Estado totalitário, o que levou José Dirceu a justificar que o roubo do dinheiro público com esse objetivo não é corrupção. As garantias individuais não existem. O que falta é só decretar o Estado de Sítio. O governo, no comando do Estado, violou direitos fundamentais como a intimidade, o estado da pessoa, a condição cidadã, a situação pessoal-familiar. Não houve nenhuma reação à altura da ação delinqüente desse governo, salvo a demissão tardia e cerimoniosa que teve por objetivo transformar criminosos em vítimas. Nada mais se fez. O povo esperou vê-los presos, saindo algemados do Ministério da Fazenda e da Caixa Econômica Federal.

Órgãos do Estado como o Ministério da Justiça e a Polícia Federal não estão sendo diligentes no combate ao crime e às práticas ilegais desse governo, na medida em que dificultam as investigações, retardam diligências que poderiam preservar provas de crimes cometidos como no caso dos computadores e da agenda de Waldomiro Diniz, além de não diligenciar as informações das contas de Duda Mendonça no exterior que foram solicitadas pela CPI que prestam um grande serviço ao país, não obstante a interferência prejudicial e inadequada do STF – Supremo Tribunal Federal.

Enquanto isso, o Presidente Lula da Silva viaja pelo país cumprindo um ritual criteriosamente elaborado, dentro de uma perspectiva filosófica concebida e executada com maestria, atendendo a princípios doutrinários consagrados pelo processo histórico.

Enganam-se os que imaginam que ele cumpre um papel de bobo da corte. Os nossos doutores em ciência e filosofia estão sendo postos para trás pelo retirante semi-analfabeto. Não perceberam, ainda, que o núcleo desse grupo não é formado de “mansos nem ponderados”, são, na verdade, adeptos da irracionalidade filosófica.

Não é do meu feitio prometer, mas assumo o risco do compromisso de trazer uma análise fundada em princípios doutrinários filosóficos que estão embasando as ações do Presidente Lula da Silva e que objetivam fazer do Brasil um Estado totalitário fascista.

Os presentes da dona Marisa

Marisa Letícia acostumou-se a ganhar roupas caras e cortes de cabelo de graça, como se tudo isso fosse muito natural

A primeira-dama da República, dona Maria Letícia da Silva, parece ter adotado hábitos peculiares no Palácio do Planalto. Há várias semanas já se discute abertamente em Brasília de que modo ela paga suas despesas de caráter pessoal. Um de seus fornecedores freqüentes, o cabeleireiro Wanderley Nunes, dono do Studio W, o salão mais caro de São Paulo, revelou que oferece, a título de cortesia, todos os cortes de cabelo de dona Marisa. Custam cerca de 250 reais cada. “Veja se eu vou cobrar algo da primeira-dama”, disse Wanderley à DINHEIRO. O coiffeur também revelou que dá de presente toda a tintura usada por ela. Nesta semana, um novo fornecedor veio a público. Na coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o estilista Ivan Aguilar revelou que já ofereceu presentes avaliados em pelo menos R$ 30 mil à dona Marisa. Foram terninhos, vestidos e tailleurs. “Presta atenção: você está dando uma roupa para o presidente e para dona Marisa; neste caso, você não cobra”, disse Aguilar, com total naturalidade.

Wanderley e o salão: No Studio W, em São Paulo, cada corte custa R$ 250. O cabelereiro diz que a primeira-dama, cliente especial, não precisa pagar pelo serviço
O problema é que não convém a governantes, assim como a suas esposas, receber presentes caros. É algo que não combina com a liturgia do cargo. Além disso, de acordo com as normas da Comissão de Ética Pública, um servidor público pode receber presentes que custem até R$ 100. Acima desse valor, recomenda-se a devolução ou a doação a algum programa de caridade. Cada vestido assinado por Aguilar, segundo ele mesmo, custa entre R$ 800 e R$ 1,2 mil e foram 27 tailleurs e 15 ternos, por sua conta. Dona Marisa parece ter dificuldades em lidar com a questão dos presentes. Quando visitou os Emirados Árabes Unidos, no fim de 2003, a primeira-dama foi presenteada pela família real com um conjunto de jóias caríssimas, cravejadas de brilhantes. Só depois de muito tempo dona Marisa concordou em doar as jóias ao Fome Zero. O que também impressiona no caso recente é o fato de os dois fornecedores da primeira dama, o coiffeur Wanderley e o estilista Aguilar, terem mudado suas versões. Ambos antes sustentavam que tinham sido pagos – Wanderley em dinheiro e Aguilar em cheques assinados pelo próprio presidente Lula. Mas depois que o Tribunal de Contas da União começou a investigar o uso dos cartões corporativos da Presidência da República, bem como os milionários saques em dinheiro, os dois vestiram a roupa do empresário generoso. “Isso não me custa muito”, diz Wanderley. “Ela vem aqui uma vez a cada dois meses”, afirma. O caso de Aguilar é mais grave – e não apenas porque os seus serviços de alfaiate custam mais. “Fiz isso por marketing”, diz. Ou seja: um costureiro transformou a primeira-dama da República em sua garota-propaganda.

Aguilar, com Marisa: estilista diz que doou a ela R$ 30 mil em trajes

Também se comenta que o hábito de dona Marisa, que chegou a plantar um canteiro de flores no Palácio do Alvorada com uma estrela do PT, se estenda aos filhos e noras, que seriam fregueses assíduos e especiais do Studio W. Chegariam ao salão em Ômegas blindados, acompanhados de seguranças. Wanderley, porém, nega. “Mentira, mentira, mentira”, diz. Não custa lembrar que um dos filhos do presidente, Luís Cláudio, levou no início deste ano vários amigos para passar férias no Palácio do Alvorada em aviões da Força Aérea Brasileira. Ficaram 15 dias na residência oficial. Além disso, o próprio presidente lançou um projeto de reforma do Palácio do Alvorada, patrocinado por várias empresas privadas. Talvez não estejam percebendo que empresários não costumam dar nada de graça. Durante o governo Collor, as ligações do tesoureiro Paulo César Farias com a Casa da Dinda começaram a ser investigadas justamente quando PC disse a célebre frase sobre a primeira-dama Rosane: “Madame está gastando demais”.

Como funciona a FR, a empresa das notas frias do Planalto
O dono da firma é apenas um laranja. O homem que a operava sumiu. Há dois inquéritos contra ela. Mas suas notas justificavam saques de dinheiro vivo com cartões do Governo

Antônio Ambrósio Evangelista mora num barraco de fundos na periferia de Brasília, ganha um salário de R$ 385 mensais numa pastelaria de rodoviária e desde a semana passada ocupa o centro das atenções do Palácio do Planalto. Antônio Ambrósio, o Tonhão, é empresário. Pelo menos no papel. Ele é sócio majoritário da FR Comércio, Serviço e Representação Ltda., empresa que se tornou fornecedora oficial da Presidência da República. Fornece cartuchos de impressoras. Ou melhor, fornece notas fiscais onde consta a venda de cartuchos para a Presidência. Mas a FR do pasteleiro Tonhão está sendo acusada de fornecer notas fiscais frias (e falsas) para justificar os saques em dinheiro vivo com os cartões de crédito corporativos do Palácio do Planalto. A empresa tem sede legal em um apartamento residencial (vazio) na cidade-satélite de Taguatinga, não possui funcionários, o telefone foi cortado por falta de pagamento e é controlada de fato, por procuração, por um certo Francisco Ramalho, dono das iniciais FR, que até dias atrás podia ser encontrado pelos funcionários do Planalto através de um celular pré-pago – mas agora está foragido da polícia. Enfim, o pasteleiro é só um laranja. Encontrado por DINHEIRO, ele se mostrou assustado ao descobrir que se tornara protagonista de um problema federal. “Pensei que a empresa tivesse sido fechada há três anos”, disse. “Só sei que assinei uns papéis para o Chicão, conhecido da minha ex-mulher”.

“Essa empresa frágil e essas notas frias provam que o Planalto faz uso de fornecedores precários para justificar saques em dinheiro vivo”, acusa, à DINHEIRO, o senador Álvaro Dias, que descobriu a FR. “Se já estávamos todos impressionados com a lambança dos esquemas do PT, agora vamos ficar chocados com a bagunça que virou o uso dos cartões corporativos”, acrescenta. Há duas semanas, reportagem da DINHEIRO revelou com exclusividade que cerca de dois terços das movimentações efetuadas com os cartões de crédito corporativos do governo federal eram, na verdade, saques em dinheiro vivo. Após a denúncia, o Tribunal de Contas da União determinou uma devassa nas prestações de contas do Palácio do Planalto. Na tarde de quinta-feira 1º de setembro, quatro auditores do Tribunal de Contas da União começaram o trabalho – com foco especial nos saques em dinheiro vivo. Coincidentemente, no mesmo dia o Palácio do Planalto reviu suas posições sob o tema. Na véspera, Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, justificara as relações comerciais do Planalto com a empresa FR, dizendo que ela fornece material de escritório para o palácio desde o ano 2000 – portanto, seria herança do governo FHC. Também negou com virulência a existência de notas frias nas prestações de contas. “Isso é uma leviandade”, afirmou Dilma. No dia seguinte, a ministra voltou atrás. A Casa Civil divulgou uma nota admitindo que a Secretaria da Fazenda do Distrito Federal informara que a FR vem emitindo notas fiscais “inidôneas” desde junho de 2002. Ou seja, que as notas eram frias. “A Casa Civil está remetendo o resultado da sindicância à Secretaria da Receita e ao Ministério Público Federal para a apuração de eventuais crimes de sonegação fiscal”, informa a nota.


Não é preciso ir muito longe para concluir que há algo de muito estranho com a FR. A empresa já está, desde maio, sob investigação da Delegacia de Crimes Contra a Ordem Tributária do DF. É suspeita de sonegação fiscal e falsificação de notas fiscais. De acordo com o inquérito, a última impressão de nota quente ocorreu em 2002, durante o governo FHC. A partir de 2003, todas as notas emitidas pela FR seriam falsas – inclusive aquelas entregues ao Palácio do Planalto. Existe um segundo inquérito contra a FR, desta vez correndo na Justiça de Goiás. O promotor Marcelo Lobão está apurando o envolvimento da empresa em fraudes no fornecimento de merenda escolar à Prefeitura de Águas Lindas, aglomerado de favelas com 200 mil habitantes, a 60 quilômetros de Brasília. A FR chegou a emitir R$ 1 milhão em notas de fornecimento de alimentos – que não foram entregues. “Essa empresa não passa de fachada”, disse Lobão à DINHEIRO. “Sua única atividade comprovada é vender notas frias”.

Consta na Receita Federal que a FR é especializada em venda de alimentos, material hospitalar, cama, mesa e banho – entre outros 32 itens. Vende também material de informática. A empresa foi descoberta por conta de alguns detalhes curiosos. Ano passado, o TCU fez uma rápida inspeção nas contas do Planalto. Levou então uma pequena amostra de 52 notas fiscais, referentes a cinco prestações de contas de saques em dinheiro vivo com cartões de crédito corporativos. O senador Álvaro Dias pediu uma cópia dessas notas ao TCU e descobriu que quatro delas eram da FR. Todas se referem a compras de cartuchos de impressora. Têm valores idênticos, datas sucessivas, numerações consecutivas e validades vencidas. Somam R$ 2,96 mil, valor quase tão miúdo quanto os ganhos de Tonhão - mas suficientes para preocupar o Planalto.

Dilma recua: Em nota, ministra admite o que antes dizia ser “uma leviandade”: há notas inidôneas na prestação de contas dos cartões oficiais

Mas afinal, quem estaria por trás da FR? O pasteleiro Tonhão lembra-se de ter assinado uma procuração para Chicão, apelido de Francisco Ramalho. Um assessor de Álvaro Dias telefonou para o número do celular pré-pago que consta em uma das notas fiscais do palácio e gravou um breve diálogo com Chicão. Ele confirmou que toca a empresa, mas os negócios com o Planalto seriam de um parceiro seu, um tal de Edmilson, cujo sobrenome diz que não sabe. Edmilson, segundo Chicão, compra suas notas e as repassa para o Planalto. Pelo menos 24 delas, totalizando cerca de R$ 11 mil, são frias. Elas aparecem nas prestações de contas da ecônoma Maria da Penha Pires, responsável pelo pagamento de despesas da Secretaria de Comunicação do Governo, então comandada pelo ex-ministro Luiz Gushiken. Segundo o levantamento feito pela DINHEIRO que deu origem à devassa do TCU, seus saques em dinheiro vivo com o cartão corporativo do governo somaram R$ 74 mil em 2004. Diante das evidências, a Casa Civil, que antes negara qualquer irregularidade nos saques, informa agora que “continuará com os trabalhos de sindicância para apurar se houve conivência de servidores públicos com os fatos apurados”. E tomou uma medida, tardia, para evitar que novas empresas suspeitas tenham acesso aos cofres públicos. “Finalmente, a ministra Dilma Rousseff determinou à Secretaria de Administração da Casa Civil a organização de um cadastro de fornecedores de bens e serviços de contratação direta (com dispensa de licitação), melhorando os procedimentos de controle interno dos gastos com cartões”, diz a nota divulgada na quinta-feira. Finalmente.

Mais um = OKA ATIRA NO PT!!

Okamotto diz que despesas de Lula foram feitas a trabalho

Ele reafirmou que tirou dinheiro de sua conta para saldar essas pendências.

O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, criticou duramente, hoje, o Partido dos Trabalhadores (PT) no caso do pagamento de despesas pessoais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista concedida ao ´Jornal Gente´, da Rádio Bandeirantes de São Paulo, ele garantiu que esses gastos foram lançados há anos na contabilidade da agremiação.

"Vamos fazer jornalismo investigativo. Se vocês forem investigar verão que esses gastos estão registrados há anos na contabilidade do PT. Como já disse antes, é uma contabilidade equivocada", disse. "O partido está cobrando adiantamentos feitos para viagens que tiveram contas prestadas, mas não foram dadas as baixas".

Okamotto deu como exemplo de sua indignação o caso da cobrança de uma passagem da primeira-dama, dona Marisa, que, a convite do próprio PT, integrou uma comitiva que viajou para a China. Segundo ele, o partido também está cobrando por viagens que Lula realizava no Brasil e que, por falta de atenção, não era prestadas contas ao PT e que por isso ficavam pendentes.

"Na homologação, todas essas despesas que foram lançadas há dois, três, quatro, cinco anos atrás apareceram. Esses gastos são despesas de representação, de trabalho, ele (Lula) estava trabalhando para o PT. Portanto, o partido deveria assumir isso".

O presidente do Sebrae falou que resolveu assumir esses gastos porque eles já estavam lançados. Para ele, a única forma de resolver a questão, do ponto de vista contábil dos partidos políticos, era fazer o pagamento dos valores pendentes na conta do PT em nome de Lula.

"Os partidos políticos têm uma contabilidade especial. Quitar esses lançamentos, que, na minha opinião, foram feitos equivocadamente, era a única maneira de dar baixa".


Dinheiro próprio
Paulo Okamotto reafirmou que tirou dinheiro de sua conta para saldar essas pendências. Ao mesmo tempo, falou que foi ao STF para tentar impedir a quebra de seu sigilo porque precisava preservar seus direitos individuais.

"A CPI aprovou um requerimento para saber como eu paguei essas contas. O que eu vou fazer? Se esse requerimento chegar à minha pessoa, vou pedir ao banco todos os depósitos que foram feitos na minha conta e o valor deles para saber se há algum dinheiro ilícito nisso tudo, para ver se não é dinheiro do meu salário, dos meus rendimentos..."

Okamotto assegurou que a única forma de liquidar as despesas era com "dinheiro vivo". Isso porque, em todo partido político, os depósitos têm que ser identificados, têm que ter origem.

"Se eu faço um depósito ´Paulo Okamoto´ na conta, a origem é ´Paulo Okamotto´ e ´Paulo Okamotto´ não pode pagar a conta de uma despesa que está lançada no nome de outra pessoa", explicou. "Então, era necessário ser em nome do presidente Lula".


Despesas da filha de Lula
Paulo Okamotto foi incisivo ao dizer que não pagou despesas da filha do presidente Lula. Segundo ele, essas informações foram divulgadas pela imprensa, mas o presidente do Sebrae garante que não quitou nada.

"Essas contas não são nem da filha do presidente. Se você for examinar bem vai ver que a conta é de uma pessoa que foi fiadora, estava sendo executada judicialmente, com os bens penhorados, que iriam a leilão. Esse débito era resultante de atraso no pagamento de aluguéis de uma empresa. Essa empresa cedeu uma edícula para montar o escritório da Lurian".

Questionado sobre a razão dos saques ora serem feitos por ele ora por sua mulher, Okamotto revelou que juntou o dinheiro sacando de suas contas no Banco do Brasil e que apenas pediu à sua mulher que fizesse as retiradas. "Como a conta da empresa era onde nós tínhamos numerário disponível, ela tirou dinheiro vivo dessa conta", explicou.


Vicentinho
O presidente do Sebrae admitiu que, se pudesse prever as repercussões que essas atitudes causariam anos mais tarde e as críticas contra sua pessoa, poderia ter feito tudo de forma diferente. Ele disse que não é uma pessoa que surgiu do nada e acha profundamente injusta a maneira como vem sendo tratado ultimamente.

"Eu tenho um passado, uma vida profissional, uma militância política. Fui presidente do partido em São Paulo, fui dirigente sindical, fui cassado, tenho ajudado a construir essa agremiação há 25 anos, tenho me dedicado a entender o processo de gestão de empresas, tenho trabalhado isso nos sindicatos. Acho tudo isso muito injusto".

A surpresa surgiu quando, no decorrer da entrevista, Paulo Okamotto revelou que também deu ajuda financeira ao deputado Vicentinho. De acordo o presidente do Sebrae, o parlamentar recebeu dele entre R$ 26 mil e R$ 28 mil. Rejeitando o rótulo de ´bondoso´ por suas ´doações´, ele tentou justificar a atitude.

"Eu nem falei na época, mas eu também dei R$ 26 mil ou R$ 28 mil ao Vicentinho. E por quê eu daria esse dinheiro para o Vicentinho? E porque eu tenho a consciência de que, se nós queremos ter um partido independente e que companheiros nossos disputem as eleições, alguém tem que arrumar o numerário. A verba saiu da minha conta".


Sigilo bancário
Paulo Okamotto falou que não é rico, mas que hoje recebe um salário bastante razoável para o padrão nacional. Exatamente por esse motivo é que, em 2003 e em 2004, realizou os pagamentos.

Ao mesmo tempo, reagiu com indignação quando foi lembrada a comparação feita pelo ex-deputado Roberto Jefferson de que ele, Okamotto, era a Fiat Elba, do então presidente Collor, para Lula, ou seja, que o atual presidente seria atingido se esse dinheiro não tivesse a origem comprovada.

Mostrando-se "chateado" com frases como essa, ele garantiu que vai provar que tirou o dinheiro da sua conta para as quitações. "Se for preciso, eu vou abrir toda a minha vida bancária, o meu sigilo. Aliás, eu vou aproveitar a oportunidade para registrar. Nós temos uma grande revista no País que diz que tem todas as minhas declarações de renda, inclusive cita o quanto eu ganho por ano, cita quem eu pago...Então, o meu sigilo fiscal está à disposição da grande imprensa brasileira!", desafiou.


CPI dos Bingos
O presidente nacional do Sebrae comentou também sobre o suposto telefonema que ele teria dado para justificar o não atendimento à convocação da CPI dos Bingos. Okamotto afirmou que sabendo desse episódio apenas ontem, em Belo Horizonte, quando foi participar da reunião do BID.

"Imediatamente, falamos com o senador Tião Viana, nos comunicamos com o próprio presidente da CPI, Efraim de Morais, enfim, eu acho estranho que o presidente do Sebrae, que tem uma agenda pública, está em eventos públicos, seja acusado de estar fugindo ou estar se escondendo", frisou.

"Até parece que eu poderia me esconder numa reunião do BID que tem sete mil inscritos ou que eu pudesse me esconder aqui no Encontro Nacional de Sindicatos Patronais do Comércio, em Goiânia!"


Acareação
Okamotto também abordou sua recusa em fazer acareação com Paulo de Tarso Venceslau, que há tempos acusou integrantes do PT de intermediar negócios entre prefeituras petistas e a consultoria de empresas e municípios para financiar o ´caixa dois´.

O esquema, de acordo com Venceslau, seria operado pelo presidente do Sebrae. "Eu não vejo como o fim da picada essa acareação. O que eu acho é que não há uma acusação formal. Claro que a gente, com 50 anos, tem de se explicar, como cidadão, chefe de família, quer continuar de cabeça erguida e de alguma forma tem que procurar resgatar a verdade", pregou.

"No entanto, no momento que nós estamos atravessando, qualquer coisa que acontece as pessoas exploram o lado negativo e vamos ter a clareza de que isso aconteceu num país em outros momentos e enfrentar tudo de maneira firme e que tudo vai ficar esclarecido com tempo".

Embora respeite o Congresso Nacional, o presidente do Sebrae considera desconfortável sua ida à CPI dos Bingos. Bastante nervoso, ele mesmo perguntou no que ajudaria abrir para a imprensa todos os seus extratos. "Na luta política, as pessoas usam essas coisas. A imagem vai ser usada, o que eu falar vai ser usado na luta política. Acho que as coisas não deveriam ser assim, elas não ajudam a democracia. Em todo o caso, nós estamos discutindo, estou vendo as exigências que eles (CPI) querem e posso cumprir, não vejo problema nenhuma dificuldade nisso".
Estadão

Trama dentro do Planalto

Pedido de Palocci para que Mattoso vasculhasse a vida bancária do caseiro foi feito durante uma reunião no palácio. Depois da ordem, o então presidente da Caixa agiu rápido e quebrou o sigilo

No depoimento que deu à Polícia Federal na segunda-feira, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, comprometeu o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao admitir que lhe entregara pessoalmente cópia do extrato da caderneta de poupança do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Há, porém, uma parte da história que, devido ao alto teor explosivo, Mattoso não contou à PF, apenas a alguns poucos auxiliares próximos: ele recebeu a ordem para xeretar a conta do caseiro dentro do Palácio do Planalto, numa reunião sobre bancos estatais.

Não se sabe exatamente em que circunstância — se chamado a um canto da sala, se antes, depois ou durante a reunião, se no instante em que Lula estava ou só depois disso —, mas Palocci dirigiu-se a Mattoso e disse ter a informação de que Francenildo estava orientado para “ferrá-lo”. Assim, teria argumentado o ministro, só lhe restava atacá-lo impiedosamente. Avisou ter recebido a informação de que o caseiro havia andado há pouco tempo com grande soma em dinheiro vivo, tirado de uma poupança da Caixa. E pediu que ele descobrisse se havia recebido depósitos de alguém ligado ao PSDB ou ao PFL.

Esta reunião aconteceu na quinta-feira, 16. No mesmo dia curto depoimento de Francenildo na CPI dos Bingos, confirmando que Palocci era freqüentador assíduo da mansão alugada pelos lobistas de Ribeirão Preto (SP) acusados de armar negociatas no governo. Na reunião estavam Palocci, Mattoso, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e os presidentes do BNDES, do Banco do Brasil, do Banco do Nordeste e do Banco da Amazônia, respectivamente Guido Mantega, Rossano Maranhão, Roberto Smith e Mâncio Cordeiro. Lula participou dela por alguns minutos.

Instruções
Mattoso saiu da reunião, já no início da noite, direto para seu gabinete no 21º andar da sede da Caixa. Mandou que a secretária chamasse o consultor da instituição, Ricardo Schumann. Não foi atendido de pronto, pois Schumann estava um andar abaixo, em reunião com o diretor da sucursal de um grande veículo de comunicação do qual o banco havia ganho uma causa judicial. Quando terminou de tratar deste assunto, Schumann subiu de escada para o 21º e entrou na sala do chefe. Recebeu as instruções e foi providenciar a quebra do sigilo. Chefe e assessor se encontrariam algumas horas mais tarde, no restaurante La Torreta, já com o extrato do caseiro.

O resto da história pertence a Palocci. Até agora não veio a tona em detalhes. A CPI dos Bingos recebeu informação de que assessores do ministro vasculharam também os dados fiscais de Francenildo antes mesmo da encomenda sobre o extrato da caderneta de poupança. Mas não há indícios a respeito.

No dia seguinte à violação do sigilo, o jornalista Marcelo Netto, assessor especial de Palocci, fez o extrato chegar à sucursal de Brasília da revista Época, junto com a informação de que se tratava da prova de que o depoimento devastador prestado pelo caseiro contra Palocci tinha sido na verdade comprado pela oposição.

Àquela altura, aliados do Palácio do Planalto no Congresso já mencionavam um empresário piauiense, aparentado do senador Heráclito Fortes (PFL-PI), que estaria por trás do depoimento de Francenildo. Fortes reage com fúria a esta versão. O empresário, Eurípedes Soares da Silva, é de fato o dono dos R$ 25 mil depositados na poupança do caseiro. Diz, porém, que não pagou para fazê-lo falar contra Palocci, mas para fazê-lo calar sobre o fato de ser seu filho, fruto de um caso extraconjugal.
Correio Brazilense

Palocci doente???

Palocci diz não ter condições de saúde para depor à polícia
Advogado afirma que ex-ministro está com alterações na pressão e que não pode falar hoje


Contratado pelo ex-ministro Antonio Palocci na última quarta-feira, o advogado José Roberto Leal informou ontem à Polícia Federal que seu cliente não irá se apresentar para prestar depoimento hoje, conforme previsto, devido a problemas de saúde.
Leal defende Palocci no inquérito no qual a PF busca os responsáveis pela violação ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, em operação que aconteceu na sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília, na noite de 16 de março.
Segundo Leal, Palocci está com alterações de pressão arterial, decorrentes de estresse nervoso.
O ex-ministro foi intimado para prestar depoimento na manhã da quinta-feira, na residência oficial do Ministério da Fazenda.
No momento da intimação, havia um médico e enfermeiros na casa de Palocci, que se submetia a um exame de sangue. À Folha Leal disse que seu cliente não tinha condições de prestar depoimento na data marcada inicialmente: hoje, às 10h. "Com certeza ele não irá. O [ex-]ministro não tem condições. Quando foi à casa dele ontem [anteontem], para intimá-lo, a própria polícia viu que havia um médico colhendo sangue do [ex-]ministro."
Na tarde de ontem, Leal entrou em contato com o delegado Rodrigo Carneiro Gomes. Informado pelo advogado sobre a impossibilidade de Palocci cumprir a intimação policial, Gomes cobrou-lhe uma justificativa formal, por escrito, acompanhada de um atestado médico. Até o fechamento desta edição, havia chegado à PF somente um comunicado de Leal afirmando que seu cliente não compareceria ao depoimento devido a recomendação médica para permanecer em repouso.
Se o atestado médico não for encaminhado ao delegado até o horário marcado para depoimento, Palocci será novamente intimado. Seu comparecimento é obrigatório somente na terceira intimação, à qual, se ele não comparecer, poderá ser conduzido com força policial. Segundo a PF, Leal disse que Palocci só se apresentaria para depor na próxima semana, provavelmente quarta ou quinta.
Para Gomes, o depoimento de Palocci é considerado "decisivo" para chegar aos responsáveis pela ordem de violar o sigilo. A PF quer descobrir também quem repassou os dados à imprensa.
Apesar do depoimento do ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso, que disse ter entregue os extratos a Palocci, o ex-ministro refuta qualquer participação na violação do sigilo do caseiro.

Jantar
Mattoso esteve com Palocci, na tarde do dia 16 de março, quando houve a violação do sigilo, em reunião no Palácio do Planalto.
Na noite daquele dia, em um jantar no restaurante La Torreta, em Brasília, ele recebeu, das mãos do consultor da presidência Ricardo Schumann, os extratos.
Em seu depoimento à PF, Mattoso disse que, durante o jantar, recebeu uma ligação de Palocci. Depois, levou os documentos pessoalmente ao ministro.
A PF pretende ouvir Mattoso novamente. Em depoimento à PF, Antonio Carlos Ferreira, chefe do departamento jurídico da Caixa, confirmou ter visto Mattoso receber um envelope durante o jantar e também que o viu falando ao telefone. Nega, no entanto, ter qualquer participação na violação.
Gabriel Nogueira, assessor de imprensa da Caixa que estava no jantar, também foi convidado pela PF para depor.

Vazamento
Em depoimento à PF anteontem, um servidor do setor de controladoria da Caixa disse que foi informado por Mattoso que os dados bancários do caseiro seriam divulgados por uma revista.
O diálogo aconteceu em uma reunião no dia 17, ocorrida às 16h, na sede da Caixa. Na reunião, o servidor recebeu das mãos do executivo cópias dos extratos que registram a movimentação financeira do caseiro. Mattoso orientou os técnicos da Caixa para que as movimentações atípicas fossem informadas ao Banco Central e ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Mattoso disse também, segundo o servidor, que sabia que os dados seriam divulgados por uma revista, já que havia sido procurado por um jornalista para falar sobre o assunto. Por volta das 19h do mesmo dia, a "Época" divulgou os dados em seu site na internet.
Folha

Um passeio de 10 milhões de dólares

Como um dos parceiros no projeto de construção da ISS (Estação Espacial Internacional), o Brasil assumiu o compromisso de construir algumas peças -ao custo de US$ 120 milhões. Além de dar treinamento, a Nasa se encarregaria de enviar Marcos Cesar Pontes ao espaço; tudo sem custo adicional.
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Sob o ponto de vista político, a Missão Centenário só terá repercussão no Brasil nas classes menos esclarecidas
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Entretanto, o Brasil não tem honrado o compromisso de arcar com os custos das peças, enquanto outros países fazem suas contribuições para a montagem da estação. Em conseqüência, os astronautas dessas nações têm prioridade para voar, e Pontes acabava sendo preterido, ficando sempre para o fim da fila. A situação se agravou com o acidente do Columbia, em 2003, quando a frota norte-americana de veículos espaciais foi desativada.
O transporte para a ISS passou a ser feito com a espaçonave russa Soyuz. Esta, porém, tem tripulação de só três astronautas, enquanto a lançadeira comportava sete. A redução do número de assentos fez com que a fila de espera em que estava Pontes aumentasse.
O vôo de Marcos Pontes (444º astronauta ao espaço) é, na realidade, uma grande jogada eleitoreira do governo. Ela não irá contribuir em nada para reafirmar o programa espacial brasileiro.
Na realidade, Pontes poderia ir ao espaço em 2009, de graça, sem pagar os US$ 10 milhões, se o Brasil tivesse cumprido o acordo de construir algumas peças para a ISS. É mais importante cumprir essa tarefa do que enviar um brasileiro ao espaço, pois ela irá gerar um desenvolvimento tecnológico no Brasil.
Muito mais importante é destinar recursos para tornar realidade nosso programa espacial. Há mais de 10 anos, o nosso veículo lançador de satélites, o VLS, está sofrendo uma "sabotagem governamental", pois as verbas foram reduzidas no fim do governo Sarney, que estabeleceu o acordo de colaboração espacial durante visita à China.
Nosso programa espacial não será beneficiado com o vôo do astronauta brasileiro. Convém salientar que as críticas relativas à Missão Centenário não atingem Pontes, que, competente, vai levar a bom termo as oito experiências programadas. No entanto, os ganhos científicos serão muito reduzidos. Não são experiências prioritárias. Elas poderiam ser realizadas em 2009.
Sob o ponto de vista político, a Missão Centenário só terá repercussão no Brasil nas classes menos esclarecidas. Aliás, a associação do envio do astronauta brasileiro com o vôo do 14 Bis vai colocar em evidência que o Brasil, em cem anos, sofreu um grande atraso.
Naquela época, fomos os primeiros a controlar a dirigibilidade dos balões e a levantar vôo com um veículo mais pesado que o ar, graças à iniciativa de Santos Dumont. No presente, o governo gasta US$ 10 milhões para colocarmos um astronauta no espaço -sendo que mais de 30 países já o fizeram-, usando lançadores de outros países.
Talvez seja por causa disso que não existe em relação ao astronauta o mesmo senso de patriotismo que envolve o feito de Santos Dumont. Na realidade, o que existe é certa euforia, e não patriotismo. É esse espírito que o governo atual quer captar para a sua reeleição.
Criticar o gasto desnecessário não é falta de patriotismo. Ao contrário, é um ato de patriotismo -e até mesmo de coragem, durante determinados regimes. Na verdade, a falta de sensibilidade dos governos em relação à pesquisa científica e tecnológica no Brasil constitui um ato de desrespeito dos políticos com o futuro de nossa pátria.
A Índia e a China já têm os seus lançadores há mais de dois decênios. Começaram seus programas na mesma época que o Brasil. A Índia vem lançando os seus satélites por meios próprios. A China foi o terceiro país a colocar um astronauta no espaço com seus lançadores. Não lançou nenhum homem no espaço com o auxílio de outro país.
O importante é que as autoridades do governo do Brasil compreendam que o programa espacial é fundamental para a economia (o transporte de satélites é um comércio muito lucrativo) e para a segurança nacional, assim como para o progresso cientifico e tecnológico, tendo em vista o seu efeito nas mais diferentes indústrias, como na eletrônica.
O atraso do nosso programa espacial já deveria ter provocado uma CPI sobre o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro. Quando a URSS colocou o primeiro satélite artificial em órbita, houve um questionamento por parte dos políticos norte-americanos para saber a razão pela qual os EUA não conseguiram fazê-lo com sucesso antes dos russos. Até o sistema de ensino foi questionado. No Brasil, se perdermos a Copa do Mundo, será uma verdadeira crise...

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Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, 70, astrônomo, doutor pela Universidade de Paris, é criador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (RJ). É autor de mais de 70 livros, dentre os quais "Anuário de Astronomia 2006".

Mattoso sabia!!

O depoimento de dois funcionários da Superintendência de Controles Internos da Caixa pode complicar ainda mais a situação do ex-presidente do banco Jorge Mattoso no inquérito sobre a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. Numa conversa com o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, que preside o inquérito, os dois técnicos disseram que Mattoso sabia do vazamento das informações do extrato bancário do caseiro antes da divulgação das informações no site da revista “Época” na tarde de sexta-feira, dia 17 passado. A PF vai chamar Mattoso para um novo depoimento.

O ex-presidente da CEF teria mencionado o vazamento do extrato para um jornalista numa reunião com os dois técnicos pouco antes da divulgação das primeiras notícias sobre os depósitos de R$ 25 mil na conta do caseiro. Mattoso determinou que os dois técnicos enviassem um relatório ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e ao Banco Central sobre a suposta movimentação atípica do caseiro. Em seguida teria dito, segundo os técnicos, que uma cópia do extrato já estava em poder de um jornalista. Mattoso não disse como obteve a informação e nem quem repassara o documento sigiloso ao jornalista.

Emdepoimento à PF na segunda-feira, pouco antes de ser demitido, Mattoso assumiu que mandou tirar o extrato da conta de Francenildo, mas negou que o tenha repassado à imprensa. Depois da reunião com Mattoso, os técnicos remeteram o relatório ao Coaf e ao BC. O documento foi enviado pelo Coaf à PF. Com base nas informações do relatório, a PF abriu investigação também para apurar a origem do dinheiro recebido por Francenildo nos últimos três meses, período que antecedeu seu depoimento na CPI dos Bingos.

PF ainda não viu memória do laptop
A PF também decidiu chamar Gabriel Nogueira, chefe da assessoria de Imprensa da Caixa, para depor. Rodrigo Gomes pretendia interrogar Nogueira ontem, mas depois de uma conversa com o jornalista decidiu remarcar o interrogatório para hoje. Nogueira era um dos três assessores que jantavam com Mattoso num restaurante na última sexta-feira, quando o ex-presidente da Caixa recebeu o envelope com o extrato bancário do caseiro.

Nogueira confirma que estava no jantar, mas disse que não viu o momento em que Mattoso recebeu de um outro assessor, Ricardo Schumann, o extrato de Francenildo. Antônio Carlos, um dos assessores jurídicos da Caixa que também estava no jantar, foi espontaneamente à PF à tarde para depor, e também negou ter visto o extrato do caseiro.

No jantar, além de receber o extrato, Mattoso recebeu telefonema do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Na conversa, segundo relatou à PF, Mattoso informou o ministro que havia enviado os dados ao Coaf, medida que só adotaria no dia seguinte.

A Polícia Federal ainda aguarda decisão da Justiça Federal para ter acesso à memória do laptop usado para violar o sigilo bancário de Francenildo. A Justiça Federal também não deu resposta ao pedido de quebra de sigilo bancário e telefônico do caseiro. O Ministério Público Federal pediu que a quebra do sigilo telefônico não fosse autorizada. Procuradores tentam impedir que a PF investigue a origem do dinheiro depositado para Francenildo. Alegam que não há indício de irregularidade ou lavagem de dinheiro. A PF prefere investigar primeiro para só então atestar que não há irregularidade.

30.3.06

Gilberto VIL!

Costa critica despreparo e deselegância

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, fez um duro revide ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, que leu versos de cordel com críticas à sua atuação no processo de escolha do padrão de TV digital.

"Só lamento a deselegância do ministro. Não é à toa que alguns amigos dele o chamam de Gilberto Vil", afirmou. "Eu entendo agora a razão deles (dos amigos). Porque, para um ministro de Estado, sem me dar conhecimento, fazer uma agressão como essa...". Para Costa, Gil não agiu como ministro de Estado.

Ele acrescentou que embora Gilberto Gil esteja ausente das reuniões de discussão da TV Digital, deveria saber que não é o ministro das Comunicações quem decide. "O despreparo do ministro (Gil) com relação à comunicação e à TV digital é que leva a isto", afirmou.

O ministro das Comunicações continuou desafiando Gil a ler o texto entre os colegas de governo: "Se ele usa o palavreado chulo na frente do presidente, dos ministros de Estado, ou ele não pertence a este grupo, ou está lá por acaso".

Costa não pretende encaminhar o caso à Comissão de Ética do governo federal, mas pediu aos alunos que ouviram o ministro da Cultura, que "agora recebam o ministro das Comunicações, que vai lá dizer como é que o senhor Gilberto Gil está desinformado sobre a TV digital".

Irritado, Hélio Costa lembrou que Gilberto Gil é autor de algumas propostas, como a de criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav), que foi qualificada de "monstruosa" pelo setor. Segundo ele, a Ancinav foi proposta "para taxar em 4% todas as empresas de comunicação do País, para poder pagar as estripulias do doutor Gilberto Gil e seus amigos".

Costa disse que provavelmente o ministro da Cultura não leu o cordel antes de declamá-lo para os estudantes de Comunicação. "E no fim, como não podia cortar o embalo do bonitinho, ficou o artista fazendo gracinha para um grupo de estudantes, ao invés de se comportar como ministro de Estado".

No fim da entrevista, quando fez comentários sobre sua eventual candidatura ao governo de Minas Gerais, Costa aproveitou para atacar novamente seu colega: "Se tiver de sair candidato, faço questão de contratar a banda de Gilberto Gil. Aliás, é uma das poucas coisas que ele faz bem".

Petrobrás e Bolívia

Petrobrás reage à ameaça boliviana
Com negociações interrompidas, presidente da estatal afirma que investimentos no país podem ser suspensos


O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, rompeu o silêncio e reagiu duramente, pela primeira vez, à forma que a Bolívia está tratando os negócios da empresa no setor de gás e refino naquele país. Protestou contra a interrupção das negociações do governo boliviano com a empresa desde o final de fevereiro e contra o tom de ameaça de declarações de autoridades bolivianas. Disse que não queria fazer ameaças, mas informou que os investimentos da Petrobrás na Bolívia dependem da retomada das negociações. "Caso contrário, se forem decisões unilaterais (do governo boliviano), as posições se tornarão também radicalizadas. Vamos reagir unilateralmente também. E isso não é bom para ninguém."

Na semana passada, o ministro de Hidrocarbonetos (Energia) boliviano, Andrés Solíz, criticou a Petrobrás e o governo brasileiro, acusando o Brasil de tratar a Bolívia como uma "semicolônia". Solíz disse que podem ocorrer "as piores coisas que se pode imaginar" nas negociações sobre mudanças nos contratos de venda de gás com Argentina e Brasil. É o mesmo ministro que, ao assumir o cargo, em janeiro, prometeu à Petrobrás "tratamento especial do governo boliviano".

Gabrielli disse estar preocupado. "Confiamos que pudesse se reverter essa situação na Bolívia. Estávamos num processo negocial que vinha caminhando para encontrar pontos comuns. Recentemente, esse clima vem se modificando. A imprensa tem publicado uma série de declarações que nos deixa preocupados", afirmou, dizendo ter sido uma opção sua manter as discussões longe dos holofotes para facilitar um consenso.

"Objetivamente avançamos em determinado ritmo de negociação. Queremos continuar avançando e negociando para encontrar caminhos comuns. Mas as portas estão se tornando muito opacas", reclamou o executivo, tentando dosar a agressividade. Evitou, por exemplo, falar em suspensão definitiva dos investimentos na Bolívia. "Você está avançando numa coisa que não estou querendo dizer", argumentou.

Mas foi firme ao afirmar que, na Bolívia, a Petrobrás é uma empresa produtora de gás. "Não queremos ser uma prestadora de serviços", declarou, sobre a possibilidade, já divulgada pelo governo boliviano, de as reservas serem nacionalizadas e as empresas estrangeiras serem apenas remuneradas pela exploração e produção do gás. Gabrielli ressaltou que a empresa não quer discutir a autonomia do governo boliviano, lembrando que as leis sancionadas pela Bolívia têm de ser cumpridas pelos investidores. Mas, reclamou que "todo o setor de hidrocarburetos" boliviano está com problemas. "Queremos encontrar soluções, mas além de não termos interlocução, estamos vendo ameaças pela imprensa", protestou.

Segundo ele, está afastada a possibilidade de desabastecimento imediato de gás no Brasil, em caso de endurecimento das relações comerciais com a Bolívia. Lembrou que o País ainda não está utilizando a capacidade máxima contratada no gasoduto Bolívia-Brasil, de 30 milhões de m3, e que o contrato vale até 2019.

"Não é só o Brasil que tem interesse em negociar com a Bolívia. O que há é uma dependência mútua. O que a Bolívia exporta? Quem mais compra gás da Bolívia na proporção que o Brasil compra hoje? E, num futuro próximo, onde a Bolívia pode garantir esta mesma fonte de renda?", indagou.

Cerca de dez dias antes da declaração de Solíz, o presidente da Bolívia, Evo Morales, prometeu que até 12 julho sancionará esta lei. A Petrobrás, principal empresa em atuação na Bolívia, já investiu US$ 1,5 bilhão naquele país nos últimos 12 anos.
Estadão

Protestos contra Lula

Lula enfrenta protesto em S. Paulo Integrantes do PSTU levaram faixas que remetiam ao episódio do caseiro em evento na cidade de Guarulhos

Tinha tudo para ser uma festa para Luiz Inácio Lula da Silva, mas uma faixa trazida por integrante do PSTU com a frase "Até o caseiro sabia. Só o Lula não sabia?" atrapalhou a visita do presidente a Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, no final da tarde de ontem. A faixa foi imediatamente retirada por seguranças do evento - uma vistoria do campus do município da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Houve empurra-empurra e um princípio de tumulto entre os petistas, maioria absoluta da platéia, e os manifestantes, que acabaram deixando o local alegando, nas palavras de um deles, Alexandre Alves, "falta de clima" para continuar com o protesto.

A faixa foi exibida por cerca de dez jovens filiados ao PSTU no momento em que Lula iniciava seu discurso. Se os manifestantes não ouviram explicações do presidente a respeito das denúncias do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, sobre o envolvimento do ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com a república de Ribeirão, pelo menos instigaram Lula a falar em prol dos pobres.

Foi a primeira vez que o presidente voltou ao tema desde que Nildo desmentiu Palocci em entrevista ao Estado. Lula, que abriu sua fala dizendo que tinha compromisso em Brasília e que, por isso, não poderia discursar, acabou gastando 19 minutos para defender as pessoas carentes.

De improviso, aproveitou o mote do evento, educação, para, sem citar nomes, criticar os governos anteriores ao seu. Lula disse que, no seu entender, "lamentavelmente" não se cuidou corretamente da educação no Brasil. Em tom emotivo, afirmou: "Algumas pessoas que governaram este País já tinham o seu diploma e se esqueceram de que filho de pobre também tem direito à universidade."

Ainda na linha de sensibilizar a platéia - de cerca de 3 mil pessoas com bandeiras do PT e do Brasil em punho - o presidente disse: "Essas pessoas não percebem que os pobres são feitos de carne e osso como eles, que têm alma e coração, consciência, sonhos e desejos. E são até mais inteligentes do que eles; só precisam de oportunidade para provar", discursou, sendo interrompido por aplausos. A cidade é administrada pelo petista Elói Pietá pelo segundo mandato consecutivo.

Exaltado, Lula explicou que falava com o sentimento de um homem que não tinha conseguido cursar uma universidade, mas que deu condições para que seus cinco filhos tivessem ensino superior.

"Este sentimento que tenho como pai tenho também por cada menino e menina deste País." E foi além: "Acabou o tempo em que não se discutia e não se podia gastar com educação no Brasil."

CAMPANHA

O clima do evento, com ares de comício e gritos de "1, 2, 3, Lula outra vez", contagiou o presidente, que, apesar de não falar em reeleição nem citar seu principal adversário nesta campanha (o governador Geraldo Alckmin, do PSDB), criticou uma das principais bandeiras do tucano, os propagados investimentos em segurança no Estado de São Paulo.

"Cada centavo que a gente evitar gastar em escola ou na formação de uma criança vai se transformar em milhares de reais que a gente vai ter de gastar para cuidar da pessoa quando virar bandido e tiver preso."

Acompanhado dos ministros Gilberto Gil (Cultura) e Fernando Haddad (Educação), Lula disse que seu governo aposta na educação para não ser obrigado a investir depois na recuperação do jovem.

Em seguida, reconheceu que, apesar dos esforços de sua gestão, ainda falta "muuuuito" por fazer. Lula anotou que um mandato é pouco para um político realizar o que quer para o País. "Em quatro anos a gente não consegue fazer tudo o que a gente pensa", admitiu. "Mas vocês tenham consciência de que vocês não têm em Brasília um presidente que conhece Guarulhos apenas através de mapas ou pelos noticiários."

Mais sério do que de costume - posição semelhante a que adotou pela manhã em evento na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), em São Paulo -, Lula disse que partiria para a capital federal "mais alegre e feliz" do que antes de participar do evento em Guarulhos.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, que falou antes de Lula, também cutucou Alckmin, apesar de não mencionar o nome do tucano. Segundo ele, precisou "um pernambucano investir na educação de São Paulo". O titular da Cultura, Gilberto Gil, preferiu cantar. Foi de "Esperando na Janela", tema do filme "Eu, Tu, Eles", e cometeu um ato falho ao dizer que "a querida" Guarulhos fazia parte do ABC Paulista.
Estadão

29.3.06

LISTA DOS INDICIAMENTOS DE PALOCCI

A mais completa crônica dos métodos do PT

A demissão do ministro Palocci – com a perda do foro privilegiado a que tinha direito como Ministro da Fazenda – está criando um problema para os delegados da Polícia Federal que devem hierarquizar os indiciamentos em função das agravantes do processo pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos da Costa. O problema é também é também da polícia estadual de São Paulo, onde Palocci figura em 50 inquéritos em andamento.

Mentindo à CPI dos Bingos e sendo comprovado que mantinha ligações com a gangue de Ribeirão Preto que promovia ações de corrupção utilizando-o como cobertura, Palocci cometeu crimes de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica, corrupção passiva e obstrução da Justiça.

O episódio Palocci – que o PT não conseguiu acobertar como fez com o caso da Prefeitura de Santo André e que resultou no assassinato do prefeito Celso Daniel – levanta, em caráter definitivo, o véu que envolveu de fantasia e falso moralismo o processo de ascensão do PT. O partido se financiava justamente através de corrupção nas prefeituras que ocupava, como foi o caso de Ribeirão Preto, com Palocci, até chegar à Prefeitura de São Paulo, com Marta Suplicy.

MATTOSO USA “ÁLIBI AL CAPONE”

Confissão foi orientada para negar a quebra de sigilo

O ex-presidente da Caixa Econômica – cujo depoimento tornou inevitável a demissão do Ministro Palocci – aplicou o chamado “Álibi Al Capone” e que consiste em retirar do fato delituoso o elemento essencial do crime.

Traindo o esquema de acobertamento que foi armado no Governo – idêntico ao utilizado no Caso Waldomiro Diniz e que permitiu mais de um ano de sobrevida no cargo ao ex-ministro José Dirceu – Jorge Mattoso decidiu sair do imbróglio confessando ter tido acesso à conta do caseiro Francenildo, mas... Aí está o Álibi Al Capone: o sigilo do caseiro não foi divulgado pela Caixa, sob sua responsabilidade, mas pelo Ministério da Fazenda. Na Caixa, todas as pessoas que tomaram conhecimento do extrato eram funcionários qualificados para lidarem com as informações, por atribuições funcionais, no caso a comunicação à Coaf de operações atípicas da conta do caseiro, que tinha salário de R$ 700 e movimentava R$ 25 mil.

Revelando que passou o extrato, mais tarde publicado pela revista Época, ao Ministro da Fazenda, Mattoso entregou Palocci e está coberto do ponto de vista criminal.

Mattoso, que promoveu o aparelhamento da Caixa pelo PT, deu uma de “salve-se quem puder”.

MANTEGA FOI SOLUÇÃO TEMERÁRIA

Lula apostou no esquecimento da imagem do Presidente do BNDES

O que acontecer com a nomeação de Guido Mantega para Ministro da Fazenda faz parte da temeridade de Lula escolhendo para o cargo justamente um dos pivôs da crise de confiança provocada pela sua eleição em 2002.

Lula apostou no esquecimento de que Mantega – que era o seu principal conselheiro econômico na campanha eleitoral, não apenas sendo citado por ele, mas ocupando espaço na imprensa com fantasias econômicas “para ganhar eleição” - foi um dos temores que provocou a crise de confiança na economia brasileira deflagrada desde que as pesquisas começaram a indicar a possível vitória do PT nas eleições.

Mantega, cujo currículo de professor e vice-diretor da Fundação Getúlio Vargas servia de fachada para a plataforma demagógica de Lula (que a abandonou integralmente depois de empossado), foi afastado do comando da economia e substituído por Palocci, tão logo a vitória foi anunciada.

Ou seja, com Mantega teria sido o desastre que Palocci evitou.

Recebendo como compensação o Ministério do Planejamento (que não tem ingerência na gestão da economia), Mantega mesmo assim atritou-se com Palocci e foi defenestrado, indo para o BNDES. Sua ida para o Ministério da Fazenda é um tiro no escuro.

Antero de Barros - Ex-petista

Senador Antero de Barros, um ex-petista no caminho do PT. E no de Lula

Um dos mais duros opositores do PT e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Senado e um dos articuladores do surgimento do caseiro Francenildo Costa, o senador tucano Antero Paes de Barros (MT) tem uma peculiaridade na sua trajetória política pouco conhecida. Ele já foi filiado ao Partido dos Trabalhadores, o PT. Ele foi do PT durante quatro anos, entre 1989 e 1992, e filiou-se à legenda quando era deputado federal constituinte. Antero ingressou no partido pelas mãos do então colega de bancada Luiz Gushiken, que considera seu amigo.

- Fui o 17º da bancada do PT - conta Antero.

O senador votou e fez campanha para Lula no segundo turno da campanha presidencial de 1989, na disputa contra Fernando Collor (PRN), após apoiar Ulysses Guimarães (PMDB) no primeiro turno. Ele ainda estava no PMDB. Mas esse passado petista o senador parece preferir esquecer. Na biografia em sua página oficial na internet, não consta sua passagem pelo PT. Antero minimiza a exclusão desse detalhe:

- Ah, não tem não?! Vou mandar incluir então - disse o senador ao GLOBO.

Pelo PT, Antero ainda chegou a disputar a reeleição para deputado, em 1991, mas não se elegeu. Ele lembra a dureza que foi filiar-se ao partido de Lula. No seu estado, os petistas desconfiavam e fizeram verdadeiras sabatinas com o senador antes de entregar-lhe a ficha de filiação.

- Foram quatro meses falando de sindicato em sindicato. Me investigaram. Fizeram bem pior do que fazem hoje em dia - disse.

Antero de Barros está no centro da atual crise que atinge o governo e que derrubou o ex-poderoso ministro da Fazenda Antonio Palocci. Foi o seu gabinete, e o próprio, que Francenildo Costa procurou para contar, pela primeira vez, tudo que sabia. E que tornou-se público depois. Foi Antero quem sugeriu a Nildo, como o caseiro é conhecido, antes de depor na CPI dos Bingos, que desse uma entrevista revelando a passagem de Palocci pela mansão da turma de Ribeirão Preto, no Lago Sul, onde trabalhava.

Apesar de vociferar hoje contra o PT, o senador tucano guarda boas lembranças de Lula. Ele contou a seguinte passagem. Quando, já fora do PT, elegeu-se senador em 1998, pelo PSDB, cruzou com o hoje presidente da República no trânsito, em Brasília. Cada um no seu carro. Lula já tinha sido derrotado por Fernando Henrique Cardoso, reeleito. Num sinal de satisfação com a eleição de Antero, Lula, com a mão fechada, bateu no coração. O petista estava feliz com o sucesso do ex-petista nas urnas. Antero acha admirável a biografia de Lula, mas diz que ele a maculou na Presidência da República.

- Como lamento. Lula tinha a biografia mais rica do país. Ele não precisava ser presidente da República para enriquecê-la. Tinha profunda admiração por Lula.

Antero deixou o PT em 92. Foi para o PDT. Achava tudo complicado no partido e o classificou de "exclusivista", não queria se misturar e resolver tudo sozinho.

- Fui marginalizado no PT.

Antero de Barros bate pesado hoje no seu antigo partido e no seu velho amigo. Seus discursos na tribuna não fazem imaginar, sequer que, um dia, ele foi do PT. Para ele, o que o governo fez com o caseiro que desvendou foi "puro fascismo".

- Diria que essa crise política destruiu centenas de biografias de petistas.

Na verdade, Antero faz apenas uma referência ao PT na sua biografia. Lá no final. Ele se apresenta como autor da denúncia que revelou o escândalo Waldomiro Diniz, "que acabou revelando à Nação o verdadeiro PT".

O Globo

Acusações na Câmara!

Demissão de Palocci - Oposição acusa PT de aparelhar governo

A saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, comprova as denúncias de aparelhamento do governo pelo PT. A tese foi defendida ontem em Plenário por vários deputados da oposição. O primeiro-vice-presidente da Casa, deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL), disse que a atual crise, deflagrada com o depoimento do caseiro Francenildo Costa à CPI dos Bingos do Senado e a quebra não-autorizada de seu sigilo bancário tende a se agravar. “O que está provado é que o governo Lula é amoral e absolutamente sem limite no aparelhamento da máquina de poder”, afirmou.
Para Nonô, o “próximo a cair” será o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto, suspeito de ter pagado dívidas pessoais de Lula com recursos de caixa dois. “Se abrirem o sigilo desse Okamoto, a crise irá para dentro do Palácio do Planalto. Foi de lá que ela saiu e, em um efeito bumerangue, vai voltar ao Planalto”, comentou.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA), defendeu a continuidade das investigações relativas à quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa por parte da Caixa Econômica. Ele acredita que essa apuração vai atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “As investigações só têm um caminho, que é chegar ao presidente”, afirmou em Plenário.
Segundo o deputado, Francenildo Costa demonstrou que o ex-ministro Palocci mentiu quando disse que não se encontrava com seus assessores da época em que exerceu o cargo de prefeito de Ribeirão Preto (SP). “Palocci dizia que não tinha nada ver com aquela gente, mas continuava a freqüentar, de forma contínua, esse meio. Só isso seria suficiente para o presidente Lula tê-lo demitido do ministério”, acrescentou. Jutahy Júnior disse ainda que a quebra do sigilo bancário do caseiro “foi tão fácil” porque o PT “aparelhou a Caixa Econômica”, substituindo servidores por representantes do quadro partidário.
O líder da Minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), defendeu a interdição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “por incapacidade de tomar decisões no âmbito civil”. Segundo Aleluia, Lula não tem capacidade de enxergar “o que é bom e o que é ruim” e precisa de um tutor – “função antes exercida pelo ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu”. Em relação à quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o deputado baiano disse que a ética do Governo Federal é “proteger os culpados e acusar o caseiro”. Aleluia considerou fundamental a quebra do sigilo bancário do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, para que sejam esclarecidas a origem de recursos utilizados para pagar dívidas de Lula.
Responsabilidade
O deputado Alberto Goldman (PSDB-SP) defendeu a apuração do grau de responsabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio da quebra do sigilo do caseiro. “O presidente Lula está em xeque. É ele quem tem de responder ao País quem o informou, quando soube disso e porque não tomou as providências no devido momento”, argumentou.
O deputado João Fontes (PDT-SE) pediu a prisão do ex-ministro Palocci, assim como a do ex-deputado e ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu; do ex-secretário geral do PT Silvio Pereira; e do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Segundo Fontes, o Ministério da Fazenda agiu de maneira “nefasta” na retenção de recursos para Sergipe. “Esperamos que o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega tenha juízo e permita o desenvolvimento daquele pequeno estado que foi prejudicado nos últimos anos”, declarou.

Suplicy entregou o Tião???

Jardineiro pode ter levantado suspeita

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse ontem, durante depoimento do caseiro Francenildo dos Santos Costa à Corregedoria do Senado, que um senador do PT comentou com ele ter ouvido "suspeitas" sobre a movimentação financeira do caseiro horas antes da violação da sua conta pela Caixa Econômica Federal.
A oposição suspeita que essas informações obtidas pelo senador petista, de uma suposta "testemunha" que depois teria se recusado a falar, podem ter sido a origem da operação clandestina desencadeada por autoridades do governo federal para quebrar o sigilo do caseiro. A quebra culminou na queda, anteontem, do ministro Antonio Palocci e do presidente da Caixa, Jorge Mattoso.
Segundo Suplicy, a conversa com o colega ocorreu na manhã do dia 16 no gabinete da liderança do governo no Senado. A violação da conta ocorreu naquela noite.
O senador, cuja identidade não foi confirmada por Suplicy, seria Tião Viana (PT-AC), articulador político de Palocci na CPI dos Bingos -Suplicy disse apenas que o colega "é próximo do [ex-]ministro". Procurado ontem à noite, Viana não foi localizado.
Com base no que disse Suplicy, o caseiro deu uma possível explicação. A suposta "testemunha" seria um jardineiro que trabalhava numa casa vizinha à do Lago Sul, com quem costumava conversar. Meses antes do depoimento à CPI dos Bingos, Francenildo teria dito ao jardineiro que tinha dinheiro suficiente para adquirir um terreno por cerca de R$ 15 mil.
Ao ver na TV as revelações do caseiro, o jardineiro teria feito uma ilação entre o dinheiro recebido por Francenildo e a decisão dele de narrar o que viu na casa. Essa suspeita teria chegado a Viana, que pode tê-la encaminhado a Palocci. O caseiro disse que dinheiro referido para a compra do lote é parte dos mesmos R$ 25 mil depositados pelo seu suposto pai biológico, o empresário Eurípedes Soares -que confirma os depósitos, mas nega a paternidade.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), disse que haverá uma diligência para localizar o jardineiro e a casa em que trabalharia. A senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) cobrou uma investigação sobre a identidade do senador do PT. "Pode não ser nada. Mas poderá passar a ser muito grave se essa informação foi utilizada por um senador para comunicar a uma autoridade."
O líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), ironizou a informação trazida por Suplicy: "Um caseiro já derrubou parte do governo. Tomara que um jardineiro não faça cair o resto".
No depoimento, o caseiro foi proibido de falar sobre as visitas de Palocci à casa do Lago Sul. O corregedor disse que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que suspendeu o depoimento do caseiro na CPI impede esse tipo de pergunta na Corregedoria.

Vice da Caixa
A vice-presidente de Tecnologia da Caixa, Clarice Copetti, disse ontem, ao ser questionada pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) na CPI dos Bingos, que os dados de movimentações financeiras atípicas são repassados à Superintendência de Controle Interno da Caixa para, depois, serem enviadas ao Banco Central. "Até hoje foram 55 informações [sobre movimentações atípicas]", disse ela.
Para Dias, isso mostra que Mattoso não precisava ter se empenhado pessoalmente para entregar o extrato a Palocci.

'Sexo e poder’

'Sexo e poder’, o outro lado do economista
Em 1979, Mantega coordenou obra sobre a revolução sexual


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não é só o economista que promete cumprir tudo o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandar. Ele tem um passado libertário. Em 1979, ele coordenou, fez a introdução e escreveu o capítulo inicial da obra Sexo e poder, editado pela Brasiliense, com direitos posteriormente cedidos ao Círculo do Livro.

Mantega foi um apologista da revolução sexual. Logo na introdução, constata que no final dos anos 70 a família brasileira já podia assistir ao afrouxamento da censura sexual no País. “Finalmente estamos amadurecidos para encarar de frente bundas e peitos, e mesmo para ver de relance os pêlos púbicos que se insinuam nos cantos mais escuros das telas dos cinemas e nas páginas dos Play bois caboclos.”

A obra coordenada por Mantega tem, do autor, além da apresentação, o artigo “Sexo e poder nas sociedades autoritárias: a face erótica da dominação”, de 24 páginas, e um diálogo com sua participação: “A ciência do sexo e os feiticeiros da repressão”.

Mantega lembra que a obra parte de pensadores mais teóricos, como Freud e Reich, e chega à sexualidade brasileira, com a violência sexual, o sexo no cinema e nas revistas femininas, o feminismo e o homossexualidade. Encerra dizendo que não pretende esgotar o assunto: “Afinal, a sexualidade brasileira é inesgotável".

28.3.06

A nudez de Lula

A demissão de Antonio Palocci deixa o conjunto da obra mais ou menos assim:
1 - Todas as idéias que Luiz Inácio Lula da Silva tinha a respeito do Brasil eram apenas "bravatas", jogadas na lata do lixo de sua história como presidente da Repúblicas.
2 - Todos os seus dois, digamos, primeiro-ministros, José Dirceu e Antonio Palocci, não resistiram a um grito de Roberto Jefferson ("sai daí, Zé, rapidinho") e a uma frase de um modesto caseiro, respectivamente.
3 - O nível de solidariedade do presidente para com seus homens de confiança é assustador. Assustador, digo, para quem supostamente tem a solidariedade. Dura apenas enquanto dura o uso que Lula possa fazer deles. Quando passam a atrapalhar a única coisa que realmente interessa ao presidente (o poder e, naturalmente, a sua manutenção), são decapitados e humilhados.
Pior: aceitam a humilhação.
4 - Não dá para acreditar que Palocci saiu por ter perdido "condições políticas" de permanecer no cargo. Saiu porque Lula avaliou que a permanência do ministro prejudicava suas chances reeleitorais. Só.
5 - Ninguém, no governo ou no PT, nem sequer cochichou uma crítica à violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo e à transformação do acusado em perseguido. Ninguém. O que só prova, se ainda fosse necessário, a decomposição ética e moral do lulo-petismo.
6 - Para fechar a lista, o próprio presidente diz, em horário nobre dominical, que seu partido está "desmoralizado". Se o presidente de honra do PT, seu fundador e líder máximo, seu único candidato presidencial na história do partido, diz tal coisa, só uma anta seria capaz de dizer o contrário.
Em qualquer país do mundo em que se produzisse tal conjunção de fatos, todos diriam que o governo está desmoralizado.
Só no Brasil há o pudor ou o medo ao patrulhamento de dizer que o rei está nu. Obscenamente nu.
Clovis Rossi
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@ - crossi@uol.com.br

PALOCCI SAI, A CRISE FICA

A 280 dias do fim do mandato, ruiu o pilar remanescente da plataforma sobre a qual foi montado o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Antonio Palocci Filho, o emblema da conversão tardia mas incondicional do petismo à ortodoxia de mercado, não resistiu aos indícios de conduta indevida e deixou o Ministério da Fazenda. Mas a saída de um ministro cuja carga se tornou insustentável não livra o governo da crise.
O escândalo do uso criminoso de braços do Estado para intimidar Francenildo Costa -o caseiro que refutou Palocci- ganhou ontem seu capítulo mais estarrecedor. O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, disse à Polícia Federal que solicitou os extratos com dados bancários de Francenildo e, de posse dos papéis, os entregou a Palocci: o ministro da Fazenda e o dirigente da Caixa, envolvidos pessoalmente na violação do sigilo de um cidadão!
Quer dizer que não passava de empulhação toda a pantomima armada para "apurar" o crime -com menções a laptops perdidos e recuperados e prazos de inquérito de 15 dias. Foi, no máximo, uma tentativa, afinal frustrada, de ganhar tempo e encontrar no baixo funcionalismo um voluntário ao sacrifício.
O governo Lula e o petismo governista perderam definitivamente a noção de limites institucionais. Que outra concepção de Estado senão a totalitária, em que se esfacelam as fronteiras entre coisa pública e partido, pode gestar tamanha afronta a uma Constituição democrática?
Em momentos como esse, em que um Poder exorbita de suas prerrogativas, as demais esferas da República precisam agir no interesse do reequilíbrio institucional. O Congresso, o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público e a burocracia do Executivo devem reagir e colocar um freio à sanha autoritária que atropela as garantias básicas dos cidadãos em nome da manutenção do poder.
Palocci e Mattoso saem, mas ambos e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem muitas explicações sobre o ocorrido nesses últimos dias de março. Lula sabia do ato criminoso urdido no alto escalão de seu governo? O Brasil exige uma resposta.
Folha

É TUDO VERDADE

É TUDO VERDADE (QUEDA DE PALOCCI CONFIRMA)
Reação popular à violação de sigilo do caseiro Nildo desmascarou mentiras


Não há mais chances para Lula: só faltava uma aceitação tácita de culpa e a demissão do ministro Antonio Palocci – que o Presidente havia prometido solenemente manter no governo – será absorvida pela opinião pública como uma confissão. Nem há mais tempo para uma recomposição da imagem nem do Governo, nem do PT, nem do Presidente.

A recuperação da popularidade de Lula, entre dezembro de 2005 e fevereiro de 2006, atestada pelas pesquisas – porque o povo tem memória curta – dificilmente se repetirá até a eleição. Em seis meses, dificilmente se repetirão as circunstâncias que desviaram a atenção do público no final do ano como as festas de Natal e a concentração da indignação no Congresso, por causa da convocação extraordinária.

Além da corrupção – que segundo o PT são acusações descartáveis – surgiu um tipo de indignação nova na política brasileira: ninguém aceita a quebra do sigilo bancário de caseiro Nildo e a acusação covarde de lavagem de dinheiro contra ele.

Na verdade, consolida-se na opinião pública a certeza de que o objetivo era acusar o caseiro de ter sido subornado para dar seu testemunho sobre a ida (de que ninguém duvida) de Palocci à casa da gangue de Ribeirão Preto.

Demissão é pouco!

DEMISSÃO É POUCO, EXIGE-SE PROCESSO E CONDENAÇÃO
Opinião Pública espera que Oposição avance exigindo punições severas

A Oposição terá que incorporar às suas mensagens na campanha eleitoral o compromisso de que não anistiará os acusados de corrupção, nepotismo, apadrinhamento, ilegalidade, formação de quadrilha e mentiras que estão marcando o Governo Lula. Nem os livrará da cadeia. Este é o primeiro efeito da indignação popular com a quebra do sigilo do caseiro Nildo.

A simples demissão de cargos públicos não deve ser considerada punição bastante para autoridades que cometem crimes e irregularidades.

A insistência com que se falou das penas de até quatro anos de prisão para quebra de sigilo bancário, mostrou que subiu o nível de exigências da sociedade. A desmoralização do chamado “compromisso ético” – que o PT defendia e que por isso o tornava diferente – criou a nova exigência da penalização judicial para gestores públicos corruptos, desonestos e infiéis. O clamor por punição começou a aparecer em todas as manifestações populares e pode ser decisivo na propaganda eleitoral de 2006. Uma vantagem a mais para a oposição e um pesadelo a mais para Lula e o PT, que se tornaram símbolo de todos os vícios da política e da administração pública.

Apurar toda a verdade

A demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci - confirmada enquanto este texto era redigido -, não pode servir de pretexto para o governo considerar encerrada a escabrosa história da tentativa de linchamento moral de Francenildo Costa. Assinale-se, desde logo, que a descida do ministro aos infernos, para usar a mesma metáfora a que recorreu no discurso à Câmara Americana de Comércio, na sexta-feira, em São Paulo, não começou com a inevitável suspeita do envolvimento da Fazenda na sórdida operação montada para desqualificar o testemunho arrasador do ex-caseiro da sede da República de Ribeirão Preto em Brasília.

Começou, a rigor, quando ele não apenas confirmou o depoimento à CPI dos Bingos do motorista que servia à corriola freqüentadora do imóvel, mas o enriqueceu com tal quantidade de detalhes verossímeis que desidratou as juras de Palocci à mesma CPI de que jamais pusera os pés na malfadada mansão do Lago Sul. Diga-se a bem da verdade que nada indica, por ora, que ele a tenha visitado para participar da armação das negociatas a que se dedicava a sua patota, no horário, digamos, comercial. Mas isso não deteve a erosão do patrimônio político do ministro até então blindado pela oposição contra o fogo dito amigo dos seus companheiros.

O que precipitou a ruína política de Palocci foi a vexaminosa tentativa do apparat petista de incriminar Francenildo, violando a sua conta na Caixa Econômica Federal, repassando à imprensa a sua movimentação financeira e, por último, escândalo dos escândalos, mandando a Polícia Federal investigá-lo por lavagem de dinheiro. Admita-se, para argumentar, que Palocci não ordenou, nem autorizou e nem mesmo sabia de nada daquilo, apesar do apontado envolvimento, na divulgação dos extratos, de um de seus assessores mais próximos. De um modo ou de outro, o fato é que ele era, objetivamente, o beneficiário direto da vilania. É isso - a anatomia do crime - que interessa aos brasileiros.

Porque urge expor à luz do sol as entranhas do governo Lula, com a identificação cabal da origem dos delitos praticados, da seqüência de decisões e iniciativas que levaram à sua desastrada consumação - em suma, o organograma e o cronograma da ofensiva massacrante de um humilde assalariado, cuja intimidade foi sacrificada no altar profano das conveniências pessoais de um ministro e dos interesses eleitorais do seu chefe. Os nomes e os dados biográficos dos envolvidos citados na imprensa e na internet no fim da semana praticamente demonstram que o petismo deixou as suas digitais no processo de estilhaçamento dos direitos civis de Francenildo Costa.

Duas funcionárias mencionadas, ambas com poder de decisão em áreas estratégicas da Caixa, eram - ou são - militantes petistas, embora não tão estreladas como o presidente da instituição, Jorge Mattoso, que sintomaticamente se recusou a depor na Polícia Federal, na semana passada, mandando dois advogados em seu lugar - isso depois de anunciar que a apuração do caso poderia levar 15 dias. Foi o primeiro sinal de uma trama destinada a acobertar, contando com o tempo, a disseminação de informações confusas e desencontradas, e a supressão de evidências incriminadoras, não o delito escancarado, mas a malha mafiosa que o tornou possível. Estas não são acusações precipitadas nem politicamente motivadas.

No final da semana, o responsável pelo inquérito aberto na Polícia Federal, delegado Rodrigo Carneiro Gomes, afirmou textualmente o seguinte, em comunicado transmitido pela PF do Distrito Federal: "A polícia não compactua com a tentativa de transferir responsabilidades exclusivamente a pessoas de menor importância na cadeia de comando e que, portanto, não possuem poder decisório." Não é preciso ser nem bom entendedor para avaliar o alcance e a direção dessas palavras. Além da busca de bodes expiatórios, o esquema de dissimulação da verdade posto em movimento na Caixa incluiu aparentemente o estranho episódio de um computador portátil que viajou de Brasília para São Paulo com um dos dois funcionários que o utilizam. (O outro estaria em férias.) O laptop teria sido usado para quebrar o sigilo bancário de Francenildo.

Além do desvendamento da violação, é preciso que os seus autores paguem por seus atos. Apenas a demissão de Jorge Mattoso, o presidente da Caixa, não será suficiente nem para uma coisa nem para a outra.
Estadão

Personalizando o crime!

Temor de crime de Estado motivou queda
Com saída de Palocci, governo "personaliza" crime de violação de sigilo e procura poupar Lula de discursos por impeachment

Com a saída de Antonio Palocci do comando da área econômica, o governo tenta evitar que a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa seja caracterizada como crime de Estado.
No final de semana, assessores próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertaram para o risco de o agravamento dessa crise evoluir de tal forma que acabaria comprometendo o presidente e deixaria portas abertas para a retomada dos discursos de impeachment pela oposição.
A avaliação era de que seria necessário "personalizar" o crime, responsabilizando pessoas e não "instituições". Lula resistia a entregar Palocci por considerar que o ministro prestou um grande serviço a seu governo e porque poderia parecer que ele se rendeu à oposição que, na semana passada, pediu a saída do ministro.
O presidente queria evitar que se repetisse o acontecido na demissão de José Dirceu da Casa Civil, ocorrida após o deputado cassado Roberto Jefferson ter afirmado que ele deveria deixar o cargo. Havia ainda a preocupação de que sem o foro especial que o cargo de ministro lhe oferece, Palocci ficaria exposto a pedido de prisão.
O esforço de alguns assessores no Planalto nos últimos dias foi convencer Lula que não adiantaria responsabilizar apenas funcionários de nível técnico e, portanto, era preciso "entregar nomes graduados". Uma possibilidade seria o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, assumir a culpa juntamente com o assessor especial de Palocci, Marcelo Netto. Isso daria uma sobrevida ao ministro.
No Palácio do Planalto já se sabia que Mattoso não aceitaria esse sacrifício e havia o temor que ele "colocasse a boca no trombone", envolvendo o ministro diretamente. Segundo interlocutores do presidente, o crime de quebra de sigilo bancário deixaria Mattoso "queimado" profissionalmente e ele não admitiria pressões para ser o único culpado.
Ainda assim, o governo preferiu esperar e evolução do caso com o depoimento dos funcionários da Caixa que estão envolvidos na quebra do sigilo. Para o Palácio do Planalto, o envolvimento direto de Mattoso era apenas uma questão de horas porque os funcionários iriam informar o nome de quem pediu os dados bancários do caseiro. Restava apenas saber como o presidente da Caixa reagiria se citado nos depoimentos. Mesmo que ele não fosse ligado diretamente, algum tipo de envolvimento acreditava-se que ele teve.
O prazo de 15 dias pedido pela Caixa para apurar a responsabilidade no episódio foi classificado por integrantes do governo como um tempo para tentar "arrumar um bode expiatório". Ao invés disso, "as coisas foram se complicando dia após dia" e tentava-se costurar no governo uma forma dele sair. O sumiço do computador foi a "gota d"água" para assessores de Lula.
Ontem, após depor na PF, o presidente da Caixa redigiu uma nota oficial colocando seu cargo à disposição do presidente.
Com o afastamento das pessoas envolvidas nesse episódio, o governo acredita que terá tempo para recuperar a imagem do presidente e minimizar o impacto dos discursos da oposição.
A saída de Palocci deixa Lula sem os chamados "integrantes do núcleo duro", pessoas de extrema confiança do presidente e mais próximas a ele. José Dirceu deixou o governo envolvido em denúncias do mensalão e Luiz Gushiken perdeu o status de ministro.
Folha

27.3.06

Editorial do Correio da Manhã

Editorial do Correio da Manhã, 1 de abril de 1964

"A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart à frente do Govêrno. Chegou ao limite a capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulart senão a de entregar o Govêrno ao seu legítimo sucessor. Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: saia.

Durante dois anos o Brasil agüentou um Govêrno que paralisou o seu desenvolvimento econômico, primando pela completa omissão, o que determinou a completa desordem e a completa anarquia no campo administrativo e financeiro.

Quando o Sr. João Goulart saiu de seu neutro período de omissão foi para comandar a guerra psicológica e criar o clima de intranqüilidade e insegurança que teve o seu auge na total indisciplina que se verificou nas Forças Armadas.

Isso significou e significa um crime de alta traição contra o regime, contra a República, que êle jurou defender.

O Sr. João Goulart iniciou a sedição no país. Não é possível continuar no poder. Jogou os civis contra os militares e os militares contra os próprios militares. É o maior responsável pela guerra fratricida que se esboça no território nacional.

Por ambição pessoal, pois sabemos que o Sr. João Goulart é incapaz de assimilar qualquer ideologia, êle quer permanecer no Govêrno a qualquer preço.

Todos nós sabemos o que representa de funesto uma ditadura no Brasil, seja ela de direita ou de esquerda, porque o povo, depois de uma larga experiência, reage e reagirá com tôdas as suas fôrças no sentido de preservar a Constituição e as liberdades democráticas.

O Sr. João Goulart não pode permanecer na Presidência da República, não só porque se mostrou incapaz de exercê-la como também porque conspirou contra ela como se verificou pelos seus últimos pronunciamentos e seus últimos atos.

Foi o Sr. João Goulart quem iniciou de caso pensado uma crise política, social e militar, depois de ter provocado a crise financeira com a inflação desordenada e o aumento do custo de vida em proporções gigantescas.

Qualquer ditadura, no Brasil, representa o esmagamento de tôdas as liberdades como aconteceu no passado e como tem acontecido em todos os países que tiveram a desgraça de vê-la vitoriosa.

O Brasil não é mais uma nação de escravos. Contra a desordem, contra a masorca, contra a perspectica de ditadura, criada pelo próprio Govêrno atual, opomos a bandeira da legalidade.

Queremos que o Sr. João Goulart devolva ao Congresso, devolva ao povo o mandato que êle não soube honrar.

Nós do Correio da Manhã defendemos intransigentemente em agôsto e setembro de 1961 a posse do Sr. João Goulart, a fim de manter a legalidade constitucional. Hoje, como ontem, queremos preservar a Constituição. O Sr. João Goulart deve entregar o Govêrno ao seu sucessor, porque não pode mais governar o país.

A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nós continuaremos a defendê-las."

Greenhalgh na CDH

Greenhalgh vai presidir Comissão de Direitos Humanos
Advogado de causas humanitárias e com biografia ligada à defesa de perseguidos durante a ditadura militar brasileira, quatro vezes deputado federal, Luiz Eduardo Greenhalgh foi indicado por integrantes da bancada federal do PT para assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Sucederá sua companheira de partido, Iriny Lopes.

Cauteloso depois da desagregação petista na disputa com Severino Cavalcanti pela direção da Câmara dos Deputados, o parlamentar só quer falar sobre seus planos de ação após a eleição para o comando da Comissão, marcada para a próxima quarta-feira, às 14h.

Greenhalgh defendeu lideranças sindicais e políticas perseguidas pelo regime militar como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Advogou em pedidos de indenização para perseguidos políticos junto à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Participou ainda da criação do Comitê Brasileiro pela Anistia.

A partir de quarta-feira, alguns desafios lhe saltarão aos olhos. A Comissão de Direitos Humanos precisa se posicionar de forma mais contundente diante de alguns temas. Os crimes raciais e contra crianças e adolescentes praticados na internet são hoje um grande problema, da mesma forma que exige providências o crescente envolvimento de menores com o tráfico.

Cabe também à Comissão cobrar uma inversão de mão do governo federal. Hoje, os investimentos da União em segurança pública situam-se ao redor de R$ 300 milhões/ano, em confronto com os gastos de R$ 400 milhões (a cada doze meses) em segurança privada, nos diversos órgãos e fundações estatais.
Consultor Jurídico

Não quero ser humilhado!!!

Em encontro com Lula, ministro se defendeu e afirmou que não quer ser humilhado
Palocci diz não descartar que assessor tenha vazado dados


O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, negou ontem, em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua participação na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, mas admitiu a possibilidade de sua assessoria ter participado do vazamento do segredo à imprensa. Lula marcou reunião hoje à tarde para tomar uma decisão sobre a situação de Palocci.
O ministro deve sair em breve. A única chance de Palocci continuar no cargo seria ficar provado rapidamente que não houve participação sua na quebra e no vazamento do sigilo de Francenildo.
A Folha apurou que a Polícia Federal colheu indícios de que um integrante da assessoria especial da Fazenda participou pelo menos do vazamento. Um auxiliar presidencial afirmou não saber se a suposta participação da assessoria no vazamento seria suficiente para Lula tirar Palocci hoje ou se seria usada como forma de tentar isentar o ministro.
O assessor da Fazenda sob suspeita é Marcelo Netto. Um dos mais influentes auxiliares do ministro, Netto cuida da área de comunicação. Em conversas reservadas, ele nega participação no episódio do caseiro.
O presidente receberá hoje mais informes da Caixa Econômica, onde o sigilo foi quebrado, e da Polícia Federal, que investiga a violação. Membros da cúpula do governo acham "improvável" a permanência de Palocci. Em reunião com Lula na quinta-feira, o próprio ministro admitiu que perdeu "as condições políticas".
Ontem, porém, disse a Lula que setores da imprensa fazem campanha contra o governo em aliança com a oposição e que não dariam trégua ao presidente mesmo com sua saída da Fazenda. Esse argumento foi visto por colegas de ministério como forma de tentar ficar no cargo.
Segundo a Folha apurou, a presidente cobrou ontem de Palocci explicações de modo mais contundente do que na semana passada. O ministro pediu para não ser humilhado. Parte da cúpula do governo entendeu o pedido como forma de ganhar tempo para "saída honrosa". Outra parte, porém, viu tentativa de continuar.

Sondagem a Mattoso
O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, recusou sondagem de emissário de Palocci no início da semana passada para assumir a culpa sozinho e livrar a Fazenda. Mattoso depõe hoje à PF e deve deixar o cargo.
O caseiro diz que Palocci freqüentou a casa que ex-auxiliares dele alugaram em Brasília para fazer lobby e dar festas com garotas de programa. Palocci disse à CPI dos Bingos que nunca foi à casa. Em reuniões do governo, admitiu ter ido à casa para atividade de caráter privado, mas nunca para participar de suposta corrupção.
Em reunião na semana passada, Lula disse que, se o problema fosse a suposta ida ou não de Palocci à casa, manteria o ministro no posto a qualquer custo. O presidente afirmou que a vida pessoal de seus auxiliares é assunto deles e de suas famílias.
Palocci corre contra o tempo se quiser manter o direito de concorrer a deputado federal. O ministro deve deixar o posto até o dia 1º de abril, como exige a lei. Fora do ministério, Palocci perderia o foro privilegiado (responder a eventuais processos judiciais no Supremo Tribunal Federal). Caso se eleja em outubro, recuperaria esse direito em 2007.
O ministro teme que um juiz de primeira instância acate eventual pedido de prisão feito por promotores e policiais paulistas que investigam supostas irregularidades do tempo em que ele foi prefeito de Ribeirão Preto.
Lula está muito abatido, segundo auxiliares. O presidente se julga devedor de Palocci, que conduziu a política econômica sob forte pressão, inclusive do PT. No entanto, diz que não pode passar à história como conivente com violação de sigilo bancário. Lula teme que o episódio tenha reduzido sua vantagem nas pesquisas em relação ao seu principal oponente na corrida presidencial, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

Cotados
Desde quinta-feira, o presidente analisa nomes para a Fazenda. Ontem, o mais cotado era o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega, tem menos força. Outros nomes em análise são os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e o secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal. Lula não descarta nomear um banqueiro ou empresário, mas seria surpresa.
Folha

Crime contra a CEF!!!

VIOLAÇÃO DE SIGILO É CRIME CONTRA CAIXA
Governo Lula atinge instituição de 145 anos


A violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa é o maior escândalo da história de 145 anos da Caixa Econômica, uma instituição criada pelo Imperador Dom Pedro II e cuja principal marca é a discrição e fidelidade aos clientes mais humildes.

O mercado financeiro considera que o Governo Lula – que sempre desprezou a Caixa, a ponto de criar um Banco Popular (subsidiário do Banco do Brasil) preterindo sua tradição de operadora da pequena poupança – desprezou a cultura e práticas da instituição entregando-a a uma gestão incompetente e partidária que ultrapassou todos os limites.

Os procedimentos da violação do sigilo das contas do caseiro Francenildo Costa – com o único objetivo de desmoralizá-lo – indicam que os funcionários subalternos que cometeram o crime cumpriram ordens diretas e expressas da diretoria.

Embora sejam legalmente responsáveis enfrentaram “pressão irresistível” de diretores petistas que o presidente da Caixa, Jorge Mattoso (premiado com o cargo por favorecer à fracassada campanha de Marta Suplicy à reeleição em São Paulo) prometeu livrar de qualquer punição. Mattoso alega que quer proteger bancários, mas a impunidade visa salvar diretores e assessores petistas.

O maior prêmio de DUDA!

CONTAGEM REGRESSIVA PARA MAIOR NEGÓCIO DE DUDA
Marqueteiro (que começou com Valerioduto, em 2003) terá saideira premiada


A verba de R$ 36 milhões que a Petrobrás gastará na campanha comemorativa da auto-suficiência nacional da produção de petróleo – e da qual boa parte engordará a conta de Duda Mendonça – será mais um prêmio que o marqueteiro receberá pela eleição de Lula em 2002. Há uma semana, com a publicação de um anúncio em todos os jornais que explica o motivo da derrama publicitária, começou a contagem regressiva para o início da campanha da Petrobrás e que Duda planejou como abertura da campanha da reeleição de Lula.

Duda planejou a campanha e a executaria solitariamente (ficando com toda verba publicitária), mas os escândalos do Caixa 2 do PT o obrigaram à formação de um pool de agências, a diluição das responsabilidades e das verbas. Mesmo assim, como caberá a Duda Mendonça a criação e orientação geral da campanha, o marqueteiro ficará com a parte do leão.

Como tudo está dando errado no final do Governo Lula – com o desabamento do Ministro Palocci que era o esteio da administração petista – a campanha monstro da Petrobrás dificilmente cumprirá seu objetivo ilegal de promover Lula pessoalmente. Principalmente, porque a Oposição estará atenta para flagrar e desmoralizar todos os abusos.

Plano "ZERAR TUDO"

LULA USARÁ DESINCOMPATIBILIZAÇÃO PARA MUDAR
Presidente aprova plano “Zerar Tudo” mas depende de trégua da oposição


A proposta de uma “faxina geral” – defenestrando os corruptos petistas já identificados – foi aceita por Lula e visa aproveitar o prazo fatal para desincompatibilização dos candidatos a cargos eletivos em outubro para fingir que o Governo se renovou, mudou e não tem nada com a onda de corrupção e escândalos dos ministros e funcionários demitidos.

A operação “Zerar Tudo”, porém, depende da oposição aceitar o jogo e ficar calada diante da impostura, que não passa da popular “mão de cal”, usada para melhorar a aparência dos cemitérios às vésperas do Dia de Finados.

Atribuída ao novo marqueteiro de Lula, a operação “Zerar Tudo” resolveria o problema da substituição do ministro Palocci, que sai em função das perseguições ao caseiro Francenildo, que o acusou de mentir na CPI dos Bingos e teve sua conta violada.

O plano, cuja execução começou no fim de semana, com o levantamento os nomes que são considerados irrecuperáveis (os chamados “cadáveres insepultos”), pretende transformar as mudanças numa festa tipo “recomeçar de novo”, com todas as luzes e instrumentos de promoção do governo voltados para os que entram, enquanto os que saem serão esquecidos.

26.3.06

Cansei de novela

Lima Duarte, 76 anos de idade, 55 de TV, logo brincou com a assessora da Globo que chegou para acompanhar a entrevista: "Você veio saber o que vou dizer, né?".
Pois ele não se intimidou. Falou mal da emissora, do merchandising que faz em "Belíssima", do sotaque grego de Tony Ramos, de Fernanda Lima. Disse que o "Fantástico" transforma tudo em "merda" e que há 40 anos se faz a mesma novela. Sobrou para Lula, "imbecil, idiota", e para a neta Paloma Duarte, por ter ido à TV rebater o "medo" que Regina Duarte disse ter da vitória do PT.Lima confessou estar cansado da TV e espera que Murat, que interpreta na novela das oito, seja o último personagem televisivo. Em cartaz no cinema com "Depois Daquele Baile" e na expectativa da estréia de "Boleiros 2", em 7 de abril, no qual volta ao papel do técnico, ele só quer saber de filmes. Especialmente após ter sido dirigido pelo consagrado cineasta português Manoel de Oliveira, 97.
Na entrevista a seguir, o ator relembra o convite para ser candidato à vice-presidência na chapa de Mario Covas em 1989, conta ter "sublimado" o sexo e muito mais.

"FANTÁSTICO"
Desculpem falar muito, mas depois vocês editam. Não como o "Fantástico", hein! Dou entrevista a eles, e nos tornam imbecis. É como Silvio Santos, o grande químico do Brasil: transformava o domingo em merda. O "Fantástico" transforma qualquer opinião em merda, a edição é calamitosa. A da Globo de modo geral.

COVAS E SASSÁ
Não me arrependo [de ter recusado convite para ser candidato a vice-presidente na chapa de Mario Covas, em 1989]. Na ocasião, Sassá Mutema ["O Salvador da Pátria"] era um grande personagem, um homem que ia do nada ao entendimento. Ele não sabia nada e aprendia a ler, a escrever, a amar, a se entender, aprendia mais e mais até ficar um imbecil. A Globo achou que era o Lula. Sassá era muito maior que o Lula. O PSDB me convidou a uma reunião com José Serra, José Richa, Fernando Henrique e Covas. Nunca havia me passado isso pela cabeça, estava envolvido com a Maitê [Proença, que fazia a professora por quem Sassá se apaixonava]. O plano era contratar a Maitê, Chitãozinho e Xororó para comícios e lançar a candidatura no "Fantástico". Acho que ganharíamos. Fui consultar minha filha, que disse: "Sai dessa. Vão te destruir".

ÓDIO A LULA
Odeio Lula porque faz uma glamourização da ignorância, contra o que tenho lutado a vida toda. Também sou "analfa", fui criado como ele na roça, mas, puxa vida, descobri o encanto por trás da palavra escrita, a magia. Num país carente de conhecimento, ele não pode ter esse procedimento. É um imbecil, um idiota, um ignorante. Quando ia ao cinema, ia com o cachorrinho no colo. Para quê?

PALOMA DUARTE
Sabe-se agora que quem tinha razão era a Regina Duarte [quando foi à TV em 2002 dizer que tinha "medo" de Lula]. A Paloma falou besteira, né? [Paloma Duarte, neta de Lima, criticou na TV o "medo" da colega] Discordei dela por brigar com a colega por causa desses merdas aí. Falei: "O que é isso, Paloma? Pára com isso. Como é que você vai à TV falar da outra? Eles vão ganhar, vão ser isso e aquilo, e você vai ficar mal com ela, que é atriz como você". Paloma é boa atriz, mas é muito arrebatada. Coitada, ela acreditava mesmo.
Ilustrada - Folha